“Eu ficava mais de uma semana doente, era a coisa mais difícil melhorar. Então eu ficava: ‘Tenho que mudar esse estilo de vida para ser mais feliz’. Foi onde eu mudei a minha alimentação e me tornei vegetariano. Eliminei o açúcar da minha alimentação e comecei a utilizar somente mel”, disse o produtor rural. José contou que comprava mel, mas ficava insatisfeito com a qualidade. “Eu sempre adquiria mel nas feiras, e era sempre falso. Eu sempre era enganado. Pensei então que eu tinha que encontrar um mel verdadeiro, e resolvi eu mesmo criar minha própria abelha”, comentou. Desde a decisão, já são mais de 40 anos de experiência na produção de mel. Só em 2024, o agricultor produziu mais de uma tonelada, um aumento de 18% em relação a 2023. Segundo o produtor, o aumento só foi possível graças ao incentivo da Federação Capixaba das Associações de Apicultores, por meio da Associação de Apicultores de Viana. “Já tenho mais de 10 anos, e lá nós recebemos incentivos da prefeitura, que inclusive deu várias caixas. Recebemos de presente 20 colmeias completas e hoje elas estão aqui dando produção. Todos que tem um sitiozinho deveriam ter uma caixinha dessas para tirar para o seu próprio sustento “, disse. Anos de prática Apicultor José Alonso Rodriguez passou a ter produção de abelhas em Cariacica, Espírito Santo, após mudar hábitos alimentares — Foto: Reprodução/TV Gazeta A propriedade de José fica a cerca de 12 quilômetros de Cariacica Sede, na região de Alto Roda d’Água. São 15 colmeias próprias e mais 200 em parceria com famílias que trabalham com agricultura na cidade e em outros municípios do estado. As abelhas encontradas na produção são da espécie apis melífera, mais conhecida como africanizada, que é o resultado do cruzamento das raças europeias e africana. É uma espécie altamente produtiva e resistente às doenças. “O fumigador é utilizado para deixar elas mais calmas. Eles se enchem de mel, para poder caso pegar fogo na floresta, elas terem reserva. Então o que elas fazem, se enchem de mel e a fumaça faz com que elas percam o ânimo de dobrar o abdômen e poder ferroar. E aí é onde o apicultor trabalha com elas”, explicou. Na comunidade das abelhas, apenas a rainha põe os ovos que vão se transformar em mais abelhas operárias que produzem o mel. “Através do mesmo ovo que nasce uma operária, ela alarga os alvéolos e ali eles fazem uma realeira e dali sai uma nova rainha. E se não tiver uma rainha, tem que pegar de outra caixa e colocar, se não a casa morre todinha”, destacou. Mel produzido por apicultor de Cariacica, Espírito Santo, é levado para a Ceasa — Foto: Reprodução/TV Gazeta O apicultor pontuou que as caixas onde estão as colmeias acabam sendo lacradas com o próprio própolis fabricado por elas. “As abelhas vivem de 40 a 50 dias. Em uma caixa temos operários e abelhas novas que vão nascer. As partes amarelas no meio dos filhotes é pólen que tem ali dentro, isso é chamado de pão das abelhas. Elas misturam pólen e mel e fazem o pão das abelhas”, narrou. Pontos amarelos em colmeias são mistura de pólen e mel em apiário de Cariacica, Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta Apicultura capixaba Cada colmeia chega a produzir 25 quilos de mel por ano. O Espírito Santo tem cerca de 250 apicultores organizados em associações segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). A apicultura é uma atividade classificada de baixo investimento, porque não precisa de muito espaço e ainda contribui para o equilíbrio do ecossistema. “Para você ter uma ideia, um pé de maçã que não é polinizado, dá 100 maçãs. Quando você poliniza ele com as abelhas, ele dá de 900 a mil maçãs, aumenta muito. A polinização é essencial para a humanidade e agricultura em geral”, afirmou. Apicultor possui selo de inspeção municipal de Cariacica, Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta Para se beneficiar com o cultivo das abelhas e vender o produto, é preciso se profissionalizar, como o agricultor fez. O subsecretário de Agricultura e Pesca de Cariacica explicou que Alonso se aperfeiçoou na prática e virou referência no município, onde seus produtos possuem um selo. “O Alonso tem um Selo de Inspeção Municipal (SIM) e também tem o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar de Pequeno Porte (Susaf), que é um selo que ele pode vender todos os produtos dele no comércio tanto no municipal e no estadual”, disse. “A gente marca para fazer uma vistoria prévia e a gente avalia nesse local toda a estrutura. Desde os equipamentos, vestimenta dos manipuladores, até o rótulo. E aí a gente faz a vistoria periódica e também tem a coleta para as análises fisioquímicas e microbiológicas que são enviadas para laboratórios credenciados”, acrescentou a coordenadora do Serviço de Inspeção Municipal, Ingrid Pulcheri. A matéria prima retirada pelo agricultor do apiário é levada para a agroindústria que fica no bairro Novo Brasil. Dessa forma, o produto chega em feiras e supermercados em todo o estado. “Tudo que você se dedica, você tem o sucesso na frente. Começa com uma caixinha, depois vai duas, três, os amigos quere, você vai aumentando e hoje eu atendo o município todo e até o estado”, finalizou o apicultor. Apicultor de Cariacica, Espírito Santo possui mais de 200 caixas com colmeias — Foto: Reprodução/TV Gazeta VÍDEOS: tudo sobre o Espírito Santo
Agricultor investe em mel para cuidar da saúde e produção se torna negócio lucrativo de mais de 40 anos no ES
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