Alvo de Trump, Faixa de Gaza pode ter reservas de gás e petróleo não exploradas, diz estudo

Alvo de Trump, Faixa de Gaza pode ter reservas de gás e petróleo não exploradas, diz estudo

Um levantamento de 2019 da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês) afirma que o território palestino ocupado (que corresponde à parte da Cisjordânia e à costa mediterrânea da Faixa de Gaza) está acima de reservatórios com quantidades significativas de combustíveis. Os cálculos da UNCTAD são de que as reservas de petróleo gerariam cerca de US$ 71 bilhões à região, se fossem exploradas. O montante proveniente das reservas de gás natural é ainda maior: US$ 453 bilhões, totalizando US$ 524 bilhões não aproveitados. A pesquisa conclui que, se essas reservas fossem exploradas pela região palestina, os valores seriam capazes de “promover a paz e a cooperação entre antigos beligerantes”. Especialistas ouvidos pelo g1, porém, acreditam que a relevância das reservas de petróleo em Gaza para o mundo ainda não é tão expressiva e as motivações de Trump são mais geopolíticas que financeiras. Helder Queiroz, professor da UFRJ, considera que as reservas de petróleo em Gaza são “irrelevantes” e que o interesse de Trump na região é o “objetivo de expansão dos espaços de poder dos EUA”. Segundo o estudo da UNCTAD, o estoque de petróleo na região palestina é estimado em 1,7 bilhões de barris. Elas não são tão expressivas quando comparadas, por exemplo, com a Venezuela, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo e tem estimativas que passam dos 300 bilhões de barris. Já as reservas de gás natural são mais expressivas, de acordo com João Victor Marques, pesquisador da FGV Energia. A UNCTAD estima que esses reservatórios contenham 3,46 trilhões de m³. A Rússia, que possui as maiores reservas de gás natural do mundo, tem 47,2 trilhões de m³, de acordo com um relatório da Agência Nacional de Petróleo (ANP). O Oriente Médio responde por 39,8% do total de reservas de gás conhecidas, por isso há a expectativa de que a Faixa de Gaza também possua um volume importante desses recursos. No entanto, Marques destaca que os números são apenas estimativas e ainda não foi possível comprovar o potencial da região. Para o pesquisador, as possíveis reservas energéticas da Faixa de Gaza podem estar no radar de Trump, “mas não parecem ser o objetivo principal quando ele fala sobre assumir a região”. “É muito mais uma das grandes demonstrações de agressividade do Trump, como recentemente ele fez com Panamá, com a Groenlândia e com as taxas de importação, como uma estratégia de negociação, usando o peso econômico e político dos EUA para conseguir vantagens para o país”, conclui o fundador do Instituto Global Attitude Rodrigo Reis.

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