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Brasil condena Israel por invadir base da missão de paz da ONU no Líbano

por Leo Lopes
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O Itamaraty emitiu um comunicado, nesta segunda-feira (14), condenando a invasão israelense a uma base das forças de paz da ONU no Líbano (Unifil) no domingo (13).“Ataques deliberados contra integrantes de missões de manutenção da paz e instalações da ONU são absolutamente inaceitáveis e constituem grave violação do Direito Internacional, do Direito Internacional Humanitário e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, declarou o governo brasileiro.“Como tradicional participante de forças de paz da ONU, incluída a Unifil, cuja força-tarefa marítima foi liderada por militares brasileiros entre 2011 e 2021, o Brasil repudia as violações sistemáticas verificadas nos últimos dias”, acrescentou.O Itamaraty “também deplora” o apelo feito pelo governo israelense para retirada da Unifil da região. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pediu que as forças de paz se retirassem, dizendo que estavam fornecendo “escudos humanos” para o Hezbollah durante o aumento nas hostilidades.“A missão de paz foi estabelecida em 1978 pelo Conselho de Segurança e atua desde então na manutenção da paz e da segurança no sul do Líbano. A missão apoia o governo do Líbano na restauração de sua autoridade na área; facilita o retorno de civis deslocados; presta assistência humanitária; e busca garantir que a área não seja usada por grupos armados”, disse o comunicado.“O governo brasileiro reitera a necessidade urgente de cessação das hostilidades”, concluiu.Invasão de base das forças de pazA Organização das Nações Unidas disse, no domingo (13), que tanques israelenses invadiram os portões de uma base de sua força de paz no sul do Líbano, a mais recente acusação de violações e ataques de Israel denunciada por seus próprios aliados.A força de manutenção da paz da Unifil disse que dois tanques destruíram o portão principal de uma base e entraram à força antes do amanhecer na manhã de domingo. Depois que os tanques saíram, bombas explodiram a 100 metros de distância, liberando fumaça que se espalhou pela base e causou náuseas aos funcionários da ONU. Veículos da força de paz da ONU no Líbano, Unifil, estacionados em Marjayoun, perto da fronteira com Israel no sul do Líbano • 09/08/2024 REUTERS/Karamallah DaherEm sua versão dos eventos, o Exército israelense disse que integrantes do Hezbollah dispararam mísseis antitanque contra tropas israelenses, ferindo 25 militares. O ataque foi muito próximo a um posto da Unifil e um tanque que ajudava a retirar as vítimas sob fogo recuou para o posto da Unifil, disse.“Não é um ataque a uma base. Não é uma tentativa de entrar em uma base. Era um tanque sob fogo pesado, evento com muitas vítimas, recuando para sair do caminho do perigo”, disse o porta-voz internacional dos militares israelenses, Nadav Shoshani.Em um comunicado, os militares disseram que usaram uma cortina de fumaça para dar cobertura à retirada dos soldados feridos, mas que suas ações não representaram perigo para a força de paz da ONU.Pedido de retiradaO primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em uma declaração dirigida ao secretário-geral da ONU, António Guterres: “Chegou a hora de vocês retirarem a Unifil dos redutos do Hezbollah e das zonas de combate.”“As FDI solicitaram isso repetidamente e receberam recusas repetidas, o que teve o efeito de fornecer escudos humanos aos terroristas do Hezbollah.”Guterres prestou homenagem aos soldados da paz da Unifil, que “permanecem em todas as posições”, disse a porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, em um comunicado divulgado mais tarde no domingo, acrescentando que “a bandeira da ONU continua hasteada”.O secretário-geral reiterou o aviso de que as forças de paz não devem ser alvos, disse ele.“Ataques contra soldados da paz violam o direito internacional, incluindo o direito humanitário internacional. Eles podem constituir um crime de guerra”, disse Dujarric.A Unifil disse que ataques anteriores de Israel a uma torre de vigia, câmeras, equipamentos de comunicação e iluminação limitaram suas habilidades de monitoramento. Fontes da ONU dizem que temem que quaisquer violações do direito internacional no conflito sejam impossíveis de monitorar.Reação internacionalA primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, normalmente uma das maiores apoiadoras de Israel entre os líderes da Europa, falou com Netanyahu por telefone no domingo e denunciou os ataques “inaceitáveis” de Israel, disse seu governo.A Itália tem mais de mil soldados na força de 10 mil homens da Unifil, tornando-a uma das maiores contribuintes de pessoal. França e Espanha, que têm cada uma quase 700 soldados na força, também condenaram os ataques de Israel.A presença da Unifil coloca em perigo forças de paz de 50 países diferentes, em uma força inicialmente criada no sul do Líbano em 1978.A área tem sido palco de décadas de conflito, com Israel invadindo em 1982, ocupando o sul do Líbano até 2000 e novamente travando uma grande guerra de cinco semanas contra o Hezbollah em 2006, que terminou com um cessar-fogo monitorado pela Unifil.O ataque de Israel ao Hezbollah nas últimas três semanas desalojou 1,2 milhão de libaneses e infligiu um golpe sem precedentes ao grupo, matando a maior parte de sua liderança sênior.O governo do Líbano diz que mais de 2.100 pessoas foram mortas e 10.000 ficaram feridas em mais de um ano de combates, principalmente nas últimas semanas. O número não distingue entre civis e combatentes, mas inclui dezenas de mulheres e crianças.

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