A fabricação de veículos novos cresceu 9,7% contra o ano anterior, atingindo o maior patamar desde 2019. Foram produzidos 2,574 milhões de veículos zero km nos 12 meses de 2024, contra 2,324 milhões do mesmo período de 2023. “Se não fosse o dólar e a taxa de juros em alta, o Brasil estaria em um patamar de 3 milhões de unidades vendidas”, diz Márcio Lima Leite, presidente da Anfavea. O resultado coloca o Brasil à frente de países como Espanha e Tailândia. Veja abaixo a lista. China: 31,1 milhões de unidades;Estados Unidos: 11,9 milhões de unidades;Japão: 8,2 milhões de unidades;Índia: 5,6 milhões de unidades;México: 4,3 milhões de unidades;Coreia do Sul: 4,2 milhões de unidades;Alemanha: 4,1 milhões de unidades;Brasil: 2,5 milhões de unidades;Espanha: 2,4 milhões de unidades;Tailândia: 1,5 milhão de unidades. A alta em 2024 representa recuperação após queda de 1,9% em 2023. Naquele ano tivemos a primeira retração na fabricação de veículos no Brasil desde 2016. Além disso, a Anfavea apontou alta de 8,3% na quantidade de empregos gerados na indústria automotiva. Em 2024 foram 107 mil vagas preenchidas. Esse é o maior índice de crescimento de empregos dese 2007. “A localização, a produção no Brasil vai refletir na geração de conhecimento e maior número de vaga e empregos. Especialmente das montadoras que, em 2025, vão anunciar novos empregos, novas unidades fabris, além dos novos players que estão chegando e também vão contratar”, aponta Márcio Lima. A Anfavea projeta crescimento de 7,8% na produção de veículos em 2025 e, assim, a fabricação alcançará 2,749 milhões de automóveis saindo de fábricas locais. A entidade acredita que em 2026 o país retomará o patamar de 3 milhões de unidades. Como trocar o filtro de ar? Balança comercial preocupa a Anfavea Junto dos bons números de produção, a Anfavea apontou alta elevada das importações. Em 2024, elas cresceram 32,5% quando comparadas com 2023, alcançando o maior nível em 10 anos. Foram 467 mil veículos importados no Brasil em 2024, contra 352 mil do ano anterior. A entidade diz que deste total, 200 mil correspondem aos modelos eletrificados que chegam da China. “Importação respondeu a uma renúncia fiscal de R$ 6 bilhões em 2024, por conta da alta nas importações. É um valor que deixa de estar aqui, deixando de gerar empregos e anúncio de investimentos”, comenta Márcio Lima Leite. “Não podemos aceitar este volume de importação, principalmente vindo da China, resultando em desiquilíbrio para o déficit fiscal e está prejudicando a retomada da competitividade”, complementa o executivo. Em ritmo contrário ao das importações, as exportações registraram queda de 1,3% no ano — cenário presente mesmo com a desvalorização de nossa moeda, movimento que tende a favorecer as exportações. Em 2024 o Brasil enviou 398,5 mil automóveis para outros países, contra 403,9 mil em exportações registradas durante 2023. A Anfavea aponta Argentina e Uruguai como maiores compradores dos veículos fabricados por aqui, compensando a redução de todos os outros países da América Latina. “Neste ano é preciso reequilibrar os volumes de exportações e importações, de forma a evitar um novo déficit na balança comercial, como ocorreu em 2024. Temos um Imposto de Importação muito baixo para elétricos e híbridos, o menor entre países que fabricam veículos, o que nos torna um alvo preferencial de empresas importadoras, em prejuízo de nosso parque industrial e dos nossos empregos”, comentou o presidente da Anfavea. Brasil ultrapassa os 14 milhões de carros vendidos Em 2024, foram feitas cerca de 14,2 milhões de transações envolvendo a venda de veículos novos e usados. “Quando falamos do setor automotivo, pouco importa se o veículo é novo ou usado. A venda de novos e usados é muito importante, porque é sempre um sistema automotivo que funciona e demonstra claramente o aquecimento e a retomada do mercado”, comenta Márcio Lima Leite, presidente da Anfavea. Para Márcio Leite, este aumento nas vendas está diretamente ligado ao crescimento do crédito no Brasil em 2024. Segundo a Anfavea, a concessão de crédito cresceu 36% para o financiamento de veículos. “Foram colocados no mercado mais de R$ 200 bilhões em financiamento de veículos. Isso faz um ticket médio de cerca de R$ 30 mil por veículo. Mesmo assim, ao contrário do que todos pensam, a inadimplência caiu”, comenta o executivo. Márcio aponta algumas medidas que ajudaram para a alta das vendas e queda na inadimplência, como a retomada do bem pelo marco legal de garantias, mas também comenta que o maior custo de financiamento, por conta da alta na taxa de juros, serão desafios para 2025.