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Café fica 50% mais caro ao consumidor em 12 meses até janeiro; preço deve continuar subindo

por Redação
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Por outro lado, cenoura (+36,14%) e tomate (+20,27%) foram destaques de alta na inflação do mês ao lado do café moído. Até dezembro, um pacote do café tradicional de 1 kg podia ser comprado por R$ 48,90. Café da padaria X café do mercado A alta do preço do café no Brasil tem sido mais forte nos pacotes vendidos nos supermercados do que na bebida servida em bares e restaurantes. O preço do cafezinho servido fora de casa teve uma alta de 2,71% em janeiro, abaixo do aumento do café moído. Nos últimos 12 meses, a inflação do cafezinho foi de 10,49%, também abaixo da alta registrada no pacote do mercado. “O setor tem segurado a inflação de forma geral e no caso do café não é diferente, mas há uma dificuldade crescente em função das altas seguidas no preço do insumo“, afirma José Eduardo Camargo, líder de conteúdo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). “Nos bares e restaurantes, há uma enorme variação nos tipos de café oferecidos, desde o coado até os de cápsula e os cafés especiais, então há muita diferença de preços. Os empresários procuram as melhores oportunidades de compra para segurar o preço e não perder clientes”, explica. O que vai acontecer com o café moído? Segundo Pavel Cardoso, presidente da Abic, o preço deve subir porque a indústria ainda não repassou ao consumidor toda o custo da compra de café, que encareceu 116,7% em 2024, em relação a 2023. A expectativa da associação é de que no segundo semestre o preço possa melhorar. Confira abaixo alguns fatores que prejudicaram a produção e elevaram os preços do café, segundo os entrevistados pelo g1. ☕Calor e seca: no ano passado, o clima gerou um estresse na planta, que, para sobreviver, teve que abortar os frutos, ou seja, impedir o seu desenvolvimento. Mas problemas, como geadas e ondas de calor, vêm acontecendo há 4 anos. No período, a indústria teve um aumento de custos de 224% com matéria-prima e, para os consumidores, o café ficou 110% mais caro.☕Maior custo de logística: as guerras no Oriente Médio encareceram o embarque do café nas vendas internacionais, elevando também o preço dos contêineres, principal meio para a exportação.☕Aumento do consumo: o café é a segunda bebida mais consumida no Brasil e no mundo, atrás apenas da água. Os produtores brasileiros têm aberto espaço em novos mercados internacionais, o que influencia na oferta da bebida internamente. Calor e seca Calor deixa o café ‘estressado’, pode derrubar a produção brasileira e encarecer a bebida O primeiro semestre de 2024 teve períodos longos de altas temperaturas e secas nas regiões produtoras, como Minas Gerais e São Paulo. O clima acabou debilitando o pé de café. Para sobreviver e economizar energia, a planta precisou perder muitas folhas, explica Cesar Castro Alves, gerente da Consultoria Agro no Itaú BBA. Apesar de ter chovido durante a florada, período fundamental para o desenvolvimento do grão, as árvores ainda precisaram abortar os frutos. “Era para estar uma condição muito mais saudável, para que a planta tivesse uma boa produção. Provavelmente, as plantas vão gastar energia, agora, fazendo folha, formando galhos, sendo que era o momento de ela cuidar dos grãos”, diz Renato Garcia Ribeiro, pesquisador especializado em café do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Atualmente, o grão está sendo formado no pé, para a colheita a partir de abril. Segundo Alves, consultor do Itaú, mesmo as áreas irrigadas foram prejudicadas. “Os produtores estão até ‘esqueletando’ as lavouras, fazendo podas drásticas. Ele conclui que não vale a pena colher 10 sacas; não compensa. Então, ele anula essa produção do ano que vem e não tem o gasto com colheita”, diz. A técnica de ‘esqueletar’ permite que a planta se recupere para que tenha uma melhor safra no ano seguinte. A falta de água é considerada o pior dano para a lavoura, segundo Celírio Inácio da Silva, diretor executivo da Abic. “Quando acontece uma geada, ela não deixa tantos estragos para as próximas safras. Já a seca, sim”, afirma. Aumento do consumo Mesmo com o encarecimento, o consumo do café tem aumentado cada vez mais, com novas receitas usando o grão. Entre janeiro e outubro de 2024, o consumo cresceu 1,1% no Brasil, apontam dados da Abic. Contudo o consumo per capita caiu 2,22%. Silva, diretor da associação, explica que o consumidor de café é resiliente e, tradicionalmente, tem um pequeno estoque de pacotes de 1 kg em casa. Assim, quando o preço é alterado, ele consegue segurar a compra para um momento de maior estabilidade. “Então, existe uma menor compra do café, mas não significa que está havendo um menor consumo”, afirma. Já no exterior, o Brasil tem cada vez mais explorado novos clientes. A China, por exemplo, tem elevado as compras em uma taxa anual de cerca de 17%, segundo a instituição. “Uma parte grande do consumo no mundo são em países ricos desenvolvidos, que são muito menos sensíveis a altas de preços”, afirma Alves, consultor do Itaú BBA. “Uma outra parte do crescimento do consumo tem ocorrido na Ásia, que são países que estão conhecendo agora o café. Então, não daria para dizer que o consumo vai cair e isso vai fazer o preço se ajustar”, completa. Substituindo o Vietnã O Vietnã, que é o maior produtor mundial do café robusta, também tem enfrentado prejuízos por causa do clima, afirma o consultor do Itaú BBA. O arábica é a variedade mais produzida no Brasil, bem como a mais consumida. Ela é mais valorizada pelo seu sabor, mas também é mais sensível ao clima. Geralmente, o café moído tradicional encontrado nos supermercados é feito a partir de misturas dos dois tipos de grão: o robusta e o arábica, explica Renato Garcia Ribeiro, do Cepea. Como a produção robusta brasileira é de cerca de apenas 20% de toda a área plantada, a safra costuma suprir apenas o mercado interno. No entanto, os problemas no Vietnã abriram novos mercados para o grão, e o Brasil passou a exportá-lo em maior volume. Maior custo de logística As guerras no Oriente Médio dificultaram a exportação de diversos alimentos pelo globo. Este maior período de trajeto congestionou o aluguel de contêineres, que também tiveram seus preços elevados. Os contêineres são o principal meio para transportar café. No Brasil, há ainda uma deficiência nos portos, que não comportam navios maiores, e isso torna mais lenta a exportação, afirma Silva. Quando o preço pode baixar O café deve continuar caro ao longo do ano. A safra de 2025 deve ser 4,4% menor em relação à safra anterior, sendo estimada em 51,8 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apenas em setembro, quando termina a colheita da safra atual, será possível entender se o preço vai reduzir, aponta o presidente da Abic. Além disso, Cardoso acredita que, com o clima se mantendo estável, há a expectativa de uma safra recorde de café em 2026, o que impactaria os valores nos supermercados positivamente ao consumidor, devido ao aumento da oferta. Outro fator que deverá ajudar colheita no ano que vem é o investimento dos agricultores e da indústria na produção, devido ao alto ganho. Em 2024, o setor faturou R$ 36,82 bilhões, alta de 60,85% quando comparado a 2023, informou a Abic. Algumas empresas também estudam adotar novas embalagens, com uma variação do peso do produto, para oferecer uma variedade de preços, informou Cardoso. Cafezinho em risco: como sombra de árvores pode ser solução para aumento da temperatura

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