Carro apreendido pela polícia
Polícia Civil
Um veículo de luxo foi apreendido durante uma nova fase da operação que apura golpes aplicados contra produtores rurais do Norte de Minas Gerais. Na primeira fase da ação, realizada no início de julho de 2025, 15 vítimas já haviam sido identificadas e o prejuízo chegava a quase R$ 1 milhão.
Segundo a Polícia Civil, nessa terça-feira (29), a caminhonete foi recolhida durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em um imóvel da Vila Brasília, em Montes Claros. Outros bens já haviam sido confiscados, conforme destacou o delegado Thelles Burtorff.
“Essa operação já resultou na retenção de 57 cabeças de gado, maquinário agrícola, documentos contábeis e dois veículos de alto valor”, listou o delegado, acrescentando: “O grupo atuava em municípios como Bocaiúva, Buritizeiro e Diamantina, causando prejuízos que ultrapassam R$ 3 milhões”.
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Conforme a PCMG, o veículo pertence a um dos investigados no esquema. A apreensão representa um “esforço da polícia para desarticular o patrimônio adquirido por meios ilícitos.”
As investigações continuam.
Sobre a primeira fase da operação
Policiais durante a operação
Polícia Civil
No dia 10 de julho deste ano, a Polícia Civil divulgou que golpes aplicados por pai, filho e um amigos deles contra produtores rurais do Norte de MG já haviam feito 15 vítimas e causado um prejuízo de quase R$ 1 milhão.
Os três homens, de 54, 59 e 81 anos, foram alvos de mandados de busca e apreensão, bloqueio de valores e sequestro de bens. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados. O g1 não conseguiu localizar a defesa deles.
Responsável pela apuração, o delegado Theles Bustorff define os golpes como “muito bem orquestrados e que envolvem valores vultosos”.
A investigação
Os levantamentos apontaram que os investigados começaram a agir em meados de 2023, após adquirirem uma fazenda em Bocaiuva e conseguirem a confiança de um produtor de renome na região.
“Inicialmente, eles faziam transações comerciais envolvendo gado de forma lícita, sempre pagando certinho pelo produto adquirido. Quando conseguiram a confiança dessa pessoa de renome de Bocaiuva, começaram a aplicar os golpes utilizando-se do nome dessa pessoa como fiador desses negócios, utilizando cheques sem fundo”, detalhou o delegado.
Conforme a investigação, foram identificados 20 cheques sem fundo, com valores que variavam de R$ 5 mil a R$ 154 mil, totalizando R$ 953 mil. Após comprarem o gado com os cheques sem fundo, pai, de 81 anos, e filho, de 54, enviavam os animais para outros lugares e ocorria a lavagem do dinheiro com a ajuda do amigo deles.
“Eles adquiriam o gado e transferiam para uma fazenda na cidade de São Francisco. De São Francisco, pegavam e encaminhavam para leilões no estado de São Paulo e Uberlândia. O valor adquirido com o gado era lavado por meio de uma empresa desse terceiro envolvido, em Brasília de Minas”, falou Theles Bustorff.
Os golpes começaram a ser investigados quando as pessoas que venderam os animais descobriram que os cheques recebidos no pagamento estavam sem fundo. O produtor que foi usado como fiador – e que também é considerado vítima pela polícia – procurou pela delegacia. Ele chegou a arcar com parte do prejuízo das demais vítimas para manter sua reputação.
Ao perceber que a fraude tinha sido descoberta, os golpistas abandonaram 220 cabeças de gado em uma fazenda pela qual haviam pagado somente o sinal. Sem conseguir receber o pagamento conforme combinado, o dono da propriedade já tinha acionado a justiça contra eles.
O prejuízo causado pelos três homens, de acordo com o delegado Theles Bustorff, não se restringiu aos produtores de Bocaiuva.
“Durante as investigações, a gente verificou que, antes mesmo desses golpes aplicados na nossa região, também foram aplicados outros golpes em Buritizeiro e na região de Diamantina, em um valor de R$ 2 milhões.”
A PC acredita que mais pessoas possam ter sido prejudicadas. Quem tiver sido vítima, deve procurar pela delegacia.
A operação
A operação coordenada pelo delegado de Bocaiuva contou com o apoio da Delegacia de Investigações Especiais de Montes Claros, chefiada pelo delegado Cezar Salgueiro. As equipes cumpriram três mandados de busca e apreensão, dois em Brasília de Minas e um em uma fazenda em São Francisco.
De acordo com Cezar Salgueiro, na propriedade rural foram arrecadadas 57 cabeças de gado e documentos de contabilidade que demonstram a movimentação financeira proveniente da venda dos animais.
Já em Brasília de Minas, em uma casa, foi apreendida uma munição. Por conta disso, o proprietário, investigado de 81 anos, foi levado para a delegacia. Ainda na cidade, os policiais estiveram na empresa do amigo de pai e filho.
“No imóvel comercial, uma empresa ativa e usada de fachada, foram apreendidos documentos que corroboram a investigação no sentido da lavagem de dinheiro dos golpes aplicados em Bocaiuva”, informou Salgueiro.
Ao ser questionado sobre o motivo de não haver mandados de prisão para os três alvos, Cezar Salgueiro explicou que, nesse momento, a Polícia Civil entendeu que as demais medidas cautelares – mandados de busca e apreensão, bloqueio de valores e sequestro de bens – são suficientes.
“Quando a gente enfrenta uma associação criminosa com viés de golpes e lavagem de dinheiro, muitas vezes a própria apreensão e a indisponibilidade de bens faz mais efeito do que a própria prisão”, completou.
Abaixo, veja um vídeo da primeira fase da operação:
Operação da PC desarticula associação criminosa que aplicava golpes em produtores rurais
Vídeos do Norte, Centro e Noroeste de MG
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