Centro de pesquisa vê risco de colapso político na África devido ao ebola

Centro de pesquisa vê risco de colapso político na África devido ao ebola

Crédito, AP24 setembro 2014O surto de ebola tende a evoluir para uma crise política que pode acabar com anos de esforços para estabilizar o oeste da África, alertou nesta quarta-feira um centro de pesquisas europeu.”Os países mais afetados pela epidemia da doença agora enfrentam caos desenfreado e, potencialmente, um colapso”, informou o International Crisis Group (ICG), organização sediada em Bruxelas, por meio de um comunicado.O maior surto de ebola da história já causou até agora 2.811 mortes na Guiné, na Libéria e em Serra Leoa. Leia mais: Entenda o que é o ebola e como a doença mortal se espalhaNesta quarta-feira, uma equipe de agentes humanitários na Guiné foi atacada.A Federação Internacional da Cruz Vermelha afirmou que está coletando corpos supostamente infectados com a doença no oeste da Guiné.Um agente da Cruz Vermelha está se recuperando no hospital após ser ferido no pescoço, informou a organização.Na semana passada, uma equipe com oito trabalhadores humanitários foi morta no sudeste do país por moradores que suspeitam das recentes medidas de combate à doença.Pule Mais lidas e continue lendoMais lidasFim do Mais lidasA polícia prendeu 27 suspeitos pelos assassinatos, afirmou o ministro da Justiça da Guiné, Cheick Sacko, à agência de notícias AFP.Na terça-feira (23), a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que as infecções de ebola podem triplicar para 20 mil em novembro se os esforços para reduzir o surto não aumentarem.No entanto, Francis Dove Edwin, integrante da força-tarefa presidencial de Serra Leoa responsável por coordenar o combate ao ebola, afirmou que houve progressos para frear a epidemia.Em entrevista ao programa da BBC Focus on Africa, Dove afirmou que os pacientes estão agora sendo isolados e mantidos em quarentena.O combate à doença vem se tornando cada vez mais difícil devido às guerras civis na Libéria e em Serra Leoa e aos golpes militares da Guiné.”O colapso social misturado à epidemia criaria um desastre talvez impossível de ser mitigado”, acrescentou a nota do ICG.A comunidade internacional precisa fornecer mais pessoal e recursos “não apenas para uma resposta médica imediata, mas também para os problemas de longo prazo de fortalecimento da governança e reconstrução dos sistemas de saúde”, afirmou o comunicado.Segundo o ICG, a crise do ebola revelou a falta de confiança dos cidadãos nos governos em “sociedades já frágeis”.Nos três países mais atingidos, “os conflitos civis alimentados por antagonismos locais e regionais podem ressurgir”, acrescentou.CríticasEdwin, no entanto, criticou a avaliação do ICG, alegando que o ebola não causaria instabilidade política em Serra Leoa.Um encontro foi realizado nesta quarta-feira à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York para avaliar os próximos passos do combate à epidemia.O ICG recomendou ainda que os governos da África Ocidental estabeleçam como prioridade a reabertura das fronteiras com segurança reforçada como forma de evitar o aumento do preço dos alimentos e possível escassez.”Apesar da retórica que aponta o contrário, governos da África Ocidental vêm tentando gerir essas crises unilateralmente, ignorando – como demonstrado mais uma vez com a rápida propagação do ebola – que suas populações são profundamente ligadas e interdependentes”, afirmou ICG.Enquanto países como os Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Cuba vêm construindo unidades de saúde para combater o ebola e enviando mais pessoal à África Ocidental, a organização recomendou maior atenção a Guiné-Bissau e a Gâmbia, países próximos ao epicentro já que ambos têm sistemas de saúde inadequados.Estimativas recentes apontam que 70% dos infectados com ebola na África Ocidental morreram, uma taxa superior à divulgada anteriormente.Fonte: OMS Leia também: Cinco medidas que podem controlar a epidemia de ebola

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