Quando a chuva para, o produtor rural Ubirajara Lopes da Silva coloca as máquinas no campo. Para não perder tempo, atrás da colheitadeira, segue o trator puxando uma plantadeira. “Esse dia ensolarado está me ajudando, por causa da colheita. Sol e chuva é a combinação perfeita. A gente vem plantando milho já a todo vapor”, diz. A chuva demorou a chegar e afetou o plantio e o desenvolvimento da soja em várias regiões. Em fevereiro de 2024, o Brasil já havia colhido 14% das lavouras. Agora, o total não chega a 10%. O atraso pode afetar também a próxima safra: a de milho. “70% do nosso milho é produzido em segunda safra, na sucessão da cultura da soja. Realmente, o tempo é crucial nesse momento. O produtor precisa colher rápido, implementar essas lavouras de milho para que ela tenha a melhor janela de chuvas ali possível. Mas como não plantamos nessa zona de tempo de alta produtividade, muito provavelmente a safrinha brasileira de milho vai ser um pouco menor em termos de produtividade. E, possivelmente, se esses atrasos continuarem, teremos uma área menor”, afirma Cristiano Palavro, sócio diretor Pátria Agronegócios. Chuva em excesso prejudica colheita da soja no Centro-Oeste — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução Nas fazendas, a colheita de soja começa, geralmente, por volta das 9h, quando o sol está bem forte, e vai até umas 21h. Mas, nas últimas semanas, a jornada de trabalho está mais reduzida porque com as chuvas, as máquinas que são muito pesadas não conseguem rodar. É por isso que elas passam parte do dia paradas. Além do risco de os equipamentos ficarem atolados, a chuva altera a condição das plantas. “Ela faz um bolo mais grosso, mais úmido e não bate porque toda essa boca da plataforma é para bater a soja, e como entra e ela está muito embuchada, muito verde ou molhada, ela não consegue bater e trava lá dentro. Você tem que parar a máquina e tirar tudo para fora. Tem vez que tem que desmontar a boca para tirar a soja que embuchou”, explica o produtor rural Alberto de Castro. Chuva em excesso prejudica colheita da soja no Centro-Oeste — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução Em Mato Grosso, principal produtor do país, os dias nublados têm dificultado a colheita. O trabalho está bem atrasado. Já no noroeste do Rio Grande do Sul, os produtores estão apavorados com a seca extrema. “Ela teria que estar nesse padrão aqui essa soja. Mas esse negócio dessa falta de chuva não teve desenvolvimento”, diz um produtor rural. A Conab estimava uma super safra de 174 milhões de toneladas de soja. Os analistas também esperam um recorde, mas com números um pouco menores. “Realmente, uma safra recorde e muito superior à última safra, por exemplo. Agora, a gente ainda tem potencial para uma safra recorde, mas os números já se aproximam entre mais de 165, 167 milhões de toneladas”, diz Cristiano Palavro, Cristiano Palavro, sócio diretor Pátria Agronegócios.
Chuva em excesso prejudica colheita da soja no Centro-Oeste
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