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Consumo de alimentos ultraprocessados custa R$ 10,4 bilhões por ano à saúde e à economia no Brasil

por Redação
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O montante engloba custos diretos do tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente nos casos de hipertensão, obesidade e diabetes tipo 2. Além de valores previdenciários e as perdas econômicas devido às mortes atribuídas ao consumo de ultraprocessados. O valor total está dividido da seguinte maneira: 🍟 R$ 9,2 bilhões por ano são por mortes prematuras (custos que representam as perdas econômicas pela saída de pessoas em idade produtiva do mercado de trabalho); 🍪 R$ 933,5 milhões por ano são os custos com o tratamento no SUS (hospitalares, ambulatoriais e com o programa Farmácia Popular), com diabetes, hipertensão e obesidade; 🍔 R$ 263,2 milhões por ano são custos previdenciários (aposentadoria precoce e licenças médicas) e custos por absenteísmo (internações e licenças médicas). Em nota ao g1, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) disse repudiar o “relatório da ACT e as acusações contra a Indústria de Alimentos”. “Trata-se de um relatório superficial, que se baseia em dados de risco relativo extraídos de estudos já classificados como de baixa qualidade, os quais não foram realizados no Brasil e não incluem informações específicas sobre o país”, afirma a ABIA (veja íntegra abaixo). 🩺 Peso dos ultraprocessados A pesquisa apontou que dos R$ 9,2 bilhões gastos que são relacionados à mortalidade prematura – também chamado de custo indireto estão divididos em: ♂️ 71,73% (ou R$ 6,6 bilhões) referem-se aos custos da mortalidade entre os homens;♀️ e 28,26% (ou R$ 2,6 bilhões) entre as mulheres. Além disso, se considerado todo o gasto público do SUS com pessoas que desenvolveram diabetes, hipertensão e obesidade, 25% (ou R$ 933,5 milhões) é destinado somente a pacientes que tiveram essas doenças devido ao consumo de ultraprocessados. O estudo também trouxe um detalhamento por estado das mortes precoces associadas ao consumo de ultraprocessados. Em 2019, no Brasil, 57 mil mortes são atribuíveis a esses alimentos – o número equivale a 10,5% do total de mortes no país. 🗺️ Veja abaixo os sete estados onde a proporção de mortes por ultraprocessados foi maior que a média nacional na época: Rio Grande do Sul (13%);Santa Catarina (12,5%);São Paulo (12,3%);Distrito Federal (11,7%);Amapá (11,1%);Rio de Janeiro (10,9%);e Paraná (10,7%). “Os dados dessa pesquisa mostram a urgência da adoção de políticas públicas voltadas para a redução do consumo de produtos ultraprocessados, como tributação adequada ou a reforma tributária, a rotulagem nutricional e a regulação da venda e marketing desses produtos, entre outras estratégias para reduzir a carga epidemiológica e econômica das doenças associadas ao consumo no Brasil”, afirmou Eduardo Nilson, pesquisador responsável pelo estudo. ⚠️ Vale destacar que o levantamento não contabilizou os custos diretos de todas as doenças associadas a ultraprocessados. O estudo limitou-se aos valores federais do SUS, e apenas da população adulta. Além disso, não considerou os gastos com doenças na atenção primária (acompanhamento da população pelas unidades básicas de saúde e equipes de saúde da família), na saúde suplementar ou nos gastos particulares. E, devido a restrições metodológicas, os cálculos indiretos incluem somente a população formalmente empregada. Ou seja, para Nilson, como não é possível contabilizar todo o impacto, “esses números [de R$ 10,4 bilhões] são apenas a ponta do iceberg de um problema e impacto econômico muito maior”. Veja o vídeo abaixo sobre alimentos que ajudam a controlar o colesterol. Bem Estar dá dicas de alimentos que ajudam a controlar o colesterol 98% dos ultraprocessados no Brasil têm ingredientes nocivos Outro estudo publicado no ano passado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo, com colaboração de outras instituições, apontou que 98% dos ultraprocessados no país têm ingredientes nocivos. Para chegar nesse valor, foram analisados 10 mil produtos considerados ultraprocessados — ou seja, aqueles que, segundo o Nupens na chamada Classificação Nova, “não são propriamente alimentos, mas, sim, formulações de substâncias obtidas por meio do fracionamento de alimentos”. 🥤 Entre eles estão refrigerantes, salgadinhos de pacote, pães e outros panificados embalados, margarina, bolachas, doces, chocolates, cereais matinais e misturas para a preparação de bebidas com sabor frutas. “É mais difícil estudar o efeito isolado de cada aditivo ou o combinado de diferentes aditivos do que estudar o efeito de nutrientes críticos na saúde. Mas existem evidências da relação entre corantes e desenvolvimento de alergias e de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade, emulsificantes com alteração da microbiota intestinal, nitritos e desenvolvimento de câncer”, explica a nutricionista Daniela Canella, pesquisadora da Uerj e autora principal do artigo. Com a sobreposição desses dois pontos — o percentual de alimentos com ingredientes críticos em excesso e aqueles com aditivos cosméticos — os pesquisadores chegaram ao alarmante índice de 98,8% de alimentos com potencial para causar problemas, uma vez que há alimentos que apresentam as duas características e outros que têm apenas uma delas. Consumo de alimentos ultraprocessados gera aumento de doenças ligadas à obesidade Veja abaixo a íntegra da nota da Associação Brasileira de Alimentos. “ABIA repudia relatório da ACT e as acusações contra a Indústria de Alimentos* É importante esclarecer que o documento em questão não se trata de um estudo da Fiocruz, mas sim de um relatório elaborado por um pesquisador a pedido da ACT, uma ONG que, de forma constante, critica a indústria. Trata-se de um relatório superficial, que se baseia em dados de risco relativo extraídos de estudos já classificados como de baixa qualidade, os quais não foram realizados no Brasil e não incluem informações específicas sobre o país. Portanto, o relatório não reflete a realidade do consumo da população brasileira. Além disso, o que classificam como “alimento ultraprocessado” não possui uma definição clara, abrangendo mais de 5.700 itens produzidos pelas indústrias brasileiras. Entre eles estão produtos como pão, requeijão e iogurte, compondo uma lista extensa e diversificada de alimentos que pouco têm em comum. Causa preocupação e indignação a disseminação de alegações à sociedade brasileira que atribuem a mais de 5.700 alimentos, produzidos por 41 mil indústrias no país e rigorosamente regulamentados e aprovados por órgãos como a Anvisa e o Ministério da Agricultura, a responsabilidade direta por doenças e mortes. O relatório afirma que “não há consumo seguro” desses alimentos, mesmo assumindo que “ainda não há estudos que estimam o risco relativo e a relação dose-resposta para todos os desfechos de saúde associados ao seu consumo”. Os alimentos produzidos pela indústria brasileira passam por rigorosos controles de qualidade e são aprovados não só pelas autoridades nacionais, como internacionais também. A confiabilidade desses alimentos é evidenciada pelo fato de o Brasil exportar para mais de 190 países, cumprindo rígidos padrões sanitários de cada mercado.”

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