“O Comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. Além disso, segue acompanhando como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”, diz o comunicado divulgado pelo BC. Em outro trecho do comunicado, o Copom cita que “o ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos”. E que esse cenário exige cautela principalmente de países emergentes, diante da tensão geopolítica. O Comitê reafirmou que, apesar da atividade econômica tenha apresentado crescimento mais moderado, o mercado de trabalho continua aquecido. Ao citar o cenário provocado pelos Estados Unidos e as questões internas do país, o Copom escreveu que, em busca de trazer a inflação para a meta, “exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”. E sinalizou que o patamar atual dos juros deve permanecer nas próximas reuniões. “Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz o texto. O Comitê enfatizou que vai continuar monitorando o cenário e, se necessário, poderá fazer ajustes na política monetária. Maior patamar em 20 anos Esse é o maior patamar em quase 20 anos – em julho de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa Selic estava em 15,25% ao ano. 🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre. O Copom é formado pelo presidente do Banco Central e por oito diretores da autarquia. A partir deste ano a maioria dos dirigentes é indicada pelo presidente Lula. Composição do Copom. — Foto: Flickr do BCB A expectativa de economistas é de que a taxa seja mantida no atual patamar, ao menos, até 2026. Como age o Banco Central? Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic. Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%. Selic a 15%: o que muda no seu bolso 🔎Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses. Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia. Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o segundo semestre de 2026. Para este ano e os próximos anos as projeções do mercado para a inflação oficial – todas acima da meta central buscada pelo BC, de 3% – são: 2025: 5,09% (com estouro da meta);2026: 4,44%;2027: 4%; e2028: 3,8%. Próximas reuniões O Copom costuma se reunir a cada 45 dias para definir o patamar da Selic. Em 2025, o colegiado vai se reunir três vezes: 16 e 17 de setembro4 e 5 de novembro9 e 10 de dezembro