Os juros variam entre 1,17% e 1,95% ao mês, dependendo do rendimento familiar. A Caixa Econômica Federal divulgou uma simulação com parcelas que vão de R$ 116,45 a R$ 1.167,51, conforme o valor do empréstimo, o número de meses de parcelamento e a faixa de renda. (veja mais abaixo) Especialistas ouvidos pelo g1 avaliam que o programa está alinhado às demandas atuais do setor de habitação, mas fazem um alerta: sem planejamento financeiro e boa execução, o sonho da casa reformada pode se transformar em dor de cabeça e desequilíbrio no orçamento familiar. Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), explica que o programa surge como uma resposta a uma lacuna antiga da política habitacional. “Até então, os principais programas do governo, como o Minha Casa, Minha Vida (MCMV), se concentraram na construção de novas moradias. Agora, o foco se volta ao déficit qualitativo, ou inadequação edilícia, financiando reformas e pequenas obras nas habitações já existentes.” 🏠 A chamada inadequação edilícia aparece quando uma moradia não reúne condições básicas para se viver bem. É o caso de imóveis com infiltrações, fiação antiga ou malfeita, pouca ventilação ou cômodos pequenos demais para o número de pessoas que moram ali. Embora o conceito não seja totalmente novo — já houve iniciativas como o Construcard, linha de crédito da Caixa para compra de materiais de construção em lojas credenciadas, além de tentativas de incluir ações semelhantes no Casa Verde e Amarela —, Castelo afirma que o Reforma Casa Brasil é o primeiro esforço estruturado e acessível para financiar melhorias habitacionais de forma consistente. Taxas reduzidas Em um contexto de juros altos, especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que o novo programa é atraente, em especial por oferecer taxas subsidiadas e condições adaptadas à renda das famílias. ▶️ Faixa 1 – renda de até R$ 3.200: juros de 1,17% ao mês e prazo de até 60 meses para pagamento.▶️ Faixa 2 – renda entre R$ 3.200,01 e R$ 9.600: juros de 1,95% ao mês, também com até 60 meses de financiamento.▶️ Renda acima de R$ 9.600: juros entre 1,33% e 1,95% ao mês e possibilidade de financiar até 50% do valor de avaliação do imóvel, respeitando o limite do Sistema Financeiro de Habitação (R$ 2,25 milhões). O prazo pode chegar a 180 meses, conforme o valor contratado. Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), observa que, mesmo com a taxa Selic elevada — atualmente em 15% ao ano —, o programa é competitivo em relação a outras modalidades de crédito disponíveis no mercado. O que pode ser reformado? — Foto: Arte/g1 Ao g1, o ministro das Cidades, Jader Filho, explicou como funciona a participação no Reforma Casa Brasil: por meio do aplicativo da Caixa, a família precisa informar qual obra pretende realizar, simular o crédito e enviar uma foto do local onde a intervenção será feita. A análise será feita por inteligência artificial. Quem usar o crédito para fins diferentes de reformas poderá ser penalizado. Nesses casos, segundo o ministro, o beneficiário perde a taxa de juros reduzida e passa a ser cobrado como em um financiamento comum. “Na hora que você não comprovar, perde o subsídio”, disse Filho. Para ajudar quem pensa em obter o crédito para a reforma, a Caixa simulou o financiamento para rendas de até R$ 9,6 mil mensais, já que rendas superiores serão avaliadas caso a caso. (veja a seguir) Reforma Casa Brasil: veja simulações por faixa de renda — Foto: Arte/g1 Riscos financeiros e planejamento Apesar do potencial econômico do programa, o alto endividamento das famílias brasileiras é um alerta. Dados do Serasa apontam que, em agosto deste ano, 78,8 milhões de pessoas estavam inadimplentes, um crescimento de 8,75% em relação ao mesmo período de 2024. Diante desse cenário, o presidente da Abefin recomenda que, antes de contratar o crédito do Reforma Casa Brasil, as famílias avaliem quatro pontos: por que a reforma é necessária;quanto custará;quanto tempo levará;e quanto será possível poupar. Arquiteto viraliza nas redes sociais com reforma de casa simples na periferia de Brasília — Foto: Marcos Vinícius Teixeira da Silva/ arquivo pessoal Segundo Domingos, muitos se empolgam com a ideia de reformar suas casas e acabam assumindo parcelas que nem sempre cabem no orçamento. “Mesmo com taxas de juros reduzidas, as parcelas continuam sendo uma dívida, e o financiamento deve ser contratado com planejamento cuidadoso.” Um dos riscos é o comprometimento excessivo da renda familiar. Pelas regras do programa, o valor das parcelas será limitado a 25% da renda mensal. Outro ponto de atenção dos especialistas é o chamado “poço sem fundo da reforma”, quando obras iniciadas com orçamento modesto acabam custando o dobro ou até mais devido a imprevistos ou ampliação do projeto. Essa elevação dos custos, inclusive, pode ser afetada por outro obstáculo: a mão de obra. “O setor da construção civil está aquecido, e a falta de profissionais qualificados pode atrasar ou encarecer as reformas. Esse é um aspecto que precisa ser acompanhado de perto e que costuma afetar o valor final”, aponta a coordenadora do FGV IBRE. Em contrapartida, Castelo frisa que o mercado de materiais de construção vive um bom momento, com estoques equilibrados e uma demanda em ritmo moderado – isso deve facilitar a execução das obras. “A indústria de materiais tem estoques suficientes e capacidade para atender à demanda, enquanto o varejo vinha em um processo de desaceleração nos últimos meses. Isso deve dar um impulso à atividade tanto no comércio quanto na indústria. Não há risco de o setor não suportar o programa; pelo contrário. A questão principal é acompanhar como o programa vai alcançar efetivamente quem precisa.” Casa própria, imóveis — Foto: Foto de PhotoMIX Company
Crédito do governo para reformar a casa: veja quanto custam as parcelas e se vale a pena aderir
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