Os mercados avaliam as novas taxas anunciadas por Trump na véspera, com alíquotas que variam entre 10% e 50%. Dados econômicos dos EUA e balanços corporativos também ficam no radar nesta sexta-feira. ▶️ O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou na quinta-feira (31) uma ordem executiva que modifica e amplia as tarifas recíprocas aplicadas a diversos países, com alíquotas que variam entre 10% e 41%. A medida atualiza os percentuais definidos em cartas enviadas pelo governo americano em julho. As novas taxas entram em vigor a partir de 7 de agosto. A medida volta a levantar dúvidas no mercado sobre quais podem ser os efeitos do tarifaço na inflação dos Estados Unidos e na economia global. ▶️ No caso do Brasil, o governo norte-americano confirmou a tarifa de 50% contra o país na quarta-feira, mas indicou que mais de 700 itens, abrangendo setores estratégicos — como suco de laranja, combustíveis, veículos, aeronaves civis e determinados tipos de metais e madeira — ficam de fora. ▶️ Alguns especialistas indicam que a lista de exceções foi um recuo considerável de Trump no tarifaço imposto ao Brasil, mas ainda há cautela no mercado em relação a qual será a reação do Brasil. Na véspera, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou em entrevista ao Mais Você, da TV Globo, que as negociações com os EUA estão apenas começando. Alckmin indicou que o programa de apoio aos setores afetados já está pronto e será anunciado nos próximos dias. Segundo ele, a estimativa é de que 35,9% das exportações brasileiras sejam afetadas agora pelo tarifaço. Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair 💲Dólar Acumulado da semana: +0,71%;Acumulado do mês: +3,08%; Acumulado do ano: -9,37%. 📈Ibovespa Acumulado da semana: -0,34%;Acumulado do mês: -4,17%; Acumulado do ano: +10,63%. Tarifaço pelo mundo O presidente norte-americano assinou um decreto na véspera que modifica e amplia as tarifas recíprocas aplicadas a diversos países. As novas alíquotas variam entre 10% e 41%, e entram em vigor a partir de 7 de agosto. O mais afetado pelas taxas continua sendo o Brasil, com uma alíquota de 50%, seguido pela Síria (41%), Laos e Mianmar (Birmânia), ambos com taxas de 40%. Já os menos afetados foram o Reino Unido e as Ilhas Malvinas — os únicos até agora com taxas de 10%. E no Brasil? Para o Brasil, o presidente dos EUA havia assinado o decreto que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros na última quarta-feira (30). Inicialmente previstas para entrar em vigor nesta sexta-feira (1º), as taxas foram adiadas para 6 de agosto. Segundo a Casa Branca, a medida foi adotada em resposta a ações do governo brasileiro que representariam uma “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”. O anúncio oficializa o percentual mencionado pelo republicano em carta enviada a Lula neste mês e afirma que a ordem executiva foi motivada por ações que “prejudicam empresas americanas e os direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos”, além de afetar a política externa e a economia do país. Em entrevista ao programa Mais Você, da TV Globo, Alckmin sugeriu que as tarifas podem, eventualmente, contribuir para a queda no preço dos alimentos no Brasil, pois parte da produção pode ser redirecionada ao mercado interno. Segundo o vice-presidente, os preços de alimentos como arroz, feijão, óleo de soja e algumas frutas já apresentam tendência de queda. “E caiu por quê? Porque caiu o dólar, o clima ajudou e a safra é recorde. Se a safra é 10% maior, o preço cai. Se é 10% menor, ele sobe”, respondeu. “A boa notícia é que há uma tendência de queda do preço dos alimentos.” Alckmin foi questionado sobre a possibilidade de queda nos preços de carne, café, frutas e peixes — produtos diretamente afetados pela tarifa de 50%. “É difícil, peremptoriamente, afirmar, mas é óbvio que você vai ter que colocar mais desses produtos aqui dentro”, disse ele. “Agora, muito da exportação é complementar, não está deixando de atender o mercado interno. Você atende o mercado interno e o resto você exporta”, acrescentou o vice-presidente. Juros no radar Outro destaque do dia foram as decisões de política monetária do Copom e do Fed, anunciadas na véspera. O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, manteve as taxas de juros do país na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. A decisão, anunciada na quarta-feira (30), veio dentro das expectativas do mercado, mas contraria os apelos de Trump, que há meses pressiona por cortes. Em comunicado, o Fed reiterou as incertezas em torno dos possíveis impactos do tarifaço, repetindo argumentos apresentados nas decisões de junho e maio, mas reconhecendo avanços nos indicadores econômicos mais recentes. “Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica se moderou na primeira metade do ano. A taxa de desemprego continua baixa, e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas. A inflação segue um pouco elevada”, diz o comunicado desta quarta-feira, reiterando que o BC dos EUA continuará a monitorar dados econômicos. O banco central dos EUA afirmou ainda que continuará monitorando os efeitos das informações econômicas recebidas para embasar suas próximas decisões, e reiterou que a incerteza em relação às perspectivas econômicas permanece elevada — o que inclui o tarifaço de Donald Trump. Já o Copom interrompeu o ciclo de alta da taxa básica de juros, mantendo a Selic em 15% ao ano. “O Comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. Além disso, segue acompanhando como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”, diz o comunicado divulgado pelo BC. Em outro trecho do comunicado, o Copom cita que “o ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos”. E que esse cenário exige cautela principalmente de países emergentes, diante da tensão geopolítica. O colegiado também enfatizou que vai continuar monitorando o cenário e, se necessário, poderá fazer ajustes na política monetária. Notas de real e dólar — Foto: Amanda Perobelli/ Reuters
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