Investidores aguardam novas decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, em busca de novos sinais sobre a inflação e o futuro das taxas de juros. Os desdobramentos do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump também ficam no radar, bem como novos dados econômicos internacionais. ▶️ O principal destaque da sessão fica com a Superquarta — quando os bancos centrais do Brasil e dos EUA anunciam decisões de juros no mesmo dia. A expectativa é que as instituições mantenham suas taxas inalteradas e deem novos sinais sobre o que esperam à frente, principalmente em relação aos possíveis efeitos do tarifaço nos preços e na política monetária. ▶️Além disso, as negociações entre Brasil e EUA também seguem sem avanço e continuam a preocupar o mercado, às vésperas do tarifaço. Nesta semana, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltaram a dizer que o governo segue tentando manter o diálogo com os americanos, mas já iniciou a elaboração de um plano de contingência. Segundo o blog do Gerson Camarotti, interlocutores do governo afirmaram que o presidente Lula (PT) está disposto a telefonar para Trump para tratar do tema, caso haja abertura para o diálogo. No entanto, o clima no Palácio do Planalto é de pessimismo. A avaliação é que a Casa Branca só deve iniciar conversas após a entrada em vigor das tarifas, prevista para 1º de agosto. ▶️ Na agenda econômica, investidores também repercutem uma série de balanços corporativos no Brasil e no exterior. Novos dados de atividade nos EUA e na Europa também seguem sob os holofotes. Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair 💲Dólar Acumulado da semana: +0,14%;Acumulado do mês: +2,49%; Acumulado do ano: -9,88%. 📈Ibovespa Acumulado da semana: -0,60%;Acumulado do mês: -4,41%; Acumulado do ano: +10,34%. Copom, Fed e agenda econômica Na agenda, o principal destaque da sessão fica com a Superquarta. A expectativa é que tanto o Fed quanto o Copom mantenham suas taxas de juros inalteradas, em compasso de espera para avaliar os possíveis efeitos do tarifaço. Nos EUA, o Fed já indicou anteriormente que deve aguardar mais dados econômicos para entender o quanto a nova política tarifária de Trump pode ter efeito nos preços norte-americanos. A decisão vem mesmo em meio à pressão do republicano por novos cortes das taxas. Mais cedo, por exemplo, o Departamento de Comércio dos EUA informou que o país cresceu 3% no segundo trimestre deste ano, acima do esperado. O número, no entanto, foi puxado pelas importações, com diversas empresas aumentando seus estoques para tentar driblar as novas taxas. Assim, apesar de representar uma recuperação em relação aos três meses anteriores, quando caiu 0,5%, o resultado também pode estar mascarando a atividade econômica do país e reduz ainda mais o espaço que o Fed teria para reduzir os juros anida neste ano. Ainda no exterior, o Banco Central Europeu (BCE) indicou que o crescimento dos salários na zona do euro sofrerá uma forte desaceleração neste ano, saindo de 4,6% em 2024 para 3,2% em 2025. Já o crescimento econômico da região cresceu 0,1% no segundo trimestre, acima do esperado, sugerindo que as empresas estão se adaptando à incerteza comercial — o que, por sua vez, pode reduzir potencialmente a necessidade de mais cortes de juros pelo BCE. Entre os países, o PIB da Alemanha caiu 0,1% no período, enquanto o da Espanha subiu 0,3%. No Brasil, a confiança do setor de serviços atingiu o nível mais baixo em mais de quatro anos em julho, diante da piora da avaliação atual quanto futura, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Tarifaço segue na mira Com a proximidade do prazo final de 1º de agosto para o tarifaço anunciado por Donald Trump, as negociações comerciais seguem no centro das atenções do mercado financeiro nesta semana. Após o novo acordo entre os EUA e a União Europeia, anunciado no domingo (27), as atenções se voltam para a China. As negociações entre os dois países se estenderam por dois dias em Estocolmo, na Suécia. Autoridades buscam um acordo que evite a paralisação das trocas comerciais por conta de tarifas excessivas. Atualmente, a China tem até 12 de agosto para firmar um tratado tarifário duradouro com o governo Trump. O prazo foi definido após acordos preliminares entre Pequim e Washington em maio e junho, que buscavam encerrar semanas de escalada tarifária e disputas envolvendo minerais de terras raras. A expectativa, agora, é que os dois países concordem em estender a trégua tarifária por mais 90 dias, o que evitaria uma nova escalada das tensões e facilitaria o planejamento de uma possível reunião entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, no segundo semestre. Após o encontro entre EUA e China em Estocolmo, na terça-feira, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, afirmou que o tom geral das reuniões foi “muito construtivo”. Já o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que se uma prorrogação da trégua é uma opção a ser aprovada, mas indicou que ficará a cargo de Trump dar o aval. “Nós informaremos a ele o processo que tivemos aqui. Tivemos reuniões construtivas, com certeza, para voltarmos com um relatório positivo. Mas a extensão da pausa, ele [Trump] decidirá”, afirmou. E o Brasil? A situação do Brasil também continua a gerar preocupações. As negociações com os EUA não avançaram até o momento, e investidores seguem cautelosos quanto à resposta brasileira. Por aqui, o governo continua tentando conversar com os norte-americanos sem grande sucesso. Em entrevista ao jornal “The New York Times”, o presidente Lula (PT) afirmou que tentou diálogo com a Casa Branca, mas “ninguém quer conversar” “O que está nos impedindo é que ninguém quer conversar. Eu pedi para fazer contato”, afirmou Lula. “Eu designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que todos conversem com seus equivalentes nos EUA para entender qual é a possibilidade de conversa. Até agora, não foi possível”. O petista ainda reiterou que não pretende conduzir as negociações sobre o tarifaço como se fosse um “país pequeno contra um país grande”. “Nas negociações políticas entre dois países, a vontade de nenhum deve prevalecer. Nós sempre precisamos encontrar um meio termo. Isso não é alcançado ‘estufando o peito’ e gritando coisas que você não pode entregar, nem abaixando a cabeça e simplesmente dizendo ‘amém’ a qualquer coisa que os Estados Unidos quiser”, prosseguiu. O republicano, no entanto, dá sinais de que não vai ceder. Segundo apurado pelo blog do Valdo Cruz, assessores indicaram que as conversas, neste momento, tentam ao menos adiar o tarifaço. Apenas em uma segunda etapa, se as tarifas forem adotadas, o governo vai tentar excluir alimentos e a Embraer do aumento das taxas. O tarifaço prevê a aplicação de uma sobretaxa de até 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, a partir de 1º de agosto. A decisão do governo norte-americano afeta setores como aço, alumínio, minerais críticos e veículos elétricos. Dólar — Foto: Karolina Grabowska/Pexels *Com informações da agência de notícias Reuters.