Dólar oscila entre altas e baixas, com recuo de ‘tarifaço’ de Trump e ata do Copom no radar

Dólar oscila entre altas e baixas, com recuo de ‘tarifaço’ de Trump e ata do Copom no radar

Por aqui, investidores analisam a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que aconteceu na última quarta-feira (29) e terminou com o aumento de 1 ponto percentual da Selic, taxa básica de juros, agora em 13,25% ao ano. Já no exterior, os mercados globais vivem um dia de recuperação, depois de um pregão marcado por maior aversão aos riscos por conta do anúncio de imposição de novas tarifas de importação nos Estados Unidos. A maior calma neste pregão é consequência do recuo do presidente americano, Donald Trump, em relação a dois de seus maiores parceiros comerciais. Na última sexta-feira, ele determinou a tarifação de 10% sobre produtos chineses que cheguem aos EUA e de 25% para os itens vindos do Canadá e do México. O governo chinês respondeu impondo novos tarifas de 15% para carvão e Gás Natural Liquefeito (GNL) dos EUA e 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis. As taxas passam a valer na próxima segunda-feira (10). Apesar das tarifas para a China continuarem, o acordo de Trump com México e Canadá trouxe certo alívio ao mercado, que teme uma aceleração da inflação nos EUA com as taxações. Se os produtos importados que chagam ao país ficam mais caros, o impacto nos preços também será sentido pela população. Além da repercussão do tarifaço de Trump, no cenário internacional investidores também acompanham a divulgação de novos dados do mercado de trabalho nos EUA. Veja abaixo o resumo dos mercados. Dólar acumula alta de quase 28% em 2024 Dólar No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,38%, cotada a R$ 5,8153. Com o resultado, acumulou: queda de 0,38% na semana e no mês;recuo de 5,90% no ano. O Ibovespa começa a operar às 10h. Na véspera, o índice fechou em queda de 0,13%%, aos 125.971 pontos. Com o resultado, acumulou: queda de 0,13% na semana e no mês;ganho de 4,73% no ano. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair O que está mexendo com os mercados? O Copom informou que identificou que as expectativas de inflação elevaram-se de forma significativa nos últimos meses – pro curto, pro médio e pro longo prazo. As projeções da instituição apontam para uma inflação acima da meta pelos próximos seis meses consecutivos. A partir de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo é de uma inflação de 3% – e será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%. No regime de meta contínua, porém, se a inflação ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida. Dessa forma, se as projeções se concretizarem, 2025 terá um novo estouro da meta de inflação. Entre os pontos de pressão para a inflação, o Copom destaca a alta dos preços dos alimentos, a pressão do dólar sobre a economia e as perspectivas mais cautelosas sobre a capacidade do governo de equilibrar as contas públicas. Com esses fatores no radar, a instituição já indicou um novo aumento de 1 ponto percentual em sua próxima reunião, o que deve levar a taxa Selic a 14,25% ao ano. Outras altas ainda devem vir pela frente e o mercado projeta os juros a 15% ao ano ao fim de 2025. Juros maiores por aqui atraem mais investidores, porque os títulos públicos passam a entregar rentabilidades mais atrativas também. Isso pode ajudar a reduzir a pressão do dólar. No exterior, os novos acordos entre EUA e México e Canadá seguem repercutindo. O tratado determinou a pausa das tarifas durante um mês, além de medidas de ambos os países para controlar o que passa por suas fronteiras. Apesar dos acordos, as tarifas para a China continuam — e seguem na mira dos investidores, em meio a temores de que a taxação possa aumentar a inflação no país norte-americano, por conta da alta nos preços de produtos e matérias-primas. Ao mesmo tempo, o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, tenta controlar os preços no país. Se a inflação subir demais, a instituição pode precisar aumentar os juros novamente. Nesta segunda-feira (3), a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, disse que não há urgência para o banco central reduzir os juros neste momento, conforme novas tarifas comerciais anunciadas pelo governo Trump podem elevar as pressões inflacionárias. São esperados discursos de outros dirigentes do Fed nesta terça, na expectativa por mais pistas sobre o cenário futuro dos juros no país. “É realmente apropriado que a política monetária seja paciente, cuidadosa, e não há urgência em fazer ajustes adicionais, especialmente devido a toda a incerteza” na economia, disse Collins em uma entrevista à CNBC. Juros mais altos tornam o crédito mais caro para a população e empresas, reduzindo o consumo e, consequentemente, a pressão inflacionária. Mas também elevam a rentabilidade dos títulos públicos dos EUA, considerados os ativos financeiros mais seguros do mundo. Nesse caso, há uma maior atração de investidores para os Estados Unidos, o que pode fortalecer o dólar em relação a outras moedas, como o real. Caso isso se concretize, há um impacto global dos preços, já que muitos contratos de importação e exportação são feitos na moeda norte-americana. Isso pode acelerar a inflação em mais países, especialmente aqueles que têm os EUA como principais parceiros comerciais Em entrevista à BBC, o analista da Capital Economics, Paul Ashworth, disse que, com as medidas de Trump, a janela para mais cortes nas taxas de juros dos EUA nos próximos 12 a 18 meses “simplesmente se fechou”.

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