Dólar passa a subir com inflação acima do esperado nos EUA; Ibovespa cai

Dólar passa a subir com inflação acima do esperado nos EUA; Ibovespa cai

Segundo o Departamento do Comércio dos EUA, a inflação no país cresceu 0,5% em janeiro, acumulando uma alta de 3,0% em 12 meses. As expectativas eram de 0,3% e 2,9%, respectivamente. Com esse resultado, a inflação americana se afasta ainda mais da meta do Federal Reserve (fed, o banco central americano), que é de 2%. Além disso, com a política de tarifação do presidente Donald Trump, há uma expectativa de que os produtos dentro dos EUA, que chegam boa parte do exterior ou são feitos com matéria-prima importada, fiquem mais caros, contribuindo para uma alta mais expressiva da inflação. Isso poderia levar o Fed a promover novas altas em suas taxas de juros nos próximos meses, o que contribui para uma valorização do dólar em relação a outras moedas. No Brasil, o destaque fica com dados do setor de serviços. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o volume de serviços prestados no país teve uma queda de 0,5% em dezembro de 2024, no segundo resultado negativo consecutivo, acumulando perda de 1,9% nos dois últimos meses do ano. No acumulado do ano, porém, o setor teve alta de 3,1%. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em baixa. Veja abaixo o resumo dos mercados. Dólar acumula alta de quase 28% em 2024 Dólar No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 0,31%, cotada a R$ 5,7672. Com o resultado, acumulou: queda de 0,45% na semana;recuo de 1,20% no mês; eperdas de 6,68% no ano. Ibovespa No mesmo horário, o Ibovespa caía 1,44%, aos 124.697 pontos. Na véspera, o índice teve alta de 0,76%, aos 126.522 pontos. Com o resultado, acumulou: alta de 1,53% na semana;avanço de 0,31% no mês;ganho de 5,19% no ano. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair O que está mexendo com os mercados? A inflação dos EUA é o grande destaque do pregão desta quarta porque preços maiores por lá podem levar a uma virada na condução dos juros do país e o encarecimento do dólar, principalmente em meio aos anúncios de novas tarifas pelo presidente Trump. O presidente norte-americano assinou um decreto que impõe tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio para o país a partir de 4 de março. As tarifas de Trump geram um clima de incertezas e cautela por todo o mundo por dois principais motivos: os impactos comerciais e econômicos para os exportadores e a pressão sobre os preços dentro dos EUA — que pode se estender por todo o mundo. Além de afetar as empresas exportadoras de aço e alumínio, que podem ter uma queda nas vendas, há preocupação no mercado sobre a pressão inflacionária que a implementação dessas tarifas causaria na maior economia do mundo, o que pode atrasar a redução dos juros no país. Dirigentes do Fed afirmaram que a instituição não tem pressa em reduzir os juros e que observará atentamente os desdobramentos do cenário político e econômico. Atualmente, os juros americanos estão entre 4,25% e 4,50% ao ano, com o objetivo de reduzir a inflação anual, que está em 2,9%, para a meta de 2%. Juros elevados também aumentam o rendimento dos títulos públicos dos EUA, considerados os mais seguros do mundo, o que tende a provocar uma migração de capital estrangeiro para o país e pode fortalecer o dólar em relação a outras moedas. Dólar mais caro também impacta a inflação em todo o mundo, já que esta é a principal moeda para as negociações comerciais e pode pressionar os preços principalmente das commodities, como combustíveis e alimentos. No cenário interno, o destaque desta quarta fica com o setor de serviços, que registrou a segunda queda consecutiva em dezembro do ano passado, apesar de uma alta no ano. Segundo Rafael Perez, economista da Suno Research, o avanço do volume de serviços prestados no ano passado tem relação com “as condições mais favoráveis para a renda e o consumo das famílias com o mercado de trabalho aquecido, além do avanço de atividades empresariais”. “Contudo, nos últimos meses, observamos sinais de desaceleração do setor, que começa a sentir os dados mais fracos de mercado de trabalho, confiança do consumidor e a perda de tração da economia brasileira”, explica o economista. Perez acredita que, em 2025, os serviços devem ser mais impactados pelo ciclo de altas na Selic, taxa básica de juros, que hoje está em 13,25% ao ano, mas com perspectivas de chegar ao patamar dos 15% ao ano nos próximos meses. Juros elevados encarecem a tomada de crédito pela população e, por isso, tendem a reduzir a demanda por bens e serviços no país. Além disso, o ano deve ser marcado por um menor nível de estímulos fiscais por parte do governo, tornando o cenário para o consumo das famílias menos favorável. Nesta terça-feira (11), o IBGE também divulgou o IPCA, considerado a inflação oficial do país, subiu 0,16% no mês passado, na menor taxa para o mês desde o Plano Real. Nos últimos 12 meses, a inflação brasileira acumulou uma alta de 4,56%, também uma desaceleração em comparação com dezembro do ano passado, quando o IPCA acumulava uma alta de 4,83%. A inflação de janeiro ficou em linha com as expectativas do mercado financeiro. A mediana das projeções de analistas consultados pela Bloomberg era de uma alta de 0,17%. O avanço veio mais uma vez puxado pelos grupos de Transportes e de Alimentação e bebidas, que registraram as maiores altas percentuais no período. A desaceleração do setor de serviços deve contribuir para uma redução mais expressiva da inflação, principalmente a partir do segundo semestre, segundo especialistas.

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