▶️ O novo acordo entre os EUA e o bloco europeu reduziu a tarifa de 30% para 15% sobre produtos europeus. A nova alíquota também se aplica a automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos. Já o aço e o alumínio continuam com sobretaxa de 50%. O acordo dividiu opiniões entre os líderes da Europas, que esperavam um desfecho mais equilibrado nas negociações com os EUA. (entenda mais abaixo) ▶️ O Brasil segue sem avanços nas negociações com os EUA. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que o governo vem buscando negociação desde o anúncio das medidas, com “base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica”. “Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano”, declarou o MDIC, em nota à imprensa. Na semana passada, o presidente Lula (PT) criticou a falta de disposição de Trump para discutir a tarifa de 50%, afirmando que o republicano “não quer conversar”. Como mostrou o g1 neste sábado, especialistas afirmam que os canais de comunicação entre Brasil e EUA, de fato, não são eficazes. Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado. Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair 💲Dólar Acumulado da semana: +0,52%;Acumulado do mês: +2,89%; Acumulado do ano: -9,54%. 📈Ibovespa Acumulado da semana: -1,04%;Acumulado do mês: -4,84%; Acumulado do ano: +9,85%. EUA e União Europeia anunciam acordo Com a proximidade do prazo final de 1º de agosto para o tarifaço anunciado por Donald Trump, as negociações comerciais voltam ao centro das atenções do mercado financeiro nesta semana. O destaque do dia é o novo acordo entre os EUA e a União Europeia, anunciado no domingo (27). O tratado estabelece uma taxa de 15% sobre todos os produtos europeus, incluindo automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos. Já o aço e o alumínio seguem com sobretaxa de 50%. Segundo Trump, o acordo também prevê um investimento de US$ 600 bilhões (cerca de R$ 3,3 trilhões) da União Europeia nos EUA, além de contratos para aquisição de energia e equipamentos militares norte-americanos. “O acordo com a União Europeia é o maior já feito”, afirmou o republicano. ‘Dias sombrios’ para a Europa O acordo entre os EUA e a UE dividiu opiniões entre os líderes do bloco europeu. Nesta segunda, o primeiro-ministro francês, François Bayrou, afirmou que o continente pode enfrentar um período sombrio. “É um dia sombrio quando uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar seus valores comuns e defender seus interesses comuns, se resigna à submissão”, afirmou. O tratado também foi criticado pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, que afirmou que Trump “devorou” a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Isso não é um acordo… Trump devorou von der Leyen no café da manhã. Foi isso o que aconteceu e nós esperávamos que isso acontecesse, já que o presidente dos EUA é um peso pesado quando se trata de negociações, enquanto a presidente é um peso-pena”, disse. Líderes da Espanha, Alemanha e Itália reconheceram que o acordo pode trazer alguma previsibilidade para o futuro do bloco, mas demonstraram pouco entusiasmo com os termos firmados. “O acordo, com sua tarifa básica de 15%, certamente é algo que nos desafiará. Mas o lado bom é que ele traz certeza”, disse a ministra da economia da Alemanha, Katherina Reiche. O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, elogiou os esforços da Comissão Europeia e a “atitude construtiva e negociadora” de von der Leyen. “De qualquer forma, apoio este acordo comercial, mas sem qualquer entusiasmo”, completou. Ações europeias e dos EUA Com a desconfiança sobre a efetividade do acordo, as ações europeias recuaram após atingirem o maior nível em quatro meses. O índice pan-europeu STOXX 600 chegou a subir 1%, mas encerrou o dia com queda de 0,2%. As expectativas de um pacto “zero a zero” e a tarifa média superior aos 2,5% registrados no ano passado frustraram os investidores. “Ainda é um salto acentuado em relação aos níveis anteriores a 2025, quando muitos produtos enfrentavam tarifas abaixo de 3%, e provavelmente aumentará as pressões inflacionárias nos próximos meses”, disse Lale Akoner, analista de mercados globais da eToro, à Reuters. Além disso, as ações de empresas do setor de bebidas alcoólicas, como Pernod Ricard e Anheuser-Busch InBev, recuaram 3,5% e 3,6%, após o acordo comercial não contemplar nenhuma decisão específica sobre o setor de bebidas. Nos EUA, investidores avaliam que a medida tende a favorecer empresas do país. O índice S&P 500 alcançou seu sexto recorde consecutivo de fechamento, enquanto o Nasdaq, voltado ao setor de tecnologia, também registrou um novo recorde após o acordo. Segundo dados preliminares, o S&P 500 teve leve alta de 0,02%, encerrando o dia aos 6.389,81 pontos. O Nasdaq avançou 0,33%, chegando a 21.177,79 pontos. Já o Dow Jones recuou 0,14%, fechando em 44.839,59 pontos. Lula x Trump A proximidade da entrada em vigor das tarifas de Trump também eleva a preocupação com a situação do Brasil. As negociações com os EUA não avançaram até o momento, e investidores seguem cautelosos quanto à resposta brasileira. Na última quinta-feira, assessores presidenciais relataram que Trump sinalizou a intenção de “punir” o Brasil, mesmo sem justificativa econômica clara para aplicar a tarifa mais alta. A avaliação aumentou o pessimismo da equipe de Lula quanto à possibilidade de reversão do tarifaço. Na sexta-feira, uma comissão de senadores viajou aos EUA na tentativa de abrir um canal de negociação com o governo americano. A iniciativa, porém, é vista com cautela por diplomatas brasileiros e está sendo boicotada pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e pelo blogueiro Paulo Figueiredo. Interlocutores de Lula que estão em Nova York relataram ao blog do Valdo Cruz que o presidente Donald Trump não autorizou sua equipe a abrir diálogo com o Brasil. Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, há conversas com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. No entanto, os negociadores têm ouvido que todas as decisões estão centralizadas na Casa Branca. *Com informações da agência de notícias Reuters. Cédulas de dólar — Foto: John Guccione/Pexels