Dólar volta a ganhar força e vai a R$ 6,19, mesmo após leilão do BC; Ibovespa oscila

Dólar volta a ganhar força e vai a R$ 6,19, mesmo após leilão do BC; Ibovespa oscila

Os leilões de dólar do Banco Central são uma ferramenta de regulação do mercado de câmbio e servem para aumentar a oferta de dólares disponíveis — o que, em tese, faz a cotação cair. Com o noticiário econômico esvaziado e em uma semana mais curta por conta do Natal, momento em que os mercados ficaram fechados no Brasil, investidores voltam as atenções para o mercado internacional. Na Ásia, as autoridades chinesas anunciaram que vão aumentar o estímulo fiscal ao país no próximo ano, tendo concordado em emitir 3 trilhões de iuanes (US$ 411 bilhões ou R$ 2,5 trilhões) em títulos púbicos especiais. Se confirmado, esse será o maior valor já registrado. Já o governo do Japão afirmou nesta quinta-feira (26) que prevê que a produção econômica atingirá capacidade total no próximo ano fiscal, pela primeira vez em sete anos, devido a um mercado de trabalho aquecido. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, opera com volatilidade. Veja abaixo o resumo dos mercados. ‘Temos que corrigir essa escorregada que o dólar deu aqui’, diz Haddad Dólar Às 11h04, o dólar tinha alta de 0,29%, cotado em R$ 6,1720. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,1974. Veja mais cotações. Na segunda-feira, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,87%, cotado a R$ 6,1855. Com o resultado, acumulou: ganhos de 1,87% na semana;alta de 3,08% no mês;avanço de 27,47% no ano. Ibovespa No mesmo horário, o Ibovespa tinha queda de 0,07%, aos 120.679 pontos. Na segunda-feira, o índice encerrou em queda de 1,09%, aos 120.767 pontos. Com o resultado, acumulou: queda de 1,09% na semana;perda de 3,90% no mês;recuo de 10% no ano. ‘A gente sabe que há um problema fiscal’, diz Daniel Sousa sobre alta do dólar O que está mexendo com os mercados? Com o noticiário econômico esvaziado por conta do feriado de Natal, momento em que os mercados também ficam fechados no Brasil, investidores voltam as atenções para o mercado internacional. Lá fora, o principal destaque fica com a China, após a notícia de que as autoridades concordaram em aumentar o estímulo fiscal para o próximo ano por meio da emissão de 3 trilhões de iuanes (US$ 411 bilhões ou R$ 2,5 trilhões) em títulos púbicos especiais. Se confirmado, esse será o maior valor já registrado. As autoridades chinesas ainda informaram que aumentarão a pensão básica para aposentados e para residentes urbanos e rurais e que elevarão os padrões de subsídio financeiro para o seguro médio de residentes. As medidas vêm para tentar impulsionar o consumo do gigante asiático. O país também intensificará o apoio ao comércio de bens de consumo, expandirá o investimento efetivo e impulsionará mais investimentos sociais por meio de investimentos governamentais, segundo o ministério chinês. Já nesta quinta-feira, o Escritório Nacional de Estatísticas da China informou que revisou para cima o tamanho que sua economia atingiu em 2023, mas indicou que essa mudança deve ter pouco impacto sobre o crescimento deste ano. Ainda na Ásia, o governo do Japão afirmou nesta quinta-feira que prevê que a produção econômica do país atingirá capacidade total no próximo ano fiscal, pela primeira vez em sete anos. O movimento vem em meio a um mercado de trabalho ainda aquecido. Na agenda de indicadores, os investidores aguardam novos dados de pedidos semanais de auxílio-desemprego nos Estados Unidos e a divulgação da arrecadação de impostos federais de novembro no Brasil. Procurado, o BC informou que não comentará o caso. No Brasil, as preocupações com o quadro fiscal brasileiro e o noticiário político continuam na mira dos mercados. Nesta quinta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira, convocou os líderes da Casa para uma reunião por videoconferência para tratar da sucessão na mesa. A eleição deve acontecer em 3 de fevereiro. Apesar de ser claro o incômodo dos líderes a respeito da decisão do ministro do Supremo, Flávio Dino, de suspender o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas parlamentares, Lira informou ao Blog da Ana Flor que “não há possibilidade de a Câmara fazer nada neste momento para reverter” a decisão. Já do lado econômico, investidores repercutem a notícia de que o presidente Lula deve publicar um decreto presidencial nos próximos dias para corrigir o valor do salário mínimo no próximo ano. O valor deve subir dos atuais R$ 1.412 para R$ 1.518 em 2025. Se confirmado o valor, o aumento será de R$ 106, o equivalente a uma alta de 7,5%. A correção vale a partir de janeiro, com pagamento em fevereiro do ano que vem. Na semana passada, o Congresso concluiu a tramitação do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo federal. A ideia inicial era economizar R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, e um total de R$ 375 bilhões até 2030. Segundo cálculos do Ministério da Fazenda, no entanto, as mudanças feitas pelo Congresso devem ter um impacto de R$ 2,1 bilhões, reduzindo a economia para R$ 69,8 bilhões. No café da manhã com jornalistas, na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que as mudanças feitas pelos parlamentares não comprometem a conta final feita pelo governo. “Fala-se em ‘desidratação’, mas havia expectativa de parte dos analistas que poderia haver ‘hidratação’ [aumento da potência dos cortes de gastos]. Os ajustes feitos na redação não afetam o resultado final. Mantém na mesma ordem de grandeza os valores encaminhados pelo Executivo”, afirmou Haddad. O mercado, mais uma vez, contesta os números. Para a XP Investimentos, o potencial de economia fiscal recuou de R$ 52 bilhões para R$ 44 bilhões. “Apesar da direção correta, vemos o pacote como insuficiente para garantir o atingimento das metas de resultado primário e, principalmente, a manutenção do limite de despesas do arcabouço fiscal nos próximos anos”, diz um relatório da empresa. O governo precisa reduzir os gastos porque tem uma meta de zerar o déficit público pelos próximos dois anos — ou seja, gastar o mesmo tanto que arrecada em 2024 e 2025. O arcabouço também estipula que o governo deve começar a arrecadar mais do que gasta a partir de 2026, para controlar o endividamento público. O mercado tinha a expectativa de que o governo mexesse em gastos estruturais nesse pacote de corte de gastos — como a Previdência, benefícios reajustados pelo salário mínimo e os pisos de investimento em saúde e educação. Mas isso não aconteceu. Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula. Segundo o blog do Valdo Cruz, interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que o governo precisa dar uma sinalização mais forte na área fiscal, incluindo o anúncio de medidas adicionais às já anunciadas, para reverter de vez o cenário negativo que reina no mercado neste fim de ano. *Com informações da agência de notícias Reuters Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

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