Profissionais da área de manutenção aeronáutica contam com a ajuda de um importante aliado voador para auxiliar no trabalho de inspeção de aeronaves.
Desde 2019, drones são utilizados no Latam MRO –o maior centro de manutenção de aviões da América do Sul, localizado no interior de São Paulo– para identificar pequenas avarias na parte externa das aeronaves.
O engenheiro Marcos Melchiori, gerente-sênior do Latam MRO, explica que a inspeção com os drones é um dos primeiros procedimentos feitos quando um avião chega para revisão no espaço em São Carlos (SP), para onde a equipe da CNN viajou a convite da empresa.
“Ele identifica desde pequenos danos na fuselagem, que a gente chama de mossa, que é quando alguma coisinha bate na aeronave, é até trincas ou corrosões, que acontecem por envelhecimento da aeronave”, explica.
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“É importante dizer que são danos realmente muito pequenos. Você não vai ver uma uma aeronave com um dano extenso voando por aí. Mas o drone, inclusive pela precisão que ele tem de imagem, ajuda a gente identificar essas falhas”, acrescenta.
Segundo Melchiori, os drones utilizados possuem câmeras de alta resolução e flash. “Ele vai fazendo uma auto navegação pela aeronave e tirando milhares de fotos. Em uma mesma aeronave, ele vai tirar algumas milhares de fotos. Essas fotos são depois descarregadas para um software, onde uma inteligência artificial faz uma análise das imagens e ajuda o técnico a encontrar problemas”, diz o gerente do complexo.
Melchiori destaca que, por questões de segurança, a palavra final sobre o diagnóstico da aeronave é sempre de um ser humano.
“O ser humano que diz se a aeronave tem ou não um problema que precisa ser trabalhado. E depois ele ajuda a gente também a gerar um relatório onde fica tudo bem registrado quais foram os danos encontrados na aeronave.”
Economia de tempo
No caso de um Airbus A320, que tem cerca de 37 metros de comprimento e quase 12 metros de altura do chão até a ponta da cauda, o voo feito pelo drone para fazer a inspeção demora entre 20 e 30 minutos.
Após o término do voo, as imagens captadas passam por análise de um técnico. Esse processo dura entre uma hora e meia e duas horas. O tempo total, portanto, varia de duas horas a duas horas e meia.
Melchiori explica que se a atividade fosse feita manualmente, a varredura teria de ser executada por dois profissionais, que demorariam aproximadamente 16 horas para concluir o serviço.
Ou seja, o tempo total para realização desse procedimento de inspeção caiu de 16 para duas horas.
Como é feita a revisão programada
O gerente-sênior do Latam MRO explica que, assim que um avião chega no complexo para uma manutenção programada, é feito o desabastecimento dos tanques. O objetivo é evitar acidentes enquanto os profissionais estiverem trabalhando na aeronave.
Em seguida, é feita a inspeção externa com o uso dos drones. No passo seguinte, são feitos os chamados testes de entrada. “São vários sistemas da aeronave que vão sendo testados para a gente identificar se tem alguma falha. Terminados esses testes de entrada, a gente começa a desmontar a aeronave de acordo com as inspeções que têm que ser feitas. Cada perfil de check [revisão] demanda desmontagens diferentes”, diz Melchiori.
Em seguida, são feitas inspeções: algumas visuais e outras pela metodologia conhecida como NDT (non destructive testing –ou testes não destrutivos, em português).
Após a realização dos serviços necessários, quando tudo estiver concluído, a aeronave começa a ser remontada.
“O último passo são os testes finais, que é basicamente validar se os problemas foram corrigidos com as ações que foram tomadas durante a manutenção da aeronave”, detalha Melchiori.
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1 de 7Visão geral de um dos hangares do centro de manutenção da Latam em São Carlos, no interior de São Paulo • Fábio Munhoz/CNN
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2 de 7Aviões no centro de manutenção da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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3 de 7Airbus A320 durante revisão no centro de manutenção da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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4 de 7Funcionários trabalham no centro de manutenção da Latam em São Carlos, no interior de São Paulo • Fábio Munhoz/CNN
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5 de 7Boeing 767 da Latam durante revisão no centro de manutenção da empresa em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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6 de 7Airbus A320 durante revisão no centro de manutenção da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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7 de 7Airbus A320 durante revisão no centro de manutenção da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
Maior centro de manutenção de aviões da América do Sul fica em SP
Instalado em um parque industrial de 95 mil metros quadrados, o Latam MRO é o maior centro de manutenção de aviões da América do Sul. MRO é a sigla em inglês para Maintenance, Repair and Overhaul, que, em português, significa “Manutenção, Reparo e Revisão”.
O espaço, localizado a quase 250 quilômetros da capital paulista, atende, em média, 270 aeronaves por ano. Quase 70% de toda a manutenção programada da companhia na América Latina é feita por lá, onde trabalham quase 2.000 pessoas.
O complexo tem capacidade para atender até 16 aviões ao mesmo tempo e realiza trabalhos preventivos e corretivos em quase todos os modelos da frota da companhia: os aviões da família do Airbus A320 e os Boeings 767 e 787. A exceção é o Boeing 777, cuja manutenção, no Brasil, é feita em Guarulhos (SP).
A área também possui licença para prestar serviços a aeronaves da Embraer e da ATR –que não fazem parte da frota da empresa. O centro de manutenção tem 22 oficinas, como as de componentes eletrônicos, trens de pouso, tapeçaria e equipamentos de emergência.
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1 de 5Oficina de trens de pouso no centro de manutenção da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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2 de 5Oficina de trens de pouso no centro de manutenção da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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3 de 5Oficina de trens de pouso no centro de manutenção da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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4 de 5Trem de pouso principal de um Boeing 767 passa por revisão no centro de manutenção da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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5 de 5Trem de pouso dianteiro de um Airbus A320 no centro de manutenção da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
No local também funciona uma escola para formação de mecânicos de aviação. O espaço foi inaugurado em dezembro do ano passado e a primeira turma começou as aulas em janeiro de deste ano.
Para o aprendizado dos alunos, são disponibilizadas partes de aeronaves pela área da escola, onde os participantes podem executar tarefas práticas. Há motores, hélices, pedaços de fuselagem e maquetes de aeronaves.
Do lado de fora, a cabine de um Airbus A320 foi desmontada para que os alunos possam entender e visualizar como funciona cada componente do interior do jato. Há também uma asa da mesma aeronave, que foi aberta em alguns pontos para possibilitar acesso ao tanque de combustível. Veja abaixo:
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1 de 18Asa e cabine de avião foram colocados na escola de mecânicos da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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2 de 18Parte de fuselagem de um avião para treinamento de mecânicos na escola da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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3 de 18Cabine de um A320 da Latam foi desmontada para que os alunos possam ver como funciona um avião por dentro • Fábio Munhoz/CNN
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4 de 18Cabine de um A320 da Latam foi desmontada para que os alunos possam ver como funciona um avião por dentro • Fábio Munhoz/CNN
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5 de 18Maquetes de aviões utilizadas para treinamento de mecânicos na escola da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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6 de 18Cabine de um A320 da Latam foi desmontada para que os alunos possam ver como funciona um avião por dentro • Fábio Munhoz/CNN
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7 de 18Cabine de um A320 da Latam foi desmontada para que os alunos possam ver como funciona um avião por dentro • Fábio Munhoz/CNN
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8 de 18Cabine de um A320 da Latam foi desmontada para que os alunos possam ver como funciona um avião por dentro • Fábio Munhoz/CNN
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9 de 18Cabine de um A320 da Latam foi desmontada para que os alunos possam ver como funciona um avião por dentro • Fábio Munhoz/CNN
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10 de 18Cabine de um A320 da Latam foi desmontada para que os alunos possam ver como funciona um avião por dentro • Fábio Munhoz/CNN
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11 de 18Asa de avião foi desmontada para aprendizado de alunos na escola da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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12 de 18Asa de avião foi desmontada para aprendizado de alunos na escola da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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13 de 18Buraco aberto na asa dá acesso ao tanque de combustível do avião • Fábio Munhoz/CNN
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14 de 18Buraco aberto na asa dá acesso ao tanque de combustível do avião • Fábio Munhoz/CNN
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15 de 18Asa e cabine de avião foram colocados na escola de mecânicos da Latam em São Carlos (SP) • Fábio Munhoz/CNN
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16 de 18Parte de baixo da asa do avião • Fábio Munhoz/CNN
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17 de 18Parte de baixo da asa do avião • Fábio Munhoz/CNN
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18 de 18Acesso ao tanque de combustível da aeronave • Fábio Munhoz/CNN
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Drones são usados para inspecionar aviões em SP; veja como funciona no site CNN Brasil.