A operação deverá contar com garantia do Tesouro Nacional e, segundo a empresa, a formalização dependerá de aprovação pela Secretaria do Tesouro, vinculada ao Ministério da Fazenda. A expectativa, de acordo com membros da administração da estatal, é de que uma parte do montante (R$ 10 bilhões) seja liberada ainda este ano. Em 2026, os Correios devem receber a outra metade do valor a ser contratado, dividido em duas parcelas de R$ 5 bilhões cada. A intenção de contratar um empréstimo havia sido anunciada pelos Correios em outubro deste ano. Na ocasião, a cúpula da empresa informou que a medida seria adotada para recuperar caixa e recolocar as contas da companhia em uma trajetória positiva. A operação integra o plano de reestruturação da estatal, aprovado na última semana, que prevê, entre outras medidas, um novo programa de demissão voluntária; fechamento de 1 mil agências; e venda de imóveis (veja mais aqui). A companhia projeta que, ao final deste ano, deverá registrar um prejuízo recorde, superando o obtido no ano passado. Em um comunicado interno, a empresa estimou que o rombo poderá chegar a R$ 10 bilhões em 2025 — mais de R$ 7 bilhões acima do balanço de 2024. No comunicado, a estatal também classificou o empréstimo como “indispensável para a transição estrutural” dos Correios. Correios registram rombo de R$ 6 bilhões até setembro “Nos últimos anos, o que vem acontecendo com a empresa, e isso vem de forma crescente, é que, a perda de market share, a perda de competitividade, vem fazendo com que a gente tenha perda de receita”, disse. “Essa perda de receita impacta o caixa e, ao impactar o caixa, principalmente nos últimos meses, a gente vem afetando a operação que potencializa esse ciclo negativo”, acrescentou Emmanoel Rondon. Na ocasião, Rondon também explicou que, além de recompor o caixa, o empréstimo também seria utilizado para financiar ajustes fiscais e operacionais. “O que a gente está negociando de operação é para ter reequilíbrio da empresa em 2025 e 2026, ter tempo de adotar as medidas que começam a impactar em 2026, para em 2027 a gente conseguir iniciar um ciclo de balanço em azul. Então a ideia é que em 2027 a empresa já esteja reequilibrada. Lucro em 2027”, declarou. Segundo apurou a TV Globo, a taxa de juros do empréstimo deve ficar acima de 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Membros do governo avaliam que a taxa é considerada alta para os padrões de operações garantidas pelo Tesouro, como a pretendida pelos Correios. Em um comunicado divulgado na tarde deste sábado (29), a empresa não confirmou detalhes da operação. “As condições financeiras da operação ainda estão sendo tratadas junto às instituições envolvidas e, por ora, não podem ser detalhadas”, diz a manifestação da companhia. Plano de reestruturação Correios aprovam plano para reverter crise e anunciam que empréstimo de R$ 20 bi deve sair até o fim de novembro Segundo os Correios, ao longo dos últimos anos, os problemas financeiros foram potencializados por queda nas receitas, aumento de custos e perda de espaço no mercado de encomendas. A estatal estima que, “se nada for feito”, haverá um rombo de R$ 10 bilhões em 2025. No próximo ano, sem o plano, a companhia afirma que o prejuízo poderia alcançar R$ 23 bilhões. Dividido em três fases, o planejamento prevê, entre outras medidas, um novo programa de demissão voluntária; fechamento de até 1 mil agências; e venda de imóveis. O empréstimo, que recebeu aval neste sábado, também faz parte das ações. Em um comunicado divulgado na última semana, a companhia afirmou que a operação é “indispensável para a transição estrutural” dos Correios. 1️⃣ Na primeira etapa, que já está em andamento, a estatal pretende, por exemplo, regularizar pagamentos e revisar contratos. Também dará seguimento ao programa de demissão voluntária (PDV) e remodelagem de custos com plano de saúde. Em um comunicado enviado a funcionários, a direção da empresa disse que essa fase servirá para “colocar a casa em ordem e reduzir falhas que afetam equipes e clientes”. 2️⃣ A segunda etapa é chamada de “reorganizar e modernizar” e deverá ocorrer entre 2026 e 2027. É aqui que a empresa avaliará o fechamento de até mil agências consideradas deficitárias. Também poderão ser vendidos imóveis considerados ociosos — o que a companhia estima que poderá gerar até R$ 1,5 bi. Além disso, os Correios pretendem investir em automação e reduzir o déficit do Postal Saúde, responsável por gerir os planos de saúde dos funcionários da companhia. 3️⃣ A partir de 2027, a empresa pretende adotar estratégias para voltar a crescer. O presidente dos Correios afirma que o objetivo é que, neste ano, a companhia volte a ter lucro. A terceira fase deve contemplar revisões nos modelos de negócios, novos contratos e parcerias e mais investimento em tecnologia. A intenção é tornar os Correios competitivos dentro do mercado logístico.
Em crise, Correios aprovam contratação de empréstimo de R$ 20 bi para reestruturar estatal
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