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Ex-técnico do Corinthians expõe crise do sub-20 e cita demissão injusta

por Folhapress
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LIVIA CAMILLOSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ex-treinador do Corinthians sub-20, Orlando Ribeiro fez críticas à gestão do futebol de base do clube e classificou sua saída como “precipitada e sem justificativas convincentes”. Em entrevista exclusiva à reportagem, o técnico, que vive um período de transição para o futebol profissional, detalhou os problemas estruturais enfrentados durante os dez meses de trabalho no clube, citou erros da gestão Augusto Melo e defendeu o projeto que vinha sendo executado até sua demissão, no fim de julho, já sob comando do presidente de Osmar Stabile.CAMPANHA IRREGULAR NO BRASILEIRÃOO Corinthians teve uma campanha irregular no Brasileirão sub-20 de 2025 e terminou a primeira fase na 15ª colocação. Em 19 jogos, a equipe somou 20 pontos, com quatro vitórias, oito empates e sete derrotas, marcando 24 gols e sofrendo 35. As dificuldades deixaram o time longe da briga por classificação às quartas de final. Ainda assim, o desempenho foi superior ao do ano passado, quando o clube paulista terminou na 18ª posição -e teria sido rebaixado se o regulamento desta temporada estivesse em vigor. Foi assim, com menos de dois meses sob a gestão Stabile, que o treinador caiu. “Acredito que foi um momento inoportuno para a gente ter saído. É um momento que a gente entende que não foi bem explicado o porquê que saiu somente por causa da campanha. E a campanha no Brasileiro foi melhor que no ano passado”, afirmou Orlando. DESEQUILÍBRIO ENTRE CATEGORIASSegundo Orlando, o clube não levou em conta o contexto em que a equipe estava inserida antes de sua demissão, com perda constante de atletas para o time profissional e desequilíbrio entre as categorias. “O Corinthians precisa equilibrar melhor o grupo do sub-20. Se essa categoria estiver desequilibrada, desequilibra a base toda e afeta até o [elenco] profissional”, comentou Ribeiro. Na visão do treinador, o sub-20 serve como elo fundamental na transição entre as divisões de base e o elenco principal. Quando mal estruturado, toda a cadeia sofre impacto, desde o sub-17 até o profissional, que frequentemente recorre a jovens para completar treinamentos e jogos. Inclusive, desde que Dorival Júnior assumiu o comando do profissional, as Crias do Terrão têm ganhado cada vez mais espaço.”Ou você desequilibra o sub-17 ou o sub-20. Mas é menos prejudicial desequilibrar o 17 do que o 20, porque os [atletas] mais velhos estão muito próximos do profissional”, disse Orlando Ribeiro. ‘SUB-20 B ÃO TEM O MESMO NÍVEL TÉCNICO’Orlando explicou que o “sub-20 B”, antigo sub-18, não cumpria o papel esperado de reforçar a categoria principal. Contratações sem sucesso acabavam indo jogar torneios de menor expressão na equipe alternativa. “O Corinthians contratou alguns atletas no sub-20. A maioria dos atletas, não posso dizer todos, não foram indicação minha. Esse menino foi bem em torneio paralelo, fez quatro, cinco gols, mas no Brasileiro sub-20 ainda estava longe [do nível necessário]. Antes era o sub-18, agora virou sub-20 B. Eles disputam torneios paralelos, mas que não têm o mesmo grau de exigência. Alguns meninos iam bem nesses torneios paralelos, mas quando subiam para o Brasileiro ainda estavam longe do nível necessário”, afirmou o técnico. As dificuldades também passavam pela rotina. Por treinar em horários distintos, o sub-20 B não estava totalmente integrado ao restante da base, o que limitava observações diretas. “Assistia a alguns jogos por link e perguntava sobre atletas que poderiam ajudar no sub-20. Era um esforço para não perder de vista esses jogadores”, relatou. Para contornar o problema, Orlando utilizava um sistema de trocas, revezando jogadores entre os dois grupos. A ideia era dar rodagem e maturação a quem ainda não estava pronto. “Às vezes não era questão de qualidade, mas de momento. Melhor estar no sub-20 B jogando do que ficar no sub-20 treinando pouco.” TÉCNICO TENTOU AVISAR ANTIGA GESTÃOO técnico Orlando Ribeiro afirmou que, durante sua passagem, ele e sua comissão técnica tentaram avisar a antiga gestão sobre a situação da base. Ele mencionou que “todo esse contexto foi passado para a coordenação, foi passado para a CEO”, referindo-se a Fred Luz, que ocupou o cargo na época. A intenção era que as informações chegassem à diretoria, mas isso nunca aconteceu.Apesar do esforço, poucos meses após a saída oficial de Luz, Orlando passou a sofrer pressão pela campanha ruim. As reclamações culminaram na demissão, com a justificativa de que havia necessidade de “oxigenar a categoria”. E, mesmo sem compreender a mudança, o treinador afirma não guardar nenhuma mágoa: “Só tenho que agradecer ao Corinthians”. FUTURO NO PROFISSIONALNos últimos anos, o treinador não teve tempo para pensar no futuro, pois sua carreira foi marcada por transições rápidas. Depois de 11 anos no São Paulo, ele se transferiu para o Palmeiras, de onde pediu para sair para ir para o Santos, e em seguida, em apenas dois dias após desligamento, aceitou a proposta do Corinthians. Agora, num período sabático, Ribeiro tem planos definidos para o próximo passo da carreira: atuar no futebol profissional. Ele vê a transição da base para o profissional como um projeto, apesar de reconhecer que a transição é difícil. Questionado se a busca pelo novo cargo seria imediata, ele respondeu: “Já agora. Sim, aparecendo profissional, a gente pensa com carinho.” Leia Também: Com Romário presidente, América-RJ voltará a torneio nacional após 16 anos

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