Home » Fed mantém juros dos EUA na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, pela quinta reunião seguida

Fed mantém juros dos EUA na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, pela quinta reunião seguida

por Redação
0 comentário
fed-mantem-juros-dos-eua-na-faixa-de-4,25%-a-4,50%-ao-ano,-pela-quinta-reuniao-seguida

A decisão desta quarta-feira (30) veio dentro das expectativas do mercado financeiro, mas está na contramão dos apelos do presidente dos EUA, Donald Trump, que há meses pressiona por cortes nas taxas básicas. (entenda abaixo) Em comunicado, o Fed reiterou as incertezas em torno dos possíveis impactos do tarifaço, repetindo argumentos apresentados nas decisões de junho e maio, mas reconhecendo avanços nos indicadores econômicos mais recentes. “Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica se moderou na primeira metade do ano. A taxa de desemprego continua baixa, e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas. A inflação segue um pouco elevada”, diz o comunicado desta quarta-feira. O banco central dos EUA afirmou ainda que continuará monitorando os efeitos das informações econômicas recebidas para embasar suas próximas decisões, e reiterou que a incerteza em relação às perspectivas econômicas permanece elevada — o que inclui o tarifaço de Donald Trump. “As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo dados sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais.” As decisões sobre os juros nos EUA têm reflexos no Brasil. Quando as taxas americanas permanecem elevadas, aumenta a pressão para que a taxa básica de juros brasileira (Selic) também se mantenha alta por mais tempo. Além disso, há efeitos sobre o câmbio. Trump aumenta pressão por novos cortes de juros Desde que assumiu a presidência dos EUA em janeiro, Trump tem ampliado sua ofensiva tarifária contra os principais parceiros comerciais do país. A política adotada reforça o caráter protecionista de sua agenda, voltada a favorecer e priorizar a economia americana. Na visão de Trump, as tarifas devem ajudar a reduzir o déficit comercial dos EUA — ou seja, aumentar as exportações em relação às importações —, impulsionando a indústria e o setor produtivo do país. Na prática, porém, o modelo gera dúvidas entre especialistas, que enxergam o tarifaço como um possível fator de pressão na inflação americana. Mais cedo, o Departamento de Comércio dos EUA divulgou que o crescimento econômico no segundo trimestre foi de 3%, acima das expectativas para o período. Trump comemorou o resultado do PIB e voltou a pressionar o Fed por uma redução nas taxas de juros. “O PIB do 2º trimestre acabou de ser divulgado: 3%, muito melhor do que o esperado! ‘Tarde Demais’ [Jerome Powell], é preciso reduzir a taxa. Sem Inflação! Deixe as pessoas comprarem e refinanciarem suas casas!”, escreveu o republicano em suas redes sociais. No entanto, o crescimento foi influenciado pelas importações, já que muitas empresas anteciparam compras para evitar os efeitos das tarifas, aumentando seus estoques. Segundo especialistas, esse movimento pode distorcer os dados do Produto Interno Bruto (PIB). Durante a tarde, em coletiva na Casa Branca, Trump voltou a criticar o Fed: “Estamos mantendo as taxas altas, e isso está impedindo as pessoas de comprarem casas. Tudo por causa do Fed.” Reflexos no Brasil — e nos mercados Na prática, juros elevados nos EUA aumentam o rendimento das Treasuries, os títulos públicos norte-americanos. Como são considerados os produtos de investimento mais seguros do mundo, as Treasuries com rentabilidades mais altas atraem investidores estrangeiros, que redirecionam seus recursos para os EUA e dão força para o dólar. Em outra perspectiva: o movimento tende a reduzir o volume de investimentos estrangeiros no Brasil, desvalorizando o real em relação à moeda norte-americana. Além disso, dólar elevado aumenta a pressão sobre a inflação por aqui, e pode ter reflexos no ciclo de juros do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil. Prédio do Federal Reserve dos EUA em Washington, EUA (maio/2020) — Foto: Kevin Lamarque / Reuters

você pode gostar