Segundo as investigações, pelo menos 11 entidades associativas são suspeitas de realizar descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas (veja lista abaixo). Fraude no INSS: como descobrir se você foi uma vítima A operação, que ocorreu em diversos estados, resultou em mandados de busca e apreensão, além de prisões preventivas. Segundo as investigações, os desvios ocorreram entre 2019 e 2024 e podem chegar a R$ 6,3 bilhões, conforme as estimativas. As entidades sob investigação são: AmbecSindnapi/FS AAPB Aapen (anteriormente denominada ABSP) Contag AAPPS UniversoUnaspubConafer Adpap Prev (anteriormente denominada Acolher) ABCB/Amar Brasil Caap Nesta reportagem você também vai saber: Como funcionava o esquema Dessa forma, cobravam mensalidades irregulares, descontadas dos benefícios de aposentados e pensionistas, sem a autorização deles. Em muitos dos casos, as associações falsificavam a assinatura dos beneficiários do INSS. Durante a operação, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado e, em seguida, demitido do cargo. Outros cinco servidores públicos foram afastados de suas funções, a maioria ligada ao INSS. Veja quem são os servidores afastados do INSS por determinação da Justiça — Foto: Reprodução/JH Quem são os servidores afastados Stefanutto, o presidente demitido do INSS, é servidor de carreira desde 2000 e, até pouco tempo, era filiado ao PSB. Atualmente, está filiado ao PDT, de Carlos Lupi, responsável por sua indicação ao cargo. Os outros cinco afastados cautelarmente pela Justiça foram: o procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho;o coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente do INSS, Giovani Batista Fassarella Spiecker;o diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, Vanderlei Barbosa dos Santos;o coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios do INSS, Jacimar Fonseca da Silva;o sexto colaborava com as fraudes e não teve o nome divulgado. Seis pessoas foram presas A operação desta quarta cumpriu 211 mandados de busca e apreensão em 34 municípios. Cinco pessoas foram presas na quarta pela manhã e uma estava foragida, mas, segundo interlocutores, ela foi presa na noite do mesmo dia. Todos investigados são de entidades associativas de Sergipe. Há também ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão. Segundo o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, foram apreendidos carros de luxo, joias, obras de arte e dinheiro vivo. Operação da Polícia Federal em vários estados brasileiros contra fraudes no INSS. — Foto: Polícia Federal O que mais a investigação descobriu As irregularidades estão relacionadas a mensalidades cobradas por associações sobre os benefícios do INSS. Os descontos eram feitos como se os beneficiários tivessem concordado em se associar, o que não aconteceu. Segundo o ministro da CGU, essas entidades supostamente prestavam serviços como assistência jurídica e ofereciam descontos em academias e planos de saúde. As apurações mostraram que “as entidades não tinham estrutura operacional para prestar o serviço que era oferecido”, explicou Carvalho. Além dos casos em que houve falsificação de assinaturas, 70% das 29 entidades analisadas não tinham entregado ao INSS a documentação completa para fazer os descontos nos benefícios. As associações formalizam Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS para realizar descontos mensais na folha de pagamento de aposentados e pensionistas. Mas, para isso, precisam de autorização expressa dos beneficiários do INSS. No entanto, a investigação verificou a ausência de verificação rigorosa dessas autorizações e a possibilidade de falsificação de documentos de filiação e autorização. Uma das entidades é o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), que tem como vice-presidente o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico. Em nota, o Sindnapi afirmou que apoia as investigações contra descontos indevidos e que “é uma entidade séria, transparente e responsável.” “Atuamos sempre com autorizações formais, em conformidade com as normas do INSS”, conclui a manifestação. A investigação começou em 2023 na CGU, no âmbito administrativo. Em 2024, após a CGU encontrar indícios de crimes, a Polícia Federal foi acionada. Segundo Lewandowski, a PF abriu 12 inquéritos para investigar as fraudes. Como saber se tive valores descontados? Para descobrir se houve descontos indevidos, o aposentado ou pensionista deve consultar o extrato do INSS. No documento, estão todas as retiradas, tanto de crédito consignado como de mensalidades associativas. Acesse o app ou site Meu INSSFaça login com CPF e senha do Gov.brClique em “Extrato de benefício”Em seguida, clique sobre o número do benefícioNa próxima tela, irá aparecer o extratoBasta, então, verificar descontos de mensalidades associativas Como excluir cobrança indevida? O aposentado ou pensionista que não reconhecer um desconto em seu benefício pode requerer o serviço “excluir mensalidade associativa” pelo aplicativo, no site do Meu INSS ou pela central 135. 📲 Confira o passo a passo para excluir a cobrança: Entre no app “Meu INSS”Faça login com CPF e senha do Gov.brClique no botão “novo pedido”Digite “excluir mensalidade”Clique no nome do serviço/benefícioLeia o texto que aparece na tela e avance seguindo as instruções Para bloquear o benefício para as associações, para que elas não consigam realizar os descontos de mensalidade, é preciso seguir as orientações abaixo: Entre no Meu INSSFaça login com CPF e senha do Gov.brNo campo de pesquisa da página inicial , digite “solicitar bloqueio ou desbloqueio de mensalidade”Na lista, clique no nome do serviço/benefícioLeia o texto que aparece na tela e avance seguindo as instruções O beneficiário ainda tem a opção de entrar em contato com a associação para registrar uma reclamação e solicitar o estorno das contribuições realizadas de forma indevida. Para o ressarcimento, o aposentado ou pensionista pode ligar para o telefone 0800 da entidade, cujo número aparece no holerite. Além disso, o segurado pode enviar e-mail para acordo.mensalidade@inss.gov.br, informando o ocorrido. O INSS irá entrar em contato com a entidade autora do desconto em folha, solicitando os documentos que autorizaram o desconto ou a devolução dos valores. Reclamações e denúncias sobre descontos não autorizados de associações ou entidades podem ser registradas diretamente no Portal Consumidor.Gov e na Ouvidoria do INSS, através da Plataforma Fala BR.
Fraude no INSS: veja lista de entidades suspeitas de envolvimento em esquema bilionário
Fraude no INSS: veja lista de entidades suspeitas de envolvimento em esquema bilionário