➡️Pelas regras atuais, 65% dos recursos captados pelos bancos por meio da caderneta de poupança têm que ser direcionados obrigatoriamente ao crédito imobiliário; 15% estão livres para outras operações; e 20% ficam com retidos no Banco Central (os chamados depósitos compulsórios). Após um período de transição, segundo o Palácio do Planalto, o direcionamento obrigatório de 65% dos depósitos da poupança acabará e os depósitos compulsórios no Banco Central referentes a esse tipo de aplicação também. “O total dos recursos depositados na caderneta de poupança passará a ser referência para o volume de dinheiro que os bancos devem destinar ao crédito habitacional, incluindo as modalidades do SFH e do SFI (Sistema de financiamento imobiliário)”, diz nota do governo. 👉 Nesse modelo, o volume de crédito imobiliário depende do quanto as pessoas deixam na poupança. Nos últimos anos, como muita gente tirou dinheiro da poupança, o volume de crédito encolheu. Veja os vídeos que estão em alta no g1 De acordo com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ao ampliar o uso dos recursos da poupança, combinados com valores captados no mercado pelas instituições financeiras, haverá mais recursos para o crédito imobiliário “de maneira que a elevação da taxa [de juros cobrada nos financiamentos] não ocorra”. ➡️A ideia é liberar gradualmente recursos captados pelas instituições financeiras que hoje ficam retidos no BC, nos compulsórios e, com isso, possibilitar o aumento do crédito imobiliário. Segundo o governo, a medida beneficia, principalmente, as operações realizadas dentro das regras do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) para classe média, o que, por consequência, também deve expandir o investimento no setor de construção civil e o emprego. De acordo com o Palácio do Planalto, o valor máximo do imóvel financiado no âmbito do SFH passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. De acordo com o ministro das Cidades, Jader Filho, as mudanças anunciadas vão permitir que a Caixa Econômica Federal financiem 80 mil novos imóveis com juros de até 12% ao ano, ou seja, abaixo da taxa básica da economia (que está em 15% ao ano). O crédito beneficiará famílias que ganham até R$ 12,5 mil por mês. Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, as mudanças recentes anunciadas no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que limitaram a antecipação dos saques-aniversário, em conjunto com as medidas desta semana para aumentar o financiamento à classe média, mudam o cenário para a habitação no país, elevando a oferta de moradias. “Depois do MCMV, lançar o novo sistema para a classe média demonstra compromisso inabalável com a moradia digna para o povo brasileiro”, disse. Moradias do ‘Minha Casa, Minha Vida Rural’ em Mosqueiro, distrito de Belém. — Foto: Divulgação / Lucas Lima O governo explicou que, justamente por conta da queda nos saldos de poupança e das mudanças no mercado financeiro, foi elaborado esse novo modelo de financiamento do setor imobiliário. “A poupança será maximizada como fonte de financiamento, ou seja, na medida em que mais valores são depositados em poupança, mais crédito será disponibilizado para financiamento imobiliário, o que tende a ampliar a oferta de crédito considerando ainda as captações de mercado, por exemplo, via LCIs (Letras de crédito imobiliário) e CRIs (Certificados de recebíveis imobiliários)”, informou o governo. ➡️O governo avaliou, também, que o novo modelo aumenta a competição, pois incorpora os depósitos interfinanceiros imobiliários ao direcionamento, o que permite que instituições que não captam poupança também concedam crédito habitacional em condições equivalentes às demais. “Essa medida atende a uma faixa da população que estava sem acesso a crédito habitacional. Hoje, as famílias nas faixas de renda 1, 2, 3 e 4, que vão até R$ 12 mil são atendidas pelo Minha Casa Minha Vida. Acima disso, as pessoas estavam sem alternativas. A não ser que ganhem muito bem para suportar juros de mercado”, disse o ministro das Cidades, Jader Filho. Período de transição Segundo o governo, a transição para o novo modelo de financiamento do setor imobiliário será gradual, iniciando ainda este ano. De acordo com a equipe econômica: O novo modelo deverá ter plena vigência a partir de janeiro de 2027. Até lá, fica valendo o direcionamento obrigatório de 65% dos recursos captados na poupança para operações de crédito habitacional. Dos 35% restantes, pelas regras atuais, 20% são recolhidos ao Banco Central a título de depósito compulsório e 15% vão para operações livres. Durante a transição, o volume dos compulsórios será reduzido para 15% e os 5% serão aplicados no novo regime.