Home » Haddad critica gastos herdados e impacto da ‘Tese do Século’ nas contas públicas

Haddad critica gastos herdados e impacto da ‘Tese do Século’ nas contas públicas

por Redação
0 comentário
haddad-critica-gastos-herdados-e-impacto-da-‘tese-do-seculo’-nas-contas-publicas

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou que parte dos gastos atuais do governo — equivalente a 0,5 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) — foi assumida ainda em 2021, durante a gestão de Jair Bolsonaro. A declaração foi feita nesta segunda-feira (22), durante o Macro Day, evento organizado pelo BTG Pactual. No o início de sua participação no painel, Haddad criticou o aumento de despesas fixas assumidas pelo governo anterior, resultado de alterações no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). “Estamos arcando com um gasto contratado em 2021 do qual não temos como sair”, declarou. Segundo Haddad, apenas os gastos com BPC e Fundeb somam mais de R$ 70 bilhões adicionados ao orçamento naquele ano. Haddad também ressaltou que a arrecadação atual está próxima dos níveis registrados em 2022. Segundo ele, em 2026, os gastos devem ficar apenas 0,2 ponto percentual acima do observado há três anos, se desconsiderado o acréscimo de 0,5 ponto referente ao BPC e ao Fundeb. Outro ponto de crítica foi a chamada “Tese do Século”, decisão que excluiu o PIS/Cofins da base de cálculo do ICMS. “Essa medida, sozinha, significou uma perda de arrecadação de R$ 1 trilhão. É um impacto equivalente a 10 ponto percentual do PIB na dívida pública ao longo do tempo.” Meta fiscal e trajetória dos Haddad também destacou que, para fortalecer o arcabouço fiscal, é preciso construir condições políticas que permitam dialogar com os parlamentares sobre a necessidade de ajustes em algumas regras. Segundo o ministro, não existe uma “norma fiscal” melhor do que o arcabouço atual. Ele também defendeu o combate a “desperdícios”, com o avanço de propostas que já estão em discussão no Congresso, como o fim dos supersalários no serviço público e mudanças na Previdência dos militares. Ao ser questionado sobre o impacto das contas públicas na trajetória dos juros — de curto e longo prazo —, o ministro afirmou que outros fatores também influenciam. “Só com o fiscal não se explica manter a taxa de juro elevada. Como é que se justifica juro tão alto num cenário em que temos PIB crescendo, 2% de superávit e dívida pública em queda?”, indagou Haddad. Na avaliação de Haddad, a partir do próximo ano, se o ministério conseguir seguir com sua agenda, o cenário deve se estabilizar — especialmente com o apoio do Congresso e dos estados. Ainda assim, ele reconheceu que a polarização política pode dificultar esse avanço. “Tem muito projeto bom para votar no Congresso. Eu gostaria que houvesse mais luz sobre a economia real, porque tem muita coisa acontecendo que vai dar sustentabilidade ao que estamos construindo.” Fernando Haddad durante coletiva sobre megaoperação contra o PCC — Foto: Jorge Silva/Reuters

você pode gostar