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Indígena lésbica percorre o Brasil e enfrenta ameaças em busca de visibilidade LGBT nas aldeias

por Redação
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Yakecan é membro da aldeia São José, na pequena Crateús (CE), com pouco mais 76 mil habitantes (saiba mais ao fim da reportagem). Ela relata que o preconceito está presente em vários âmbitos da sua vida, por ser: indígena no Nordeste. Segundo Yakecan, existe um o mito de que não restaram mais povos originários na região, um argumento usado para invalidar a luta por território; mulher. Portanto, dentro dos movimentos sociais, precisa se impor mais para ter voz; lésbica. Se assumir a fez ter que reconquistar toda a credibilidade perante seus iguais. “Eu tive um tipo de apagamento quando eu me assumi. Muitas coisas ficaram difíceis para mim”, afirma a ativista. Ela explica que um dos desafios que teve ao se descobrir lésbica, aos 15 anos, foi conseguir a aceitação da família. Perda da voz Filha de pajé e descendente de lideranças do movimento social, Yakecan precisou se afastar do ativismo, por causa do preconceito da própria comunidade. Isso porque seu momento de fala nunca chegava nos debates: se assumir a fez “perder” sua voz. Nos grupos LGBTs, também sofreu exclusão — dessa vez, por ser indígena. Essa realidade começou a mudar quando Yakecan buscou por outros LGBTs em sua aldeia. Para sua surpresa, descobriu que existiam sim; contudo, ninguém falava sobre isso. Existe LGBT no campo: as histórias de quem enfrenta o preconceito Em 2019, ela criou um coletivo de indígenas LGBTs com atuação em todo o estado. Com ele, Yakecan e outros membros passaram a visitar aldeias pelo Brasil. O objetivo é levar conscientização sobre a pauta LGBT e apoiar quem passa pelos mesmos desafios. Entretanto, essa missão não é fácil. Nem todas as comunidades são receptivas. Com frequência o grupo é expulso e até mesmo ameaçado de morte. Segundo Yakecan, a religiosidade cristã dentro das aldeias é um dos principais motivos dessa rejeição. “A maioria das famílias dos parentes [outros indígenas] que são LGBTs não aceita porque isso é um pecado. O certo é casar a mulher com o homem. Isso que a gente aprende durante o nosso crescimento. E muitas famílias são violentas”, afirma. Yakecan relata que a estratégia para tentar entrar nas aldeias é chegar “com calma” e tentar conversar com as lideranças, “para ver se a gente consegue, porque é muita violência mesmo”, diz. Atualmente, Yakecan é professora na primeira escola indígena de Crateús e diz que reconquistou o apoio da comunidade. “E hoje eu vejo muito as lideranças e os mais velhos ficarem mais atentos. Eles dizem que têm muito orgulho por eu ser quem eu sou”, diz. Saiba mais sobre a cidade de Yakecan — Foto: Arte g1 Odorico foi agredido pela família por ser gay. Hoje, luta contra o preconceito Influenciador volta ao campo após sair por preconceito: ‘Hoje sou quem eu sou’ ‘Resistir para existir’: a luta de uma mulher trans quilombola contra o preconceito

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