O Irã apoiará qualquer decisão tomada pelo Líbano em negociações para garantir um cessar-fogo com Israel, disse uma autoridade iraniana de alto escalão nesta sexta-feira (15), sinalizando que Teerã quer ver o fim de um conflito que desferiu golpes pesados em seu aliado libanês Hezbollah.Ali Larijani, conselheiro do líder supremo do Irã, falou durante uma visita a Beirute enquanto Israel continua os bombardeios em áreas controladas pelo Hezbollah na capital libanesa.Esta semana, Israel intensificou os ataques aéreos contra os subúrbios do sul controlados pelo grupo libanês – uma escalada que coincidiu com indicações de movimento em contatos diplomáticos liderados pelos Estados Unidos em direção ao fim do conflito.O embaixador americano no Líbano apresentou um rascunho de proposta de trégua na quinta-feira (14) ao presidente do parlamento libanês, Nabih Berri, que é endossado pelo Hezbollah, para negociar, disseram duas fontes políticas libanesas de alto escalão à Reuters.O rascunho foi a primeira proposta escrita de Washington para interromper os combates entre o aliado Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irã, em pelo menos várias semanas, disseram as fontes. As fontes não forneceram detalhes sobre o conteúdo da proposta.Em entrevista a jornalistas após se encontrar com Berri, Larijani disse que Berri lhe forneceu “bons esclarecimentos”.“Não estamos procurando sabotar nada”, disse Larijani, respondendo se ele tinha ido a Beirute para se posicionar contra o texto dos Estados Unidos.“Estamos atrás de uma solução para os problemas. Apoiamos em todas as circunstâncias o governo libanês. Aqueles que estão atrapalhando são Netanyahu e seu povo”, disse Larijani, referindo-se ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.O Hezbollah foi fundado pela Guarda Revolucionária do Irã em 1982 e foi armado e financiado por Teerã.Um diplomata sênior, falando sob condição de anonimato, avaliou que mais tempo é necessário para um cessar-fogo e estava esperançoso de que ele pudesse ser alcançado.A diplomacia marca uma tentativa do governo americano de garantir um cessar-fogo no Líbano, já que os esforços para acabar com a guerra em Gaza parecem totalmente perdidos.Um grande ponto de discórdia é a demanda de Israel de manter a liberdade de agir caso o Hezbollah viole qualquer acordo – uma demanda que o Líbano rejeita.Israel atacou o Hezbollah e o Líbano após quase um ano de hostilidades na fronteira desencadeadas pela destruição da Faixa de Gaza pelo regime de Netanyahu.Os ataques destruidores de Israel forçaram mais de 1 milhão de pessoas a fugir de suas casas no Líbano, desencadeando uma nova crise humanitária na região.A guerra promovida por Israel desferiu golpes sérios ao Hezbollah, matando seu líder Sayyed Hassan Nasrallah e outros comandantes.O Hezbollah manteve ataques de foguetes contra Israel e seus combatentes têm lutado contra tropas israelenses no sul.Prédios destruídosNa sexta-feira (15), um ataque aéreo israelense arrasou um prédio perto de um dos cruzamentos de tráfego mais movimentados de Beirute, Tayouneh, sacudindo a capital libanesa. O prédio visado está em uma área onde os subúrbios ao sul encontram outras partes da cidade, um alvo mais central do que a maioria que Israel atingiu.Antes dos últimos ataques aéreos, o exército israelense emitiu um aviso nas redes sociais identificando prédios nos subúrbios ao sul e dizendo aos moradores para deixarem o local, alegando que estavam perto de instalações do Hezbollah.O som de um míssil se aproximando pôde ser ouvido em imagens que mostraram o ataque aéreo perto de Tayouneh. O edifício visado se transformou em uma montanha de escombros e detritos e uma nuvem de poeira que se avolumou no Horsh Beirute adjacente, o principal parque da cidade.Na quinta-feira (14), Eli Cohen, ministro da Energia de Israel e membro do gabinete de segurança, disse à Reuters que as perspectivas de um cessar-fogo são as mais promissoras desde o início do conflito.O Washington Post relatou que Netanyahu está correndo para avançar um cessar-fogo no Líbano com o objetivo de entregar uma vitória antecipada na política externa ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que deve ser fortemente pró-Israel.De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, os ataques israelenses mataram pelo menos 3.386 pessoas até quarta-feira desde 7 de outubro do ano passado, a grande maioria delas desde o final de setembro. Os dados não fazem distinção entre vítimas civis e combatentes.Os ataques do Hezbollah mataram cerca de 100 civis e soldados no norte de Israel, nas Colinas de Golã ocupadas por Israel e no sul do Líbano no ano passado, de acordo com Israel.