O economista Bruno Carazza, doutor em direito econômico pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e comentarista do Jornal da Globo, destacou que cerca de 15 milhões de contribuintes deixarão de pagar ou passarão a recolher menos imposto. 🔎 Prevista para valer a partir de 2026, a medida prevê que quem ganha até R$ 5 mil mensais ficará isento do pagamento. Já rendas entre R$ 5 mil e R$ 7.350 terão uma isenção parcial, com descontos na alíquota. Segundo ele, o desenho do projeto, no entanto, também deixa claro a dimensão da desigualdade de renda no Brasil: enquanto milhões de trabalhadores de classe média e média alta serão beneficiados, um grupo estimado entre 140 mil e 150 mil pessoas — aqueles que ganham mais de R$ 50 mil mensais, ou R$ 600 mil por ano — passará a financiar a conta. “Essa medida dá concretude à ideia de retirar os mais pobres da base de cobrança e transferir a responsabilidade para os mais ricos”, afirmou. Impacto para o contribuinte com a isenção do IR — Foto: Arte/g1 Carazza lembra que, após duas décadas de cobrança “mais suave”, os contribuintes de alta renda voltarão a ter uma participação proporcional maior no sistema tributário. Isso porque, no Brasil, diversos mecanismos reduzem a carga efetiva sobre os mais ricos, como a isenção de lucros e dividendos e a menor tributação sobre aplicações financeiras. “Quanto maior a renda, menor é a proporção de imposto paga no país. O projeto busca corrigir essa distorção, estabelecendo um patamar mínimo de 10%”, aponta o economista. 🔎 A nova tributação recai sobre lucros e dividendos, que hoje são isentos do Imposto de Renda. Já quem tem apenas o salário como fonte de renda não será afetado, pois continua sujeito à tabela progressiva do IR, com retenção em folha de até 27,5%. Apesar do avanço, o economista ressalta que a proposta ainda mantém brechas importantes. Continuam isentos, por exemplo, valores transmitidos por herança, seguros de vida e planos de previdência privada. “A medida sinaliza uma mudança no modelo de arrecadação, ampliando o alcance da isenção para milhões de contribuintes de renda média e transferindo parte da responsabilidade para os que estão no topo da pirâmide econômica”, reforça o economista. Imposto de Renda — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Isenção do IR vai beneficiar 15 milhões, enquanto 150 mil de alta renda pagam a diferença
Isenção do IR vai beneficiar 15 milhões, enquanto 150 mil de alta renda pagam a diferença