O líder do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou nesta sexta-feira (18) que o grupo xiita libanês não entregará suas armas e que só aceitará dialogar sobre o tema quando a ameaça de Israel deixar de existir — mesmo que isso leve a um novo confronto armado. “Não vamos abrir mão da nossa fé nem da nossa força. Estamos prontos para o confronto. Não haverá rendição nem entrega das armas da resistência, e Israel não conseguirá tirá-las de nós”, declarou o secretário-geral do Hezbollah, em discurso transmitido pela televisão libanesa. O grupo é classificado como organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia. Segundo o clérigo xiita, o armamento do Hezbollah é o principal obstáculo à expansão do Estado de Israel e uma ferramenta essencial para proteger o Líbano. Por isso, ele condiciona qualquer discussão interna sobre o desarmamento ao fim da ameaça israelense. Mesmo com o cessar-fogo firmado em novembro de 2024, Israel tem realizado ataques quase diários ao território libanês, incluindo grandes bombardeios. Somente nesta semana, doze pessoas morreram em ataques no Vale do Bekaa, no leste do país. Além disso, tropas israelenses permanecem posicionadas em cinco colinas no sul do Líbano, desrespeitando o acordo de cessar-fogo. Na semana passada, o presidente libanês pediu a retirada imediata das forças de Israel, alegando que sua presença impede o exército libanês de assumir o controle da fronteira. O acordo firmado em novembro previa que apenas o exército libanês e as forças de paz da ONU atuariam no sul do país. O comandante do exército, Joseph Aoun, rejeitou qualquer possibilidade de normalização das relações com Israel, reforçando que isso só será possível com o estabelecimento de uma paz duradoura. Israel, por sua vez, afirma que os ataques têm como objetivo conter as ações do Hezbollah e nega estar violando o cessar-fogo — justificativa rebatida pelas autoridades libanesas e condenada pelas Nações Unidas. “Sabemos que o confronto tem um custo alto, mas a rendição nos deixaria sem nada. Precisamos aprender com os exemplos da região e do mundo”, afirmou Qassem em seu discurso. As declarações vêm logo após a visita do enviado especial dos EUA para a Síria, Thomas Barrack, a Beirute. Ele apresentou uma proposta para resolver pendências do acordo de cessar-fogo, com foco no desarmamento do Hezbollah — condição rejeitada pelo grupo, que também acusou o mediador americano de descumprir garantias acordadas anteriormente. Apoiado militar e financeiramente pelo Irã, o Hezbollah iniciou uma série de ataques com mísseis contra Israel em outubro de 2023, logo após a ofensiva militar do Hamas em território israelense. Os ataques do grupo forçaram milhares de civis israelenses a deixarem áreas próximas à fronteira. Em resposta, Israel intensificou bombardeios no Líbano a partir de setembro de 2024 e, em outubro, lançou uma ofensiva terrestre que destruiu parte significativa do poderio militar do Hezbollah e matou líderes importantes do grupo. O conflito foi encerrado com o cessar-fogo de novembro. Netanyahu liga para Leão 14 após ataque a igreja em Gaza, e papa pede cessar-fogo “O Santo Padre reiterou seu apelo por um novo impulso nas negociações, um cessar-fogo e o fim da guerra”, afirmou a Santa Sé Folhapress | 16:30 – 18/07/2025
Líder do Hezbollah rejeita desarmamento e ameaça novo confronto
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