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Mercado paralelo de dólares da Argentina sofre após flexibilização dos controles cambiais

por Redação
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A flexibilização dos controles cambiais faz parte de um pacote mais amplo de reformas econômicas adotadas por Milei desde que assumiu o cargo no final de 2023, em uma tentativa ousada de tirar a economia de um ciclo prolongado de crise. Investidores vinham pressionando pelo fim dos controles de capital como forma de impulsionar o comércio e eliminar as distorções provocadas pelas grandes discrepâncias entre a taxa de câmbio oficial e a paralela Os argentinos comuns já não precisam recorrer ao mercado paralelo, e as empresas agora conseguem acessar dólares para pagar importações sem a necessidade de cumprir o antigo período de espera. “Isso traz de volta a confiança ao sistema financeiro”, disse Ariel Coremberg, economista da Universidade de Buenos Aires e assessor de Milei, acrescentando que a medida deve aumentar a arrecadação tributária, já que menos pessoas recorrerão ao mercado paralelo. “Nós, os ‘arbolitos’ daqui, estamos passando por uma crise”, disse Francisco, de 50 anos, na semana passada. Ele trabalha no mercado paralelo em frente a uma banca de flores em uma rua movimentada do centro de Buenos Aires e pediu para ser identificado apenas pelo primeiro nome. Perto dali, outro cambista, que se identificou como Leo, desabafou: “Estão cortando nossas pernas”. PIB da Argentina tem queda de 1,7% em 2024, primeiro ano de Javier Milei Governo busca atrair investidores Os investidores estrangeiros “reagiram bem” à suspensão dos controles cambiais, afirmou Fausto Spotorno, economista da consultoria OJF, em Buenos Aires. “A questão é onde esse dinheiro será investido.” A Argentina ficou mais cara em comparação com seus vizinhos durante o governo Milei, o que reduziu uma importante fonte de dólares, já que os turistas se afastaram devido aos preços mais altos. Segundo dados oficiais, o turismo interno caiu 25% nos três primeiros meses de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda assim, há demanda pelo mercado paralelo por parte da ampla força de trabalho informal do país, afirmou Federico Filippini, economista-chefe da consultoria financeira Adcap, em Buenos Aires. Trabalhadores informais e empresários com renda não declarada continuam utilizando o câmbio paralelo para evitar a fiscalização tributária. Muitos argentinos também costumam converter parte de sua renda em pesos para dólares como forma de proteção contra a volatilidade econômica. No entanto, segundo Guadalupe Calvano, professora em Buenos Aires, a realidade é que muitos já não têm recursos suficientes para converter sua renda em dólares — seja no mercado paralelo ou oficial. “As pessoas perderam sua capacidade de economizar”, disse Calvano. Ela conta que costumava reservar 10% do salário para comprar dólares, mas deixou de fazer isso porque sua renda não acompanhou o aumento recente no custo de produtos e nas contas de serviços públicos. Embora a inflação tenha desacelerado durante o governo Milei, a renda dos servidores públicos, como os professores, caiu em termos reais. “Não consigo pensar em comprar dólares enquanto não tenho certeza se vou conseguir chegar ao fim do mês ou não”, disse Calvano.

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