Crédito, GettyLegenda da foto, ‘Os líderes mundiais não estão se dispondo a enfrentar essa ameaça’, disse a presidente do MSF2 setembro 2014Mais de 1.500 mortes, pelo menos o dobro de infectados e uma perspectiva nada otimista de que outras dezenas de milhares de pessoas possam apresentar o vírus em um futuro próximo. Foi assim que a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) descreveu a epidemia de ebola para os membros das Nações Unidas.A presidente da MSF, Joanne Liu, afirmou em discurso na ONU que a epidemia que tem se espalhado principalmente no oeste da África é “a maior da história” e “o mundo está perdendo a batalha contra a doença”.Liu, disse à ONU que os líderes mundiais estão falhando no combate à pior epidemia da história. De acordo com ela, a falta de médicos disponíveis para tratar os doentes é tanta que atualmente alguns centros de tratamento servem apenas como leito de morte para os pacientes.”Seis meses da pior epidemia do ebola na história e o mundo está aceitando perder a batalha para contê-la. Os líderes mundiais não estão se dispondo a enfrentar essa ameaça internacional”, disse Liu.Em resposta, o coordenador da ONU para a crise, David Nabarro, garantiu que a entidade está tentando levar o máximo de ajuda possível para tratar a epidemia.Pule Mais lidas e continue lendoMais lidasFim do Mais lidasEnquanto isso, o departamento de saúde dos Estados Unidos anunciou que está desenvolvendo um remédio experimental (Zmapp) que visa combater o vírus ebola.Os pedidos para acelerar a produção dele têm aumentado cada vez mais, principalmente com o avanço da doença na África. No último mês, dois americanos fora infectados com o vírus e conseguiram se recuperar depois de terem sido tratados com o remédio.Ainda assim, para Médicos Sem Fronteiras, é necessária uma intervenção global militar para conter a doença. A ONG tenta pressionar os líderes mundiais por uma ação mais efetiva no combate ao ebola e diz que a resposta dada por eles ao vírus até agora foi “letalmente inadequada”.’Coalizão de inércia’A fala de Joanne Liu na ONU fez um apelo aos líderes mundiais e alertou-os de que a epidemia do ebola está se expandindo cada vez mais. Ela pode atingir até 20 mil pessoas nos próximos meses.A médica condenou a “falta de ação” das lideranças até agora e pediu para que a questão seja tratada com mais atenção daqui para frente.”O anúncio da OMS (Organização Mundial da Saúde) no dia 8 de agosto dizendo que a epidemia era uma ‘emergência pública de saúde de preocupação internacional’ não levou a nenhuma ação efetiva, e os países se juntaram em uma coalizão global de inércia”, discursou a líder de Médicos Sem Fronteiras.Crédito, AFPLegenda da foto, Médicos Sem Fronteiras faz apelo a líderes mundiais por mais ações para combater o ebolaA sugestão da entidade é que equipes civis e militares capacitadas para tratar um desastre biológico como esse são essenciais e deveriam ser enviadas imediatamente para evitar que o ebola se espalhe ainda mais.Segundo Liu, a única maneira de prevenir que a epidemia se torne ainda maior seria ter mais hospitais com salas de isolamento e médicos especializados no tratamento do vírus nas regiões mais afetadas – além de aviões disponibilizados para transportar médicos e pacientes na África.”Países que tenham essa capacidade de ajudar com equipamentos e médicos têm a responsabilidade política e humanitária de fazê-lo, oferecendo uma resposta concreta e tão necessária para esse desastre”, disse Joanne Liu.”É preciso fazer algo em vez de limitar a resposta a um trabalho para evitar que a doença chegue aos seus países. É preciso aproveitar a oportunidade única de salvar vidas onde há uma necessidade imediata disso, no oeste da África.”A organização Médicos Sem Fronteiras afirma que chegou a criar uma instalação apropriada para tratar o vírus com salas de isolamento em um bairro em Monróvia, na Libéria, mas o número de camas não foi o suficiente para atender todos os pacientes.Eram 160 leitos, mas em pouco tempo o local ficou superlotado, com filas gigantescas e a necessidade de pelo menos mais 800 camas para atender a todos.
Mundo está perdendo batalha contra ebola na África, diz ONG
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