Não estamos mais próximos da paz na Ucrânia, diz Rússia após reunião com EUA

Não estamos mais próximos da paz na Ucrânia, diz Rússia após reunião com EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após cinco horas de conversas entre Rússia e Estados Unidos em Moscou, o assessor internacional de Vladimir Putin disse à imprensa que a paz na Ucrânia não está mais próxima -mas tampouco está mais distante. Segundo Iuri Uchakov, os dois lados não conseguiram chegar a um acordo a respeito de questões como a transferência de território. Pelos primeiros sinais disponíveis, o pêndulo da negociação parece ter voltado para o lado do Kremlin, dado que Putin passou o dia asseverando uma posição de força militar no país que invadiu em 2022, enquanto Volodimir Zelenski pedia para que a Ucrânia não fosse deixada de lado no debate. Pelo lado americano, participaram do encontro o enviado Steve Witkoff e o genro de Donald Trump Jared Kushner, que costuma envolver-se em acordos que possam gerar oportunidades de negócios apesar de não ter cargo formal. Já Putin estava acompanhado do negociador Kirill Dmitriev e do assessor internacional Iuri Uchakov. Em um evento mais cedo, Putin havia dito que a versão revisada da proposta de paz que havia sido desenhada por Witkoff e Dmitriev, favorável ao Kremlin, incluía pontos sugeridos pela Europa “absolutamente inaceitáveis”. Se os aliados de Zelenski quiserem sentar à mesa, disse, terão de aceitar as demandas maximalistas do Kremlin: concessão e reconhecimento territorial e neutralidade militar da Ucrânia, para começar. Os chefes das diplomacias de ambos os lados, Marco Rubio e Serguei Lavrov, estavam ausentes, o que vai alimentar o moinho de especulações acerca de seu peso no debate e as sugestões, no caso do americano, de que Witkoff e Kushner jogam em favor do Kremlin. Putin encontrou-se com os enviados no Kremlin, na sua sexta reunião com Witkoff neste ano, logo após dar declarações belicosas visando isolar os EUA dos aliados europeus de Volodimir Zelenski. O russo disse que “se a Europa quiser lutar contra nós, estamos prontos agora mesmo”. O russo busca uma posição de força, ao gosto da política defendida por Trump. Na véspera, anunciou avanços militares na Ucrânia e a tomada de um centro logístico vital para Kiev na região de Donetsk, 1 das 4 que quer ver reconhecidas como russas. Nesta terça, disse ter tomado mais duas vilas no sul do vizinho. E também ameaçou “isolar a Ucrânia do mar” após dois ataques contra petroleiros russos em poucos dias, e sugeriu que iria “tomar medidas” contra petroleiros de nações que apoiam Kiev, mas sem especificar quais. A Ucrânia negou a perda de cidade de Pokrovsk, que analistas de ambos os lados sugerem ter ocorrido. Seja como for, o clima otimista, verdadeiro ou não, esperava os americanos em Moscou com o presidente convencido pela linha-dura do Kremlin que pode impor condições por ter a melhor posição militar. Antes de se encontrar com Putin, a dupla americana se reuniu com Dmitriev. Fiel a seu estilo mascate, o russo postou nesta terça um vídeo defendendo o “túnel Putin-Trump”, uma obra que ligaria o Alasca à Rússia. Foi uma referência pouco sutil à sua defesa de oportunidades de negócios caso haja paz. Zelenski e os europeus temem ser escanteados novamente da discussão. Antes do encontro, ele havia dito que temia o desinteresse americano no conflito caso as negociações travassem, como já ocorreram em outras ocasiões desde que Trump mudou o sinal da política americana para a guerra e abriu contato com Putin. Nos EUA, Rubio confirmou a expectativa repetindo que “esta não é nossa guerra”. Já Trump afirmou a repórteres: “Não é uma situação fácil, posso te falar. Que confusão”. Ainda não houve manifestações após a longa reunião. O ucraniano havia reagido ao plano inicial, desenhado por Witkoff e Dmitriev, com apoio de aliados europeus, e conseguiu fazer o que chamou nesta terça de versão refinada em duas etapas, ocorridas nos dois últimos domingos em Genebra e, depois, na Flórida. Ele, que estava na Irlanda após visitar a França, escreveu no X que é vital manter os parceiros do continente à mesa nas negociações, algo a que Trump dá pouca importância. Para agravar sua situação, Zelenski enfrenta um enorme escândalo de corrupção no setor de energia de seu governo. A principal vítima até aqui foi seu poderoso chefe de gabinete, Andrii Iermak, que liderava as negociações de paz. Nesta terça, Zelenski disse que “esta é a melhor oportunidade para a paz” e que está pronto para discutir com os americanos os termos debatidos em Moscou. Ao mesmo tempo, afirmou que não haverá acordo sem “decisões difíceis” e que não permitirá que sejam feitos arranjos “pelas costas da Ucrânia”. Leia Também: Putin dispara: “Se a Europa quiser guerra, estamos prontos”

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