A Nasa e a SpaceX lançaram na sexta-feira (14) uma tripulação com destino à Estação Espacial Internacional, que permitirá trazer de volta os astronautas americanos Butch Wilmore e Suni Williams, que estavam presos no laboratório orbital há nove meses.O foguete Falcon 9 da SpaceX decolou por volta das 20h, no horário de Brasília, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, levando quatro astronautas que substituirão Wilmore e Williams, ambos veteranos da Nasa e ex-pilotos de testes da Marinha dos EUA, que foram os primeiros a voar na cápsula Starliner da Boeing até a Estação Espacial Internacional (ISS) em junho.Porém, problemas no sistema de propulsão da Starliner durante o voo forçaram uma extensão da estadia planejada inicialmente para oito dias, pois a Nasa considerou muito arriscado que eles retornassem à Terra na cápsula em setembro do ano passado.Embora fosse um voo rotineiro de rotação de tripulação, a missão Crew-10 de sexta-feira também representa um passo crucial e aguardado para trazer a dupla de astronautas de volta à Terra. Eles devem deixar a estação no dia 19 de março, após a chegada dos astronautas da Crew-10 na noite de sábado (15).A missão se enredou em questões políticas, com o presidente Donald Trump e seu conselheiro Elon Musk, que também é CEO da SpaceX, afirmando sem evidências que o ex-presidente Joe Biden deixou os astronautas na estação por razões políticas.“Viemos preparados para ficar por um longo tempo, embora planejássemos ficar pouco”, disse Wilmore, acrescentando que não acreditava que a decisão da NASA de mantê-los na ISS até a chegada da Crew-10 tivesse sido influenciada pela política.“Isso é o que o programa de voo espacial tripulado da sua nação é”, disse ele, “planejar para contingências desconhecidas e inesperadas. E fizemos isso.”A Nasa afirma que os dois astronautas tiveram que permanecer na ISS para manter o nível mínimo de tripulação.Depois de verem sua missão se transformar em uma rotação normal de tripulação da Nasa para a ISS, Wilmore e Williams têm realizado pesquisas científicas e feito manutenção rotineira com os outros astronautas.Processo de preparação de voo “inusitado”A demanda de Trump e Musk por um retorno antecipado foi uma intervenção incomum, e a Nasa adiantou a missão Crew-10, que estava programada para 26 de março, trocando uma cápsula da SpaceX atrasada por uma que estaria pronta mais cedo.A pressão de Musk e Trump impactou o processo de preparação e segurança da Nasa, que normalmente segue um curso bem definido.O gerente do Programa de Tripulação Comercial da Nasa, Steve Stich, disse que o “ritmo rápido das operações” da SpaceX exigiu que a Nasa alterasse algumas das formas como verifica a segurança do voo.A agência teve que lidar com alguns “problemas de última hora”, como explicou o chefe de operações espaciais da Nasa, Ken Bowersox, aos repórteres, incluindo a investigação de um vazamento de combustível em um recente lançamento do Falcon 9 da SpaceX e o desgaste de um revestimento em alguns dos propulsores da cápsula Dragon de tripulação.Bowersox afirmou que foi difícil para a Nasa acompanhar a SpaceX: “Não somos tão ágeis quanto eles, mas estamos trabalhando bem juntos.”Quando a nova tripulação chegar à estação, Wilmore, Williams e outros dois astronautas – o astronauta da Nasa Nick Hague e o cosmonauta russo Aleksandr Gorbunov – poderão retornar à Terra em uma cápsula que está acoplada à estação desde setembro, como parte da missão Crew-9 anterior.