Além de orientações sobre como diversificar investimentos e identificar tendências promissoras para os próximos anos, especialistas ouvidos pelo g1 também explicam como lidar com os riscos de curto prazo e tomar decisões alinhadas ao perfil de cada investidor. Veja abaixo, ponto a ponto, como pensam grandes gestores do mercado. Os ruídos do curto prazo Eventos recentes no Brasil e no exterior têm influenciado os mercados e levado investidores a reavaliar suas estratégias. Entenda cada um dos atuais pontos de atenção Desde que foram implementadas por Trump em abril deste ano, as tarifas passaram por aumentos, reduções, suspensões estratégicas e até tentativas de bloqueio na Justiça dos EUA — sem sucesso até o momento. Na carta, Trump afirmou que conheceu e tratou com Bolsonaro em seu outro mandato, indicando que o Brasil tem tratado o ex-presidente é “uma vergonha internacional”. Recentemente, o republicano confirmou o teor político por trás da tarifa, dizendo que havia taxado o Brasil em 50% “porque o que estão fazendo com o ex-presidente é uma desgraça”. Trump se refere ao julgamento do ex-presidente brasileiro no Supremo Tribunal Federal (STF) pela tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro. Na última sexta-feira (18), Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal e passou a usar tornozeleira eletrônica por determinação do Supremo. A ameaça tarifária tem abalado a confiança de empresas e consumidores, além da expectativa de que esse cenário comece a impactar a inflação do país em breve. Uma inflação mais alta pode reduzir o consumo interno e pressionar o Federal Reserve (Fed, o banco central do país) a elevar os juros. Para o restante do mundo, juros mais altos nos EUA podem atrair mais investidores para o país, em busca de títulos do Tesouro norte-americano. Isso tende a fortalecer o dólar frente a outras moedas, pressionando o câmbio e a inflação em diversas economias. No Brasil, o vai e volta do IOF também trouxe incertezas ao mercado. O governo tentou aumentar o imposto no fim de maio, como forma de cumprir a meta fiscal. A decisão, no entanto, provocou uma forte reação negativa. A audiência, no entanto, terminou sem acordo. No dia seguinte, Moraes decidiu retomar parte do decreto que elevou o tributo, suspendendo apenas o trecho que trata das operações chamas de risco sacado, que é uma modalidade de crédito em que bancos antecipam valores para varejistas que venderam a prazo. Com isso, apesar da percepção de que o governo teve um sopro favorável, investidores ainda avaliam a capacidade de cumprimento da meta fiscal e a instabilidade política que segue acesa no governo. Como driblar os riscos de curto prazo? Especialistas consultados pelo g1 afirmam que a melhor maneira de lidar com a atual volatilidade é manter o foco em investimentos de longo prazo. “O principal desafio é ajudar o cliente a se desvincular dos ruídos de curto prazo, que podem prejudicar seu patrimônio”, diz Carlos Machado, estrategista-chefe do Bradesco Global Private Bank. Na prática, explica o executivo, o objetivo é que o investidor consiga analisar os eventos de curto prazo em perspectiva, avaliando seus possíveis impactos ao longo do tempo. “Se tomarmos o petróleo como exemplo e avaliarmos como foram os grandes choques nos preços da commodity nos últimos anos, vemos que não foram choques persistentes”, diz Machado. Ele menciona a invasão da Ucrânia pela Rússia como exemplo, que inicialmente provocou uma disparada nos preços do petróleo devido ao temor de interrupções no fornecimento. “Mas, depois, esse choque se reverteu e as coisas voltaram para os trilhos”, completa. Para identificar quais eventos podem gerar impactos duradouros, é fundamental que o investidor se mantenha bem informado e acompanhe os cenários econômicos, tanto no Brasil quanto no exterior. “Investir é algo de longo prazo. O mais importante é preservar o capital, pois isso garante o poder de compra. O mercado financeiro não serve para multiplicar riqueza, mas para mantê-la”, diz Victor Natal, estrategista do Itaú BBA. Como escolher bons investimentos? Especialistas também explicam como avaliar se um ativo representa uma boa oportunidade de investimento. Segundo Victor Natal, dois fatores devem ser levados em conta: os aspectos microeconômicos e macroeconômicos. Os aspectos microeconômicos dizem respeito ao ativo em si e ao setor em que ele está inserido. Essa análise, comum no mercado de ações, também pode ser aplicada a debêntures, fundos imobiliários, fundos de ações, entre outros. “Para saber o rumo de uma ação, é preciso entender o rumo da empresa. As métricas operacionais e financeiras variam conforme o setor”, explica Natal. Entre os fatores mais analisados estão a receita, o crescimento das vendas (quando aplicável), a geração de caixa e o nível de endividamento da empresa, entre outros. Já os aspectos macroeconômicos dizem respeito ao ambiente econômico mais amplo e impactam todos os tipos de investimento. “No macro, os principais indicadores são inflação, juros, PIB e câmbio. No cenário internacional, relações exteriores ganham peso. No Brasil, a política fiscal é essencial”, diz o estrategista do Itaú BBA. “Mas o ideal é quando há convergência entre o micro e o macro. É aí que o analista identifica quais empresas são favorecidas ou prejudicadas pelo cenário”, completa. O que esperar do cenário à frente Por fim, especialistas ressaltam a importância de acompanhar o cenário global, levando em conta os eventos recentes e as principais tendências dos mercados. Na renda fixa, por exemplo, a recente elevação da Selic pelo Copom criou um ambiente de juros atrativos, beneficiando tanto os ativos pós-fixados (com rendimento atrelado à taxa) quanto os pré-fixados (com retorno definido no momento da aplicação). “Já na renda variável, que inclui ações e ETFs, os setores com maior potencial são os que lideram as transformações na economia global”, afirma Cristiano Castro, diretor de negócios da BlackRock. Segundo ele, os setores com maior potencial de valorização são: Inteligência artificial (IA)EnergiaSemicondutoresCriptoativosBiotecnologia
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