A Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa e a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) defenderam nesta segunda-feira (13) a adoção de políticas mais rígidas sobre o consumo de álcool, como aumento de impostos e restrições de venda, para reduzir o consumo e prevenir casos de câncer. Segundo as entidades, novas análises científicas confirmam a forte ligação entre o consumo de bebidas alcoólicas e diversos tipos de câncer, reforçando que políticas públicas rigorosas são uma das formas mais eficazes de proteger a saúde e reduzir custos para os países. O Volume 20 dos Manuais de Prevenção do Câncer da IARC mostra que medidas como elevação de tributos, limitação da disponibilidade e proibição de publicidade de bebidas alcoólicas reduzem o consumo e, consequentemente, a incidência de câncer na população. Elaborados por especialistas internacionais independentes, os manuais seguem um processo científico transparente e livre de conflitos de interesse, oferecendo análises detalhadas sobre ações preventivas eficazes contra o câncer. De acordo com dados da OMS, o álcool foi responsável por 111,3 mil novos casos de câncer na União Europeia em 2020, ano marcado pela pandemia da Covid-19. Os tipos mais comuns foram o colorretal (36,9 mil casos), o de mama (24,2 mil) e o de cavidade oral (12,4 mil). Naquele ano, mais de 93 mil mortes na Europa foram atribuídas ao consumo de álcool. “Alguns chamam o álcool de ‘patrimônio cultural’, mas doenças, mortes e incapacidades não podem ser vistas como parte da cultura europeia”, afirmou Gundo Weiler, diretor de Prevenção e Promoção da Saúde da OMS Europa. “Temos agora as provas mais claras possíveis sobre como reverter esse quadro.” As instituições lembraram ainda que, em 2018, as mortes prematuras causadas por cânceres ligados ao álcool custaram 4,58 bilhões de euros à União Europeia, sem contar os altos custos sociais com hospitalizações, violência e perda de produtividade. A diretora da IARC, Elisabete Weiderpass, destacou que “o álcool causa pelo menos sete tipos de câncer” e que reduzir o consumo comprovadamente diminui o risco da doença. O grupo de especialistas concluiu que intervenções como aumento de impostos, fixação de preços mínimos, limitação da venda, restrição de horários e proibição de publicidade são eficazes para reduzir o consumo em larga escala. A adoção dessas medidas, segundo o relatório, pode salvar vidas, aumentar a arrecadação e mostrar resultados em até cinco anos. As conclusões serão apresentadas oficialmente em Copenhague, durante um evento de dois dias organizado pela OMS Europa e pela IARC, dentro do projeto OMS-UE Evidências em Ação sobre o Álcool (EVID-ACTION), que reunirá autoridades, pesquisadores e representantes da sociedade civil para discutir políticas de redução do consumo. Estudo aponta que até pequenas doses de álcool elevam risco de demência Pesquisa publicada no BMJ Evidence-Based Medicine analisou dados de mais de 560 mil pessoas e concluiu que não existe quantidade segura de álcool. Mesmo doses consideradas baixas aumentam o risco da doença, especialmente em pessoas com predisposição genética, como portadores da variante APOE4 Notícias ao Minuto | 13:45 – 03/10/2025
OMS quer alterar as políticas de consumo de álcool para prevenir o câncer
postagem anterior