Mesmo com o Senado controlado pelos republicanos, a votação foi acirrada. Após uma longa sessão noturna, o desempate ficou a cargo do vice-presidente J.D. Vance. Os três republicanos que se opuseram ao projeto de lei foram os senadores Thom Tillis, da Carolina do Norte, Susan Collins, do Maine e o senador Rand Paul, do Kentucky. Intitulado “One big Beautiful Bill” (Um grande e belo projeto, na tradução livre), o projeto propõe estender os cortes de impostos de 2017, no primeiro mandato de Trump, além de reduzir outros tributos e aumentar os gastos com defesa e segurança nas fronteiras. (Entenda mais abaixo) A expectativa é que o pacote orçamentário acrescente aproximadamente US$ 3,3 trilhões (cerca de R$ 18 trilhões) à dívida pública dos Estados Unidos. Desde quando anunciou o projeto, Trump vinha pressionando os legisladores para que o levassem à sua mesa para sanção até o feriado do Dia da Independência, em 4 de julho. Os republicanos de Trump precisaram trilhar um caminho árduo para tentar aprovar o projeto de 940 páginas, enquanto disputavam incentivos fiscais específicos e políticas de saúde que poderiam remodelar setores inteiros e deixar milhões de pessoas sem plano de saúde. Desde o início, os democratas se mostraram fortes opositores à aprovação do pacote, alegando que os cortes de impostos beneficiariam desproporcionalmente os mais ricos, em detrimento de programas sociais dos quais os norte-americanos de baixa renda dependem. Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em evento na Casa Branca — Foto: REUTERS/Leah Millis Sobre o que trata o projeto? O projeto visa tornar permanentes os cortes nos impostos sobre a renda individual e heranças, aprovados durante o primeiro mandato de Trump, em 2017. Também incorpora promessas de campanha feitas em 2024, como a isenção de tributos sobre gorjetas, horas extras e juros de determinados financiamentos de veículos. A lei ainda destina dezenas de bilhões de dólares à repressão imigratória de Trump e pode revogar uma série de incentivos à energia verde trazidas pelo ex-presidente democrata Joe Biden, além de restringir a elegibilidade para programas de segurança alimentar e de saúde. Segundo a estimativa mais recente do Escritório de Orçamento do Congresso norte-americano (CBO, na sigla em inglês), a lei adicionaria US$ 3,3 trilhões à dívida de US$ 36,2 trilhões (R$ 197,3 trilhões) do país. De acordo com analistas consultados pela Reuters, esse aumento da dívida serviria efetivamente como uma transferência de riqueza dos mais jovens para os mais velhos, uma vez que tende a desacelerar o crescimento econômico, aumentar os custos de empréstimos e eliminar outros gastos do governo nas próximas décadas. Outra projeção do CBO é que o projeto também aumentaria o limite de endividamento dos EUA em US$ 5 trilhões (R$ 27,3 trilhões), adiando a perspectiva de um calote da dívida neste verão — o que afetaria não apenas os mercados financeiros norte-americanos, mas do mundo inteiro. *Esta reportagem está em atualização
Pacote de cortes de impostos de Trump é aprovado no Senado americano
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