Interlocutores no Legislativo e no Executivo confirmaram ao blog que a articulação passou por líeres partidários e pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) “O alinhamento dos líderes e dos presidentes com a Presidência da República não poderia ser melhor “, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad nesta sexta (29). Desde o começo, o governo já tinha dito que a análise das novas regras para o Imposto de Renda ficaria para 2025 – ao contrário do corte de gastos, que o Planalto espera aprovar ainda este ano. Ao jogar o tema ainda mais para frente, articuladores do governo Lula tentam conter a sangria. Sangria esta que foi causada, justamente, pela decisão de anunciar um corte de gastos e uma isenção maior para o contribuinte no mesmo pacote. A confusão gerada pelos sinais opostos levou o dólar a ultrapassar a casa dos R$ 6 na quinta-feira – um quadro que ainda não tinha sido revertido até a tarde de sexta. O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galipolo, também ajudou nas conversas com lideranças do Legislativo. O BC volta a se reunir em dezembro para decidir o nível da taxa básica de juros (Selic) – e já há pressão para uma alta brusca, de um ponto percentual. Governo entrega pacote fiscal e isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil ao Congresso; Bruno Carazza comenta Sem pressa para aprovar Nesta sexta, Lira e Pacheco soltaram notas dizendo que a análise do novo formato do Imposto de Renda não será feita agora. “Essa questão da isenção do IR é uma outra questão apartada, que não é para agora, e que vai ser projetada com uma discussão futura. E que vai acontecer se, e somente se, nós tivermos condição, em termos fiscais, de poder implementá-la”, disse Pacheco. Em almoço com banqueiros em São Paulo nesta sexta, Haddad não descartou mandar novas medidas. “Daqui a três meses pode ser que eu tenha que mandar mais medidas para o Congresso. É uma jornada 7 por 0 na Fazenda”, disse Haddad – fazendo um trocadilho com a proposta que quer extinguir a escala 6 por 1 . O anúncio do aumento da isenção do IR foi incluído da divulgação do pacote de corte de gastos por determinação do presidente Lula. Isso, mesmo com a equipe econômica alertando que seria uma medida na contramão do ajuste das contas públicas. O vazamento deste aumento da isenção antes mesmo do valor global do corte – pouco acima de R$ 70 bilhões em dois anos – azedou os ânimos de agentes econômicos que há mais de um mês aguardavam um pacote de cortes potente. O desânimo seguiu na quinta-feira, quando o detalhamento do pacote foi considerado insuficiente para lidar com os desafios econômicos do país.