A derrota, considerada mais significativa do que o previsto, afetou de forma imediata os ativos locais: as ações despencaram mais de 13% no início do pregão, enquanto os títulos da dívida pública recuaram mais de 6% antes da abertura oficial. Às 10h40, pelo horário de Brasília, o índice S&P Merval registrava queda de 11,5% na Bolsa de Buenos Aires, enquanto o peso argentino se desvalorizava 5,14%, sendo negociado a 1.440 por dólar. A moeda argentina também alcançou o menor valor histórico, o que levou o presidente Milei a convocar seu gabinete para discutir com urgência a crise. “Esses resultados parecem aumentar a probabilidade de um cenário central de baixa, no qual o mercado questiona a probabilidade de reformas contínuas e a incerteza em relação às futuras fontes de financiamento externo aumenta”, disse o Morgan Stanley aos clientes em uma nota. De acordo com operadores do mercado, o foco agora está no nível de 1.464 por dólar, considerado o limite superior da faixa flutuante definida desde que o Banco Central (BCRA) suspendeu as restrições cambiais em meados de abril. Milei admitiu a derrota, reafirmou o compromisso com a política econômica atual, mas sinalizou possíveis ajustes políticos para as eleições nacionais de outubro. A diferença de 13,7 pontos percentuais na província, tradicional bastião do partido peronista, foi vista como inesperada. “Com o resultado das eleições, é mais provável que o governo se mantenha firme em vez de mudar o gabinete ou as políticas. Portanto, espere mais intervenções no dólar e aumentos de taxas. A transição para outubro promete ser turbulenta”, disse Roberto Geretto, analista da AdCap. “Embora mudar o rumo da economia não seja fácil, permanecer na mesma situação tem seus custos, onde o governo provavelmente terá que usar mais reservas e taxas de juros. Depois da tempestade, o resultado de ontem (domingo) significa que depois de outubro há uma grande chance de uma mudança na política monetária e cambial.” Milei anunciou pacote de medidas para tentar aumentar a circulação de dólares na economia argentina — Foto: Agustin Marcarian/Reuters