Primeiro ultrassom funcional cerebral do Brasil chega à UFMG

Centro de Tecnologia em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina iniciou a criação de uma plataforma pré-clínica de pequenos animais que permite observar atividade cerebral em tempo real com 100x mais sensibilidade

Parece algo distante no tempo, mas a UFMG já adquiriu um equipamento capaz de observar o cérebro em ação, em tempo real, com uma precisão 100 vezes maior do que a do ultrassom comum. O primeiro ultrassom funcional cerebral do Brasil acaba de chegar ao país para o Centro de Tecnologia em Medicina Molecular (CTMM), da Faculdade de Medicina da UFMG. 

“Trata-se de um passo decisivo para a ciência translacional e para o uso mais responsável e ético de animais de pesquisa”, comemora o professor Marco Aurélio Romano-Silva, coordenador do Centro e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Neurotecnologia Responsável (NeuroTec-R) da UFMG.

Segundo ele, o equipamento francês Iconeus One, que tem financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), inaugura no Brasil uma nova era em neuroimagem pré-clínica. Ele é baseado em ultrassom funcional (fUS), tecnologia que permite observar o fluxo sanguíneo cerebral com altíssima sensibilidade e excelente resolução temporal e de forma não invasiva. Isso significa dizer que se trata de um procedimento ou tratamento que não envolve cortes, perfurações ou inserções no corpo. 

Essa tecnologia abre uma janela dinâmica para o funcionamento do cérebro. Isto é, ao captar variações no fluxo sanguíneo, o ultrassom funcional permite mapear a atividade cerebral com precisão quase milimétrica. Na prática, significa que é possível acompanhar mudanças neurológicas ao longo do tempo em experimentos com pequenos animais — algo essencial para estudar doenças como epilepsia, Parkinson e Alzheimer.

Próximos passos

A expectativa é de que, ainda em 2025, a nova plataforma de imagem pré-clínica comece a ser usada. Acima de tudo, em colaborações com grupos da UFMG e de outras instituições. Os projetos do NeuroTec-R vão permitir estudar, por exemplo, redes cerebrais, neurodesenvolvimento, comportamento e os efeitos de neuromodulação. 

Também será possível aplicar a tecnologia em pesquisas sobre doenças neurodegenerativas e em estratégias terapêuticas baseadas em neurotecnologias implantáveis e não implantáveis.
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Texto de Marcus Vinicius dos Santos – do CTMM Medicina UFMG

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