Pesquisadores do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), em Alegre, no Sul do Espírito Santo, têm alcançado avanços significativos no uso de óleos essenciais, como os de gengibre e pimenta-rosa, para o controle de pragas e doenças nas plantações da região. O produto é extraído dos rejeitos desses cultivares, de espécimes que seriam descartados. O projeto começou em 2016 e tem como objetivo desenvolver alternativas naturais para o combate a pragas, sem os impactos ambientais e à saúde dos produtores causados por produtos químicos convencionais. A ideia inicial era utilizar os rejeitos da produção de gengibre e pimenta-rosa. A partir daí, também foram escolhidos outros dois cultivos agrícolas importantes para a economia capixaba para a realização de mais testes: banana e mamão. Hoje, a pesquisa já expandiu para produtos como o morango. O professor de Química e responsável pelo projeto, Luciano Menini, explicou que a extração dos óleos essenciais desses produtos pode gerar bioinseticidas e fungicidas eficientes, com a vantagem de serem compostos naturais. “Os produtores tinham uma demanda para utilizar os rejeitos da produção, que são materiais que não são utilizados para exportação. Então, com essa demanda, começamos a trabalhar com a produção do óleo essencial, tanto de pimenta-rosa quanto de gengibre”, explica Menini. Controle de doenças e aumento da vida útil da banana Pesquisadores encontram na produção de óleos essenciais uma solução natural para o combate a pragas no Espírito Santo. — Foto: TV Gazeta Após a extração do óleo, o próximo passo é analisar sua composição química e concentração. O óleo é misturado com água para criar uma emulsão, que é testada em laboratório para verificar sua eficácia como fungicida e bioinseticida. O uso de óleos essenciais tem mostrado resultados promissores no controle de fungos, como o Chloridium musae, que causa manchas marrons em bananas. A mestre em agroecologia e integrante da pesquisa, Maria Alice Brandão, explicou que, ao realizar os testes com o óleo de gengibre, foi possível observar uma significativa diferença nos resultados. “Após 48 horas de aplicação, a banana tratada com o óleo não apresentou o desenvolvimento do fungo, enquanto a outra, sem aplicação, foi bastante afetada pela doença”, afirmou. Pesquisadores encontram na produção de óleos essenciais uma solução natural para o combate a pragas no Espírito Santo. — Foto: TV Gazeta O professor Luciano explicou que, além dos testes em laboratório demonstrarem bons resultados no controle de doenças, a banana que recebe o extrato apresenta até dez dias de aumento na vida útil de prateleira. Os resultados iniciais são animadores também para o mamão. “No caso do mamão, os testes em laboratório in vitro apresentaram bons resultados. Já no caso da banana, foram feitos testes in vitro e in vivo com resultados excelentes”, apontou. Controle também de ácaros Pesquisadores encontram na produção de óleos essenciais uma solução natural para o combate a pragas no Espírito Santo. — Foto: TV Gazeta Outro foco importante da pesquisa é o controle biológico de ácaros, praga que destrói culturas, como a do morango. Os pesquisadores estão testando a eficácia dos óleos de gengibre e pimenta-rosa na redução da população de ácaros rajados. O professor de entomologia, Vitor Dias Pironavi, destacou a segurança desses produtos para o agricultor. “A toxicidade desses óleos é muito baixa para os seres humanos, já se encontram nos nossos alimentos, o que torna esses produtos uma opção segura para os produtores”, ressaltou Vitor. A pesquisa do Ifes é uma das muitas iniciativas que buscam alternativas mais sustentáveis e eficazes para o agronegócio, promovendo a saúde das plantações, dos produtores e do meio ambiente. Com os resultados positivos obtidos até agora, a expectativa é que os óleos essenciais se tornem uma solução acessível e eficiente para os agricultores da região, com o potencial de ser expandida ainda mais para outros estados e cultivos. Produção no ES Pesquisadores encontram na produção de óleos essenciais uma solução natural para o combate a pragas no Espírito Santo. — Foto: TV Gazeta De acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), no Espírito Santo são colhidas aproximadamente 4 mil toneladas de pimenta-rosa, das quais, após beneficiamento, 1,2 mil tonelada são comercializadas e exportadas anualmente. Tanto o seu cultivo como o extrativismo e a extração do óleo essencial para a produção de diversos produtos geram renda e bem-estar social para os integrantes da cadeia produtiva, especialmente para produtores rurais e extrativistas. Em 2022, a cultura atingiu a entrada em 41 países, com um volume total de 19,5 mil toneladas. Produtores usam drones pra prevenir e combater pragas nas lavouras do ES VÍDEOS: tudo sobre o Espírito Santo