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Produtores rurais do Mercosul reagem à decisão do Carrefour de parar de comprar carne do bloco: ‘atitude protecionista e equivocada’

por Redação
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“Os produtores rurais da Farm e suas entidades aqui representadas não aceitarão ataques injustificados e se reservam o direito de reagir de maneira firme, seja por vias econômicas ou institucionais, para proteger a imagem e os interesses do setor agropecuário de seus países.” “Essa atitude, arbitrária, protecionista e equivocada, prejudica o bloco e ignora os padrões de sustentabilidade, qualidade e conformidade que caracterizam a produção agropecuária nos seus países membros”, diz a nota. A Farm afirmou ainda que o Mercosul é “líder mundial em práticas de sustentabilidade no setor agropecuário” e que a decisão do Carrefour “ataca injustamente a reputação de milhares de produtores rurais comprometidos com a segurança alimentar e a preservação ambiental”. “Embora decisões comerciais sejam de competência interna das empresas, a postura pública do CEO do Carrefour, ao transformar uma política de compras em palco para questionamentos infundados, ultrapassa os limites aceitáveis”, acrescenta a federação. “Não se trata de uma decisão isolada, mas de um ataque direto à credibilidade e à contribuição do setor agropecuário do Mercosul para a segurança alimentar mundial” Segundo a Farm, em 2023, os países do Mercosul produziram 38 milhões de toneladas de carne, incluindo bovinos, suínos e aves, das quais exportou 11 milhões. A região é a principal fornecedora de proteína animal do mundo, e essa produção de alta qualidade chega para mais de 160 países. “Esperamos que o Carrefour reveja sua posição e adote uma postura condizente com os princípios de diálogo e respeito que deveriam nortear as relações comerciais globais”, conclui a Farm, em nota. O que aconteceu Na quarta-feira (20), o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, divulgou um comunicado em suas redes sociais afirmando que a gigante francesa do varejo assumiu o “compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul”. O CEO disse que a decisão foi tomada após a companhia ouvir “o desespero e a indignação dos agricultores” franceses contra o tratado. “No Carrefour, estamos prontos, qualquer que seja o preço e a quantidade de carne que o Mercosul venha a nos oferecer”, disse Bompard. No mesmo dia, o Grupo Carrefour Brasil disse ao g1 que a medida em “nada muda nas operações no país”, e que os supermercados do grupo em território nacional vão continuar comprando carne de frigoríficos brasileiros. Mesmo questionada pela reportagem, a gigante do varejo não informou a quantidade de carne que o Carrefour da França compra do Brasil e do Mercosul. Governo brasileiro se manifestou Na quarta-feira, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) declarou que vê protecionismo na ação da França e que rechaça as declarações do CEO do Carrefour. “O Mapa lamenta tal postura que, por questões protecionistas, influenciam negativamente o entendimento de consumidores sem quaisquer critérios técnicos que justifiquem tais declarações”. A pasta disse ainda que “reitera a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais”. O ministério afirmou ainda que o Brasil atende aos padrões “rigorosos” da União Europeia e que o bloco compra e atesta, por meio de suas autoridades sanitárias, a qualidade das carnes do país. O que diz o setor A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) disse que lamenta a declaração de Bompard e que o posicionamento do CEO “é contraditório, vindo de uma empresa que opera cerca de 1.200 lojas no Brasil, abastecidas majoritariamente com carnes brasileiras”. A instituição destacou ainda que a medida coloca em risco o próprio negócio, uma vez que a produção local não supre a demanda interna. A Abiec informa que, em 2023, o Brasil respondeu por 27% das importações de carne bovina da União Europeia e o Mercosul, por 55%. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) também lamentou a declarações do CEO e disse que os argumentos são equivocados ao afirmar que as carnes produzidas pelos países-membros do Mercosul não respeitam os critérios e normas do mercado francês. “A argumentação é claramente utilizada para fins protecionistas”, diz nota. O g1 procurou a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), mas não recebeu um retorno até a última atualização desta reportagem.

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