Em uma coletiva de imprensa dada à mídia em Moscou, o russo afirmou que a decisão do governo de Donald Trump é uma “tentativa de pressionar a Rússia”, mas que “nenhum país que se respeite faz algo sob pressão” e que elas não “afetarão a economia russa”. Putin fala que, mesmo com algumas perdas financeiras sendo esperadas por causa da medida, o setor energético russo está confiante. “Rússia e Arábia Saudita vendem mais petróleo do que consomem, ao contrário dos EUA. A contribuição da Rússia para o balanço energético global é muito significativa e substituir o petróleo russo no mercado levará tempo. Uma queda forte nessa oferta levará a aumento de preços”, acredita o russo. Governo russo diz que EUA são inimigos e ‘entraram de vez no caminho da guerra’ O presidente russo disse que quer continuar o diálogo e que ele é “sempre melhor que a guerra”. Também ressaltou que os dois países têm muitas áreas de cooperação e que a cúpula que estava marcada entre ele e o presidente americano em Budapeste, “provavelmente” foi apenas “adiada”. Sobre ataques que vêm ocorrendo no interior do país, ele garantiu: “A resposta russa será muito séria e avassaladora”. ‘Caminho da guerra “O cancelamento da cúpula em Budapeste por Trump. Novas sanções contra o nosso país por parte dos EUA. O que mais? Haverá novas armas, além dos infames [mísseis] ‘Tomahawks’? (…) Os EUA são nosso inimigo, e o seu falastrão ‘pacificador’ [Trump] agora entrou de vez no caminho da guerra contra a Rússia. (…) As decisões tomadas são um ato de guerra contra a Rússia. E agora Trump se solidarizou completamente com a insana Europa”, afirmou Medvedev. As sanções econômicas foram adotadas após o cancelamento de um novo encontro entre Trump e Putin para discutir o fim da guerra da Ucrânia, que completará quatro anos em fevereiro, e podem conotar certa frustração do presidente dos EUA com a dificuldade de negociar com o líder russo. Dmitry Medvedev dá entrevista coletiva durante visita oficial a Le Havre, oeste da França, em 24 de junho de 2019 — Foto: Loïc Venance/AFP Sanções econômicas Trump condiciona sanções à Rússia a fim de compra de petróleo pela Otan As sanções econômicas impostas pelo governo dos EUA à Rússia na quarta-feira (22) atingiram as petrolíferas russas Lukoil e Rosneft — as maiores do país. A medida inclui o bloqueio de bens e a proibição de transações das empresas e de suas subsidiárias, segundo nota divulgada pelo Tesouro dos EUA. Esta foi a primeira rodada de sanções aplicada à Rússia devido à guerra contra a Ucrânia no segundo mandato de Donald Trump. O texto afirma que “todos os bens e interesses em bens” relacionados às duas empresas e que estejam nos EUA ou sob posse ou controle de pessoas em território norte-americano “estão bloqueados e devem ser comunicados à OFAC [Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA]”. “Diante da recusa do presidente Putin em encerrar essa guerra sem sentido, o Tesouro está sancionando as duas maiores empresas de petróleo da Rússia, que financiam a máquina de guerra do Kremlin”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent. “Incentivamos nossos aliados a se unir a nós e a aderir a essas sanções.” As sanções marcam uma mudança significativa na política de Trump, que até então não havia imposto restrições à Rússia por causa da guerra, optando por se basear em medidas comerciais. No início deste ano, ele aplicou tarifas adicionais de 25% sobre produtos da Índia em retaliação à compra de petróleo russo com desconto. A União Europeia (UE) aprovou também na quarta-feira o 19° pacote de sanções contra Moscou, que incluíram a proibição de importações de gás natural liquefeito russo. Na semana passada, o Reino Unido já havia sancionado as petrolíferas Lukoil e Rosneft. Reunião Trump-Putin frustrada Foto de 15 de agosto de 2025 – Putin e Trump durante cúpula no Alasca — Foto: REUTERS/Kevin Lamarque Trump busca terminar rapidamente a guerra na Ucrânia, mas enfrenta diversas dificuldades por conta da complexidade do conflito e das negociações. Após meses de diplomacia estagnada, ele conversou na semana passada com o presidente Putin e anunciou planos para uma reunião em Budapeste, na Hungria, que ocorreria nas próximas semanas. No entanto, após uma ligação telefônica na segunda-feira (20) entre os chefes da diplomacia dos dois países, a Casa Branca informou que Trump não tem planos de se reunir com Putin “no futuro imediato”. O presidente americano disse que não quer “ter uma reunião desperdiçada”, algo que, segundo o Kremlin, Putin também busca evitar. Autoridades russas afirmaram, no entanto, que os preparativos para o encontro continuam. “As datas ainda não foram definidas, mas é necessária uma preparação completa antes disso, e isso leva tempo”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Uma autoridade dos EUA declarou que a reunião não foi cancelada, mas que Washington está focado, por enquanto, na próxima viagem de Trump à Ásia. O impasse ocorre depois que a Rússia reiterou aos EUA seus termos para um possível acordo de paz, incluindo a exigência de que a Ucrânia ceda o controle total da região de Donbas, disseram três fontes à Reuters. A posição contrasta com a proposta de Trump, feita na semana passada, de que as negociações deveriam se basear nas linhas de frente atuais. O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse à agência estatal RIA que não poderia confirmar se Moscou havia transmitido sua posição, como relatado pela Reuters.
Putin diz que sanções dos EUA contra a Rússia são ‘ato hostil’
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