A alta dos alimentos, de acordo com a instituição, ocorreu em função de fatores como a estiagem observada ao longo do ano e a elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi. “O dólar estava R$ 6,10, e está em R$ 5,80. Isso já ajuda muito, porque essa escapada que deu… Com ação do Banco Central e com a ação do Ministério da Fazenda, essas variáveis macroeconômicas se acomodam em outro patamar e isso, certamente, para favorecer. E eu estou muito confiante de que a safra desse ano, por todos os relatos que eu tenho tido do pessoal do agro, vai ser uma safra muito forte. Isso também vai ajudar”, declarou o ministro Haddad a jornalistas. BC diz que alta dos alimentos vai se propagar pela economia O aumento dos preços dos alimentos tem sido um ponto de preocupação no governo federal desde o começo do ano passado, quando pesquisas de opinião identificaram que o custo nos supermercados estava impactando negativamente na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em janeiro, Lula convocou ministros da área para uma reunião, que durou cerca de 4 horas, para debater possíveis ações governamentais que possam contribuir com a queda no preço dos alimentos no país. Descumprimento da meta de inflação Sobre a possibilidade de novo descumprimento da meta de inflação em junho deste ano, também apontada na ata do Copom, Haddad avaliou que o novo formato do sistema de metas, que passou a ser “contínuo” desde o início de 2025, faz com que o Banco Central possa apresentar um plano de trabalho consistente para trazer a inflação pra meta “com mais racionalidade”. “A meta contínua permite uma melhor acomodação e eu penso que o BC vai ter vai ter tempo de analisar o patamar de juro restritivo que ele vai manter, e por quanto tempo, para conseguir esse objetivo [de trazer a inflação de volta às metas]”, acrescentou o ministro Haddad. Segundo o ministro da Fazenda, o pacote de corte de gastos, apresentado pelo governo e aprovado pelo Congresso no fim do ano passado, representou uma contenção de R$ 30 bilhões em 2025. “Isso foi constatado, inclusive, por técnicos do relator do orçamento”, acrescentou. Projeção de inflação piora pela 15 semana seguida No regime de meta contínua, se a inflação ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.Caso a meta de inflação não seja atingida, o BC terá de escrever e enviar uma carta pública ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos.Essa carta devem trazer uma “descrição detalhada das causas do descumprimento, as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo esperado para que as medidas produzam efeito”.Segundo o BC, uma nova comunicação será feita “somente no caso de a inflação não retornar ao intervalo da meta dentro prazo estipulado ou se o BC julgar necessário atualizar as providências ou o prazo esperado para a volta da inflação ao intervalo de tolerância”. Reforma tributária Após o presidente Lula vetar a isenção dos impostos sobre o consumo em fundos imobiliários e aos Fiagros, estes últimos vinculados ao agronegócio, o ministro Haddad informou que será enviada uma nova alteração ao Legislativo para que essa questão seja “harmonizada” com a Constituição Federal. “O veto se deveu ao fato de que havia uma desarmonia entre o texto da lei complementar e da emenda constitucional, e nós encontramos uma solução de harmonizar o que, segundo relatos dos interessados, contempla os dois setores [fundos de investimentos e Fiagros]”, declarou. Essa mudança poderá ser feita, segundo ele, por uma emenda na lei complementar que ainda está tramitando no Congresso (relativa ao Comitê Gestor dos novos impostos sobre o consumo), ou por meio do envio de uma nova lei complementar. “É o que é que lá na redação ficou uma coisa híbrida, ele é contribuinte para algumas coisas e não é para outras. Isso aí é que gerou a controvérsia jurídica. Então se nós estabelecemos qual vai ser o critério em qualquer caso, harmoniza com a constituição e supera a questão do veto”, concluiu Haddad.
Queda do dólar e safra ‘muito forte’ ajudam a conter inflação de alimentos, diz Haddad
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