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Sabesp bate recorde de retirada de água do sistema de abastecimento, diz estudo

por Folhapress
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(FOLHAPRESS) – A Sabesp bateu recorde de retirada de água do sistema de abastecimento da região metropolitana de São Paulo em 2025, superando a média dos últimos oito anos e ultrapassando até mesmo o volume subtraído durante os anos pré-crise hídrica paulista de 2014. Com isso, os níveis atuais dos reservatórios estão similares àqueles de 2013, mesmo depois das obras feitas à época para integrar novos mananciais ao sistema de abastecimento da região metropolitana da capital. Durante a crise hídrica o volume de água dos reservatórios ficou muito baixo e foi preciso usar o chamado volume morto das represas e fazer racionamento na distribuição de água. O alerta de agora foi feito por técnicos do Instituto Água e Saneamento (IAS), uma organização não governamental dedicada ao tema e que vem acompanhando de perto os níveis dos reservatórios do Sistema Integrado Metropolitano (SIM). Dados da própria Sabesp reunidos pelo IAS apontam que o volume de água disponível no SIM vem caindo e, mesmo assim, a retirada de água da represa tem aumentado. A companhia afirma que o aumento da retirada se deve ao crescimento da população atendida e a ajustes operacionais. Enquanto, em 2013, a Sabesp retirava em média 69,8 metros cúbicos de água por segundo ( m3/s), em 2025 essa média, até agosto, subiu para 72 m3/s. Entre 2017 e 2022, a média foi de 62,3 m3/s. Em 2023, subiu para 65,6 m3/s e, em 2024, para 68,5 m3/s. Os valores de 2025 sugerem que houve ou aumento de consumo de água ou aumento de perdas na sua distribuição -ou ainda uma combinação dos dois fatores, diz o IAS. “A Sabesp não está conseguindo cumprir a outorga do [sistema] Cantareira. Desde 2023, ela está aumentando a retirada de água e, em 2025, intensificou esse processo”, aponta Marussia Whately, diretora-executiva do IAS. A empresa afirmou, em nota, que a operação do SIM segue os parâmetros definidos por Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo), SP Águas e ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico). “O volume médio de retirada de água dos mananciais apresenta variações compatíveis com o crescimento vegetativo da população atendida e com ajustes operacionais implementados ao longo dos últimos anos.” Segundo a Sabesp, o Cantareira opera segundo os critérios e protocolos vigentes, e a operação do SIM permite compensações entre os mananciais. Resolução conjunta da Ana e do antigo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), atual SP Águas, determina que o limite máximo de água a ser retirado no sistema Cantareira, formado por Jaguari/Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro, fica condicionado ao volume, distribuído em faixas. Na faixa maior, chamada de normal, quando o volume dos reservatórios é igual ou maior que 60%, fica autorizada a retirada de até 33 mil litros por segundo -ou 33 m3/s. Na faixa menor, chamada especial, quando o volume é inferior a 20%, a retirada fica limitada a 15,5 m3/s. O uso de volume de água do rio Paraíba do Sul por meio do reservatório Jaguari, autorizado recentemente, não entra nessa conta e permite que a Sabesp mantenha a operação em faixas menos restritivas. Segundo a empresa, após a crise hídrica de 2014-2016 foi adotada a redução da pressão noturna de água. “Essas medidas foram sendo balanceadas de acordo com os níveis dos mananciais e conforme ajustes regulatórios voltados ao aprimoramento da qualidade do serviço, visando a redução do impacto sobre os consumidores no período noturno.” Essas alterações, afirmou a Sabesp no texto, explicariam a alta nas médias de captação, “que não representa aumento fora dos limites operacionais, tampouco descumprimento das outorgas vigentes”. A empresa diz que o volume de perdas físicas ou reais, ou seja, água perdida em vazamentos, está em 19,4%. Já o volume de perdas não físicas ou aparentes, conjunto de ligações clandestinas e leituras erradas de hidrômetros, em 29,4%. A Sabesp afirmou também que conectou 87.715 domicílios em áreas informais à rede de água de janeiro de 2024 até setembro de 2025. De acordo com Whately, a região metropolitana de São Paulo mantém apenas um tipo de fonte de água para o abastecimento, que é o sistema de represa de água superficial. Durante a crise de 2014, em vez de buscar diversificar as fontes de água (entre água subterrânea, água de reúso, água dessalinizada etc.), a opção foi fazer novos sistemas de águas superficiais, como o São Lourenço, e interligar outros sistemas, como o Cantareira com o Paraíba do Sul. Ao mesmo tempo, “Numa situação de estiagem, portanto, o risco sobre esses sistemas todos é o mesmo”, pondera a diretora-executiva do IAS. O aumento no consumo preocupa porque a população, em geral, não está informada sobre a necessidade de economizar e de adotar hábitos mais conscientes, diz Benedito Braga, conselheiro da Abes (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) e presidente do Conselho Latino-Americano da Água. Braga também defende a redução de pressão noturna no abastecimento, medida que é criticada por prejudicar moradores nas pontas das redes, e afirma que ela pode, com a redução de perdas à noite, ajudar a reverter o quadro de aumento no consumo. Ele destaca também que incentivos tarifários são ferramentas importantes para a redução de consumo, como aquelas que davam bônus para quem economizava durante a crise hídrica de 2014-2015. Segundo ele, no entanto, essa é uma medida ainda prematura para o momento atual. “O foco agora deve ser em uma forte campanha de conscientização aliada à retomada definitiva da gestão da demanda noturna”, diz Braga. “Com isso, e considerando que o crescimento populacional da Região Metropolitana de São Paulo tende a se estabilizar, não há perspectiva de explosão na demanda hídrica.” Alternativas têm surgido para reforçar o abastecimento paulista, como as recargas de manancial. Um projeto em estudo pela Sabesp pretende usar a água lançada após tratamento de esgoto nas estações de Suzano e Barueri de volta aos rios para captação e tratamento. A previsão de recarga, que teria início em 2027, é adicionar 2.800 litros de água por segundo de volta aos mananciais. Após a aquisição do controle da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) pela Sabesp, outra ideia apontada é a de retomar a reversão da água do Tietê por meio do rio Pinheiros. Desde os anos 1990, a medida só pode ser usada para controle de cheias, para incrementar o volume da represa Billings com 60 mil litros por segundo, embora este não seja um volume contínuo. A operação atual bombeia água do Pinheiros na Barragem do Retiro, no sentido contrário do curso do rio. Esse volume segue pela Usina São Paulo (antiga Usina da Traição) até a Usina Elevatória Pedreira, que lança a água na Billings. É a mesma lógica de recarga de manancial, já que o ponto de captação da Sabesp fica no “braço” da represa chamado Rio Grande. O uso da água para voltar à represa depende, no entanto, da melhora da qualidade da água no Tietê e no Pinheiros, trabalho previsto para ser concluído até o fim de 2029. Brasil concentra mais da metade dos povos indígenas isolados do planeta Mais de 120 povos indígenas vivem em isolamento no Brasil e enfrentam ameaças como desmatamento, mineração e ações de missionários e influenciadores. ONG pede proteção legal e responsabilização de quem viola os direitos dessas comunidades Notícias ao Minuto | 07:30 – 27/10/2025

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