‘Sinto que não estamos sozinhos’, diz Wagner Moura sobre torcida por ‘O Agente Secreto’

‘Sinto que não estamos sozinhos’, diz Wagner Moura sobre torcida por ‘O Agente Secreto’

(FOLHAPRESS) – No Oscar passado, Fernanda Torres disse que não queria que o público brasileiro criasse muitas expectativas, mas Wagner Moura escolheu um caminho diferente para a campanha de “O Agente Secreto” rumo a Hollywood. O ator diz que ter a torcida jogando a favor é algo que o impulsiona. “Faz eu sentir que não estamos sozinhos”, diz o ator. “Faz eu lembrar que não somos apenas nós dois aqui [ele aponta para o diretor Kleber Mendonça Filho, ao seu lado]. Estamos cercados por um país que é conhecido em todo o mundo por sua cultura única. Então, me sinto ótimo com isso.” Ele também destaca a importância de mostrar o país para os outros. “Adoro quando plateias de todo o mundo reagem à ‘perna cabeluda’ e coisas assim”, diz, referindo-se à lenda urbana que ganha status de coadjuvante no longa. “Isso faz parte da nossa cultura, e está sendo sendo exibido em outros países”, afirma. “Mas ainda melhor do que isso é quando os brasileiros olham para si mesmos, quando colocamos um espelho na nossa frente, com teatro, com livros, com arte… E então podemos refletir sobre que tipo de pessoas somos. Acho que precisamos disso.” Sobre a campanha, Kleber Mendonça Filho diz estar feliz com as parcerias que o filme conseguiu, citando a distribuidora Neon, que é a responsável por promover o filme no exterior. “Estamos conversando com jornalistas o tempo todo”, relata o diretor. “O filme é um grande sucesso de bilheteria no Brasil e espero que tenhamos uma presença ainda mais forte nos EUA por causa de toda a imprensa que vamos receber quando o filme for lançado, na próxima semana.” Mendonça também diz que, nessa jornada internacional do filme, tem se surpreendido com o fato de que a história, por mais brasileira que seja, encontra similaridades por onde passa. “O filme realmente toca, parece fazer muito sentido para diferentes culturas e diferentes sociedades em diferentes países”, comenta. “Desde os EUA, com o que vem acontecendo politicamente por lá, passando pela Espanha e a maneira como os espanhóis não lidaram com Franco e seu legado, no Chile, o que nos leva à América Latina.” “A América Latina tem uma tendência para golpes de estado, e o Brasil não é diferente”, continua. “Recentemente evitamos um golpe de estado que havia sido cuidadosamente planejado quando Bolsonaro não venceu sua reeleição, e isso foi impedido. Agora, a maioria das pessoas que planejaram esse golpe estão indo para a prisão, incluindo Bolsonaro. Então, neste momento, estamos em uma situação realmente positiva e interessante no Brasil. Mas tenho que dizer a vocês que isso parece frágil.” É o único momento em que ele e Wagner discordam. “Nós dois nascemos durante a ditadura, então crescemos com pessoas nos dizendo que nossa democracia é jovem e nossa democracia é frágil”, lembra o ator. “Acho que o que acabamos de fazer foi notável. O fato de termos mandado militares para a prisão e de Bolsonaro ter sido julgado é uma demonstração da força da nossa democracia.” DOROTHY EM OZ Sobre o filme, Wagner Moura brinca com o fato de que seu Marcelo/Armando, seu personagem, conhece várias pessoas que vão transformá-lo ao longo do caminho. “Me senti como a Dorothy em ‘O Mágico de Oz’, sabe?”, comenta. O ator também diz que a experiência foi ainda melhor por ter trabalhado com diversos atores nordestinos. “[Tinha] muitos atores da Paraíba, de Pernambuco, de Alagoas, de Sergipe, da Bahia… Grandes atores, todos eles. E esse é o maior prazer que tenho”, diz. “Talvez seja um clichê, mas o que me excita em termos de atuação é simplesmente olhar para o outro e pensar: você pularia no abismo com eles?” Ele destaca Tânia Maria, que tem ganhado elogios como dona Sebastiana no filme e até entrou no radar das listas de apostas ao Oscar de atriz coadjuvante. “A primeira vez que filmei com ela foi a cena em que ela me mostra o apartamento e, se você olhar bem o filme, você pode ver que sou eu, Wagner, pensando: ‘Essa mulher é simplesmente maravilhosa, ela é incrível.” Sobre o final algo aberto, que incomodou parte do público, Mendonça explicou por que escolheu ser menos explícito. “Na verdade, tentei ser convencional com uma cena de morte, uma cena de assassinato, mas não consegui nem passar da segunda linha”, afirmou. “Não estava interessado. Não queria ir por aí. “Senti que uma vez que você visse três segundos daquela sequência, saberia exatamente o que tinha acontecido”, prossegue. “E a outra coisa é que eu realmente amo os personagens, então não desperdiçaria meu tempo usando efeitos especiais e próteses para encenar uma elaborada cena de morte gráfica.” Ele diz que não tem problema em deixar coisas em aberto no filme, e lembra que elas são abertas para interpretação. “Eu realmente gosto de contar histórias com a lógica da vida. E acredito que há uma parte do público que foi ensinada a olhar para as histórias com a lógica dos filmes”, avalia. “Isso pode gerar algum tipo de choque em alguns desses membros do público, mas uma vez que você pensa sobre isso, acho que faz sentido.” “O AGENTE SECRETO”Quando Em cartaz nos cinemasClassificação 16 anosElenco Wagner Moura, Maria Fernanda Candido, Carlos Francisco, Roney Villela, Gabriel Leone, Alice Carvalho, Hermila Guedes e Tânia Maria, entre outros.Direção Kleber Mendonça Filho A maior ameaça a Wagner Moura no Oscar é ator que está ‘na fila’ há 23 anos A Variety prevê que Wagner Moura será indicado ao Oscar de melhor ator, mas aponta Ethan Hawke como favorito pelo papel em Blue Moon. Já o Hollywood Reporter coloca o brasileiro à frente de nomes como DiCaprio e Clooney. As indicações oficiais saem em janeiro de 2026. Folhapress | 13:00 – 20/11/2025

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