Tarifaço derruba importação de café brasileiro pelos EUA em mais de 50%, mas Trump quer isentar produto, diz associação

Tarifaço derruba importação de café brasileiro pelos EUA em mais de 50%, mas Trump quer isentar produto, diz associação

Entre o início do tarifaço e o fim de outubro, os Estados Unidos compraram 983.970 sacas de 60 kg. Nos mesmos três meses do ano anterior, foram mais de dois milhões. “O Brasil sempre foi o produtor mais competitivo e é o principal provedor ao mercado de café dos EUA, mas a taxação de 50% torna inviável o envio do produto para lá. Esses embarques que temos observado são de contratos antigos”, diz Márcio Ferreira, presidente do Cecafé. O presidente teme que, se as tarifas continuarem, o gosto do consumidor norte-americano mude, o que pode dificultar a retomada do mercado pelo Brasil. Isso porque já existem misturas de cafés (os chamados blends), sendo feitas nos EUA sem o grão brasileiro. De janeiro a outubro, a queda foi de 28,1% ante 2024, somando 4,7 milhões de sacas. Apesar disso, o conselho informa que os EUA continuam sendo o principal importador do café brasileiro, responsável por 14,2% das vendas. Segundo o Cecafé, representantes da indústria cafeeira dos EUA informaram que a Casa Branca avalia retirar as tarifas sobre o café brasileiro. O motivo seria a necessidade do produto e o aumento dos preços internos. “Mas depende de sinalização positiva do Palácio do Planalto sobre as condições desejadas”, diz a nota da Cecafé. Atualmente, o café está na seção 3 da ordem executiva assinada por Trump, que inclui recursos naturais não produzidos pelos EUA. Para que as taxas sejam suspensas, é preciso um acordo bilateral entre os países. O objetivo do Cecafé é transferir o produto para a seção 2, que permite a importação com tarifa zero. Não é só o tarifaço As exportações totais de café, incluindo para outros países além dos EUA, tiveram uma queda de 20% em outubro na comparação com o mesmo mês em 2024. Foram 4 milhões de sacas ante 5 milhões no ano anterior. Apesar da queda em volume, a receita cresceu 12,6% no mesmo período, somando US$ 1,6 bilhão. Desde janeiro, a queda em volume foi similar, de 20,3% frente ao mesmo período do ano anterior. Já a receita cambial teve um crescimento de 27,6%, saltando de US$ 9,9 bilhões para US$ 12,7 bilhões. Para Ferreira, além do tarifaço, outras questões têm prejudicado a exportação. “O recuo das exportações era aguardado, principalmente por virmos de remessas recordes em 2024 e de uma safra com menor potencial produtivo. O cenário foi agravado, contudo, pela infraestrutura defasada nos portos brasileiros, que segue impossibilitando o embarque de centenas de milhares de sacas”, diz o presidente. As vendas também foram impactadas pelas maiores cotações no mercado internacional. A Alemanha, segundo maior comprador do café brasileiro, reduziu as importações em 35,4% entre janeiro e outubro, em comparação com 2024. No mesmo período, as compras da Itália caíram 19,7%, as do Japão cresceram 18,5% e os da Bélgica declinaram 47,5%. Trump se irrita com preço de carne e manda investigar frigoríficos nos EUA Xícara de café mais cara do mundo custa mais de R$ 3,6 mil e entra no Guinness

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