Uma aposentada de Parobé, no Rio Grande do Sul, viveu um pesadelo que começou com uma simples mensagem no celular. Do outro lado da tela, uma pessoa que se passava por sua advogada dizia que o processo da pensão por morte do marido estava prestes a ser concluído — e que, para liberar o valor, bastava fazer um depósito. “Eles te fazem uma lavagem cerebral”, disse a mulher que preferiu não ser identificada. E o que parecia o desfecho de uma longa espera virou um golpe que lhe custou R$ 255 mil, as economias de toda uma vida. “A pessoa me mandou ligar urgente, dizendo que eu tinha uma quantia muito alta para receber e que precisava fazer o depósito para liberar o dinheiro”, contou a aposentada. O golpe foi aplicado por criminosos que usaram documentos e dados reais de advogados para enganar vítimas em busca de benefícios judiciais. Segundo a Polícia Civil, a quadrilha operava em vários estados e chegou a criar contas falsas em nome de profissionais da área jurídica, simulando inclusive audiências e trocas de mensagens com timbre oficial. Golpistas agiam com dados reais de advogados A mulher conta que, no início, tudo parecia legítimo. “Eles falavam com autoridade, mandavam comprovantes, documentos da Justiça. Eu cheguei a acreditar que era mesmo a minha advogada”, relembra. Aposentada chegou a perder R$ 225 mil em golpe de falso advogado — Foto: Reprodução Durante semanas, ela trocou mensagens com uma mulher que dizia se chamar Leandra — nome de uma advogada real, que teve a identidade usada pelos criminosos — e com um suposto assistente, identificado como Guilherme. Ao todo, foram nove depósitos bancários, feitos em poucos dias. “Eu perdi R$ 255 mil. Era uma reserva que eu tinha guardado com muito sacrifício”, lamenta a vítima. A quadrilha insistia em novos pagamentos, dizendo que faltavam apenas “taxas finais” para a liberação de R$ 452 mil. Quando desconfiou, já era tarde: o dinheiro havia sido transferido para contas falsas em nome de terceiros. “Que valores são esses? Porque eu não peço valores de clientes antecipadamente de forma alguma, né? Eles foram no processo da Justiça Federal, fizeram prints da procuração, mostraram para ela um comprovante no meu nome, onde constava os dados da minha conta bancária, claro que uma conta falsa, né? E ela acreditou”, comenta a verdadeira Leandra Wichmann, advogada no processo da aposentada. Especialistas reforçam que pagamentos judiciais nunca são feitos por PIX ou transferência direta. O dinheiro é depositado em juízo, e o cliente só o recebe por meio de alvará de pagamento. Ouça os podcasts do Fantástico O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo.
‘Te fazem uma lavagem cerebral’: como vítima de golpe do falso advogado perdeu R$ 255 mil
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