Donald Trump voltou a dizer que quer vai renomear o Golfo do México, uma das rotas de navegação mais importantes da história do país, como “Golfo dos Estados Unidos” (“Gulf of America”, de acordo com a forma que os americanos chamam seu país, em inglês). Assim que assumiu o cargo, o novo presidente dos EUA assinou uma ordem executiva determinando que o processo fosse iniciado para fazer a mudança como parte das primeiras ações de sua administração.“Os Estados Unidos irão recuperar seu lugar de direito como a maior, mais poderosa e mais respeitada nação da Terra, inspirando admiração e respeito ao redor do mundo”, declarou o republicano durante seu discurso inaugural, nesta segunda-feira (21). “Em pouco tempo, mudaremos o nome do Golfo do México para Golfo dos Estados Unidos”, acrescentou.Trump já havia expressado sua intenção de mudar o nome. Em uma conferência de imprensa em Mar-a-Lago, no início de janeiro, o então presidente eleito afirmou que o novo nome seria “bonito” e “apropriado”. Além disso, sem especificar como, disse que os EUA “fazem a maior parte do trabalho” e que “a área é nossa”.A presidente do México, Claudia Sheinbaum, respondeu na época que o nome “Golfo do México” é reconhecido pela comunidade internacional e, ironizando a ideia de Trump, propôs que o sudoeste dos Estados Unidos fosse renomeado “América Mexicana”, em referência ao fato de que territórios como o Texas e a Flórida fizeram parte do território mexicano nos séculos passados, enquanto a área do Golfo sempre foi conhecida conhecida pelo nome que tem hoje.Além dessa disputa política, o Golfo do México é reconhecido como um ponto central para o comércio, a fixação de comunidades e o desenvolvimento de culturas desde os tempos pré-hispânicos, muito antes da chegada de Cristóvão Colombo à América e de os Estados Unidos declararem sua independência.Enquanto Trump reiterava seus planos durante a posse, a ex-secretária de Estado e oponente política Hillary Clinton pôde ser vista rindo de seu assento. Mas o presidente pode realmente renomear este mar cercado pelas costas do México, dos Estados Unidos e de Cuba? Aqui estão algumas respostas.Como presidente, Trump pode propor a mudança ao Conselho de Nomes Geográficos dos EUA (BGN), uma agência do governo federal encarregada de estabelecer e manter o uso uniforme de nomes geográficos no país.O conselho, parte do Serviço Geológico dos EUA, informa em seu site que só considera mudanças de nome por razões “convincentes”. Ele acrescenta que “geralmente, a política mais importante em relação aos nomes é o uso e a aceitação local”.Em 2015, o presidente Barack Obama abriu um precedente: ele mudou o nome do Monte McKinley para Denali, dizendo que homenageava a população nativa do Alasca, que usava o nome há séculos. Uma decisão à qual Trump se opõe desde então e que ele busca revogar com o mesmo decreto que ordena o início do processo de renomeação do Golfo do México. O decreto descreve a decisão de Obama como “uma afronta à vida do Presidente McKinley, suas conquistas e seu sacrifício”.O nome Golfo do México apareceu pela primeira vez nos mapas dos exploradores espanhóis no século XVI, muito antes da fundação dos Estados Unidos, e está registrado em organizações internacionais.O BGN também especifica que, após o recebimento da proposta, será solicitada a opinião de todas as partes interessadas. Ou seja, as recomendações dos países vizinhos ao mar – México, Estados Unidos e Cuba – poderiam ser levadas em consideração.Em nível internacional, não há um protocolo formal para nomear áreas marítimas, e nenhum órgão internacional tem a palavra final sobre os nomes. Nesse sentido, a proposta de Trump teria que ser avaliada por organismos como a Organização Hidrográfica Internacional (OHI), que busca padronizar nomes e resolver disputas, ou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que estabelece regras que regem todas as possíveis usos dos oceanos e seus recursos.Se o BGN aprovar o novo nome, a mudança seria “imediatamente oficial” para comunicações e mapas federais para uso oficial nos Estados Unidos. Mas o México não teria que aceitar isso, e não seria a primeira vez que mexicanos e americanos divergiriam sobre como chamar um corpo de água com o qual compartilham uma fronteira. O rio que cruza a fronteira do Texas e os estados mexicanos de Chihuahua, Coahuila, Nuevo León e Tamaulipas é chamado de Rio Grande nos Estados Unidos e Rio Bravo no México.Trump diz que há “muitos genes ruins” entre imigrantes nos EUA