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Vai dar certo? Chevrolet Onix 2026 ganha nova correia banhada a óleo e especialistas avaliam a mudança

por Redação
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O modelo ganhou um visual mais moderno, mas manteve uma característica controversa que ajudou na queda das vendas: o motor com correia dentada banhada a óleo. Embora esse componente seja mais durável que a versão seca, ele exige cuidados específicos para que sua vida útil não seja reduzida. O g1 ouviu especialistas para esclarecer a controvérsia e listar os principais prós e contras da correia dentada banhada a óleo. Como funciona a correia Correia dentada banhada a óleo (esq.) e seca (dir.) — Foto: Arte/g1 A correia, seja banhada a óleo ou seca, tem a função de sincronizar os movimentos do virabrequim e do comando de válvulas. Imagine que o virabrequim é um músico e o comando de válvulas é outro, cada um com seu instrumento e ambos tocando na mesma orquestra. Eles precisam atuar em perfeita sincronia para a música soar como o público espera e pagou para ouvir. A correia dentada é o maestro. Ele garante que ambos os músicos toquem no tempo certo, evitando qualquer descompasso que comprometa a harmonia da obra. A principal diferença entre a correia lubrificada por óleo e a seca está no local de funcionamento. A primeira opera no motor e é constantemente lubrificada pelo próprio óleo, aumentando sua durabilidade. Já a correia seca funciona externamente, está exposta às condições climáticas, atrito e, por isso, precisa ser substituída com mais frequência. O problema da correia banhada a óleo Correia dentada banhada a óleo — Foto: André Fogaça/g1 Segundo os mecânicos consultados, o problema não está na correia em si, mas na manutenção inadequada. Eles concordam que a polêmica em torno da correia dentada banhada a óleo do Onix está relacionada ao uso incorreto do óleo do motor, que deve ser trocado a cada 10 mil quilômetros ou um ano de uso. O uso de um óleo inadequado é o ponto de partida para os problemas. “A correia incha, começa a soltar resíduos, filamentos e fibras. Isso entope o sistema e, com o tempo, o motor pode travar”, explica Bruno Bandeira, mecânico e proprietário da Oficina Mecânica Na Garagem. Bruno acrescenta que muitos proprietários não realizam a troca completa do óleo do motor, apenas completam o nível que baixou — seja para economizar com mão de obra e o custo do óleo, ou por falta de orientação adequada do próprio mecânico. “O óleo errado, ele faz com que a correia se degrade, ela esfarela, tem a composição completamente comprometida. Acaba estourando e dá problema “, comenta Alexandre Dias, mecânico e proprietário das oficinas Guia Norte. “A cada 60 mil quilômetros é preciso fazer visualização técnica, contato visual. Como que você vai desmontar tudo aqui só para olhar? Ninguém vai parar o carro só pra olhar. É uma mão de obra longa, um trabalho de horas”, comenta Bruno. Motor de um Onix aberto, mostrando o local da correia dentada banhada a óleo — Foto: André Fogaça/g1 Como a correia dentada banhada a óleo funciona dentro do motor, é necessário desmontar parcialmente o conjunto para inspecionar ou substituir o componente. Alexandre também ressalta que se trata de um serviço demorado. “Não é que tem que desmontar o motor todo, não precisa de tanto. É mais complicado [que a seca]? É, mas não é um bicho de sete cabeças” complementa o mecânico. Quando o problema com a correia já está instalado, o reparo pode ser bastante caro. Bruno relata que, em um serviço realizado em um Ford Ka, que também utiliza correia banhada a óleo, o custo total para desobstruir o motor e devolvê-lo ao cliente chegou a R$ 40 mil. Motor do Chevrolet Tracker RS 2026, que também utiliza correia banhada a óleo — Foto: divulgação/Chevrolet “A correia desfiou todinha, entupiu e o motor quebrou até o bloco. Cabeçote também foi danificado. Só a bomba de óleo nova, para trocar, foi R$ 7 mil”, comenta Bruno. Em entrevista ao g1, Emerson Fischler, diretor de engenharia da GM América do Sul, apontou que outras partes são afetadas quando o óleo incorreto é utilizado, servindo como indícios que apontam os problemas com a correia. “O pedal de freio vai ficando um pouco mais duro, pois a assistência de vácuo [com entupimento pelo farelo da correia] começa a diminuir. Como o mesmo vácuo alimenta a turbina, você começa a ter sinais de perda de potência”, revela o executivo. De acordo com o manual dos veículos Chevrolet que utilizam correia banhada a óleo, é obrigatório o uso do óleo 0W20 com certificação Dexos 1 Gen 2, aprovada pela própria GM. Em uma pesquisa rápida entre varejistas, este óleo não está entre os mais baratos. Na mesma loja online, o litro do produto recomendado pelo manual do Onix custa R$ 59, enquanto versões não homologadas pela GM, ainda que de marcas consagradas pelo mercado, são vendidas por cerca de R$ 39. O Onix utiliza quatro litros de óleo, o que significa que a troca completa (considerando apenas o valor do óleo) pode custar R$ 156 com um produto fora das especificações do manual, ou R$ 238 para quem segue rigorosamente a recomendação. Como alguns mecânicos apontaram que há motoristas apenas completando o nível, o custo com mão de obra pode cair significativamente. Diminuir os gastos com manutenção pode ser uma maneira de economizar para quem já lida com as parcelas de um carro popular, por exemplo. Existem pontos positivos? Para Alexandre, as vantagens desse tipo de correia “são todas”. “Ela dura pra caramba, faz a mesma função da correia dentada a seco, com a vantagem de estar sempre lubrificada. Acho um baita projeto”, aponta. De fato, a correia banhada a óleo apresenta maior durabilidade. O próprio manual do Onix comprova a longevidade do novo componente: enquanto a versão seca deve ser trocada a cada 60 mil quilômetros, a lubrificada só precisa ser substituída a cada 240 mil quilômetros. Considerando apenas a quilometragem, para cada troca da correia banhada a óleo no Chevrolet Onix, a versão seca já teria sido substituída quatro vezes. Bruno Bandeira também destaca a durabilidade da correia banhada a óleo. Outro benefício, segundo ele, é que, por ser lubrificada, ela gera menos vibração no bloco do motor — o que também contribui para reduzir o ruído característico dos motores de três cilindros. Emerson, da GM, revelou que o Onix não deve receber um novo tipo de correia dentada. Segundo ele, a eficiência energética alcançada não compensa uma mudança de projeto. “A gente acredita na eficiência dessa correia. Nós fizemos a troca da composição química dela, para que consiga suportar óleos de baixa qualidade de forma mais eficiente. A correia não ficou imune, mas ela vai resistir mais tempo”, afirma Fischler. Onix já teve outra correia A correia banhada a óleo não está presente desde o lançamento do Chevrolet Onix no Brasil. Na primeira geração do hatch, lançada em 2015, o sistema de comando utilizava uma correia seca. Na primeira geração, a correia funcionava externamente ao motor, sem contato com o óleo lubrificante do sistema. De acordo com o manual do veículo, a inspeção deveria ser realizada anualmente ou a cada 10 mil quilômetros, com substituição recomendada a cada seis anos ou 60 mil quilômetros. Em 2019, com o lançamento da segunda geração do Onix, houve uma mudança significativa: a correia passou a ser instalada dentro do motor, em contato direto com o óleo lubrificante — característica que lhe confere o nome “banhada a óleo”. Correia banhada a óleo está em mais carros Ford Ka também adotava a correia banhada a óleo — Foto: divulgação/Ford O Chevrolet Onix não é o único carro vendido no Brasil que utiliza o sistema de correia dentada banhada a óleo. Dentro da própria GM, todos os modelos equipados com motor CSS de três cilindros, nas versões 1.0 ou 1.2 — aspiradas ou turbinadas — utilizam esse componente. São eles: Chevrolet Onix;Chevrolet Montana;Chevrolet Tracker. Ambos os mecânicos afirmam que a polêmica se concentra no Onix por um motivo simples: ele tem um volume de vendas muito maior. Chevrolet Onix: 42.078 emplacamentos;Chevrolet Tracker: 34.212 emplacamentos;Chevrolet Montana: 11.784 emplacamentos. Além dos modelos da Chevrolet, outros veículos também utilizam correia dentada banhada a óleo: Ford KaFord Ka SedanFord EcoSportFord FiestaPeugeot 208 (com motor 1.2, três cilindros)Citroën C3 (com motor 1.2, três cilindros) O que diz a Chevrolet? O objetivo da mudança é tornar a correia mais resistente ao uso de óleos que não seguem as especificações do manual do Onix e do Tracker. Além disso, a Chevrolet ampliou recentemente a garantia do motor desses dois modelos, que agora é de cinco anos. A nova garantia também pode ser revalidada para veículos usados, desde que o comprador de um Onix seminovo leve o hatch ou o sedã para avaliação em uma concessionária da Chevrolet. Segundo a GM, a avaliação da correia custa R$ 660 e inclui a desmontagem parcial do motor e a verificação de componentes como o filtro da bomba de vácuo. Se não forem encontrados problemas, o óleo é totalmente substituído e a bomba também é trocada. Se a inspeção identificar problemas na correia, é cobrado um valor adicional de R$ 700 para a substituição do chamado “kit da correia”, segundo a GM. Ao g1, a montadora informou que esse pacote inclui mais de 20 itens, como a correia dentada, a bomba de vácuo, juntas, além de limpeza completa do motor e troca de óleo. Questionada sobre os problemas enfrentados pelo Onix, a GM enviou uma nota oficial reconhecendo a situação. Veja a seguir a íntegra do comunicado: A correia banhada a óleo é uma tecnologia moderna, que oferece benefícios ao motor e ao consumidor, como menor consumo de combustível, redução de ruído e maior durabilidade em comparação a sistemas tradicionais. É importante destacar que a manutenção adequada do veículo, com o uso de lubrificantes nos intervalos e especificações definidos pelo fabricante, é essencial para o desempenho e a longevidade de qualquer motorização. Diante da crescente presença de lubrificantes adulterados no mercado, desenvolvemos uma nova geração da correia, com formulação ainda mais resistente à contaminação e à degradação química provocada por óleos de baixa qualidade. Ainda assim, a nossa recomendação técnica permanece a mesma: utilização do lubrificante conforme o manual do veículo e substituição da correia aos 240 mil quilômetros — mesmo prazo de garantia do componente. Como trocar o filtro de ar?

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