Todos os adolescentes que foram detidos durante os protestos após as eleições presidenciais na Venezuela neste ano foram libertados nos últimos dias, disse Alfredo Romero, diretor-presidente do Foro Penal, uma organização não governamental (ONG) de direitos humanos que acompanhou estes casos.“Isso é uma boa notícia, todos os adolescentes foram libertados”, afirmou Romero em um vídeo em sua conta no X.Até o dia 16 de dezembro, o Foro Penal tinha registro de que seis adolescentes ainda estavam detidos. A organização não governamental registou mais de 100 casos em agosto, número que diminuiu à medida que a Procuradoria-Geral da Venezuela começou a libertar algumas pessoas.Na segunda-feira (23), o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, informou em comunicado que foram feitas 177 novas libertações, elevando para 910 o número total de pessoas que foram soltas.A libertação dos detidos começou depois que o presidente Nicolás Maduro pediu para rever se houve erro processual em alguns casos.Romero destacou que o Foro Penal documentou a libertação de mais de 100 pessoas durante o mês de dezembro, embora tenha acrescentado que ainda existem mais de 1.800 presos políticos na Venezuela, muitos deles detidos no contexto dos protestos que se seguiram às eleições de 28 de julho.Entenda a crise na VenezuelaA oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que dão vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.O chavismo afirma que 80% dos documentos divulgados pela oposição são falsificados. Os aliados de Maduro, no entanto, não mostram nenhuma ata eleitoral.O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.